Rewind

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As aulas pareciam uma tortura para o professor, já que se encontrava mais distraído que o normal, e teve que ser alertado pelo supervisor sobre seu comportamento, principalmente por estarem próximos das festividades de fim de ano e precisarem realmente fechar todas as notas.

Esperava muito que no ano seguinte as coisas fossem melhores do que estavam sendo nos últimos meses.

Quando finalmente as férias chegaram, Seungcheol tentou se recuperar e cuidar de si mesmo; afinal mesmo que ignorasse tudo e se enfiasse de cara no trabalho, nada fazia passar aquela culpa e angústia que sentia.

Já havia bebido tanto em suas noites de folga, que o álcool não parecia mais ser o remédio, que até então usava para parar de pensar nele. Mas continuava bebendo mesmo assim.

Ele sabia muito bem o quanto aquilo não era saudável, afinal tinha seus dois melhores amigos em seu encalço, o lembrando o tempo todo que ele não poderia estar tão entregue àquela dor assim. Contudo, estava tentando viver normalmente, ainda que a falta do outro em sua vida o estivesse o matando por dentro.

No momento, havia optado por sofrer sozinho, sem que os outros soubessem. Aprendeu a lição quando ficou completamente bêbado em um bar, logo depois de ir a boate em que Jeonghan trabalha, trabalhava, ele não sabia ao certo. Jihoon e Soonyoung tiveram a terrível missão de o arrastar até em casa.

Se acordou dolorido e um pouco sujo por conta do vômito, mas estava vivo. Fisicamente sim, porque por dentro ele nem sabia como estava se mantendo.

A aspirina que tomou pareceu não cumprir seu papel de aliviar a insuportável dor de cabeça que sentia, e dentre tudo isso, os gritos e sermões de Lee Jihoon não ajudavam nenhum pouco a aliviar a dor.

Não havia sido a primeira vez que bebia daquela forma nas últimas semanas, mas era a primeira vez que chegava naquele estado tão deplorável. E depois do ocorrido, apenas bebia em casa, quando a dor voltava para fazer o trabalho de o lembrar do quão idiota havia sido.

Seungcheol não conseguia não pensar se na próxima estação as lembranças dele seriam piores do que já estavam sendo, mesmo que todos dissessem que o tempo ia curar a dor. Mas para ele, Jeonghan emanava calor, e foi o único capaz de aquecer o coração do professor durante um curto período de tempo. Mas também, era o mesmo que fez seu coração se despedaçar.

Naquele dia a música que pôs para tocar ao fundo ― deixando que seus pensamentos a tomasse como guia ―, apenas o lembrava do quanto gostaria que sua vida fosse uma fita VHS, para que pudesse rebobiná-la e talvez, só talvez, viver um dos momentos mais felizes de sua vida novamente. Mas também pensava no quanto seria ótimo, se quem sabe, apagasse tudo e nunca o tivesse conhecido.

No fim, a única coisa que queria, era que ao contar até 3 e ver tudo aquilo passar, para que pudesse seguir em frente, e não apenas ver o tempo passar diante dos seus olhos como via agora.

Sentado em seu sofá, na véspera de Natal, com as lágrimas molhando seu belo rosto; olhava para a garrafa de soju que se encontrava sobre a pequena mesinha da sala, relutante se deveria apenas beber mais uma vez.

E acabou depois de muito tempo, por despejar o seu conteúdo no copo, o tomando em seguida. O líquido desceu queimando por sua garganta, marejando ainda mais seus olhos. Porém, não parou, foram mais dois copos em seguida.

Seungcheol sentia o calor que a bebida causava em seu corpo, que nada se parecia com o de Jeonghan. Por Deus, era difícil demais apenas tentar lutar pelo relacionamento dos dois?

A porta de sua casa foi aberta no instante que bebia mais um copo da bebida, seus melhores amigos carregavam sacolas de comida e apenas ignoraram o semi-estado de morto dele.

― O que estão fazendo? ― perguntou embolado, acompanhando os até a cozinha.

― Não te deixando sozinho em uma data importante? ― o tom de obviedade usado por Jihoon o fez revirar os olhos.

― E também é um pedido de desculpas por a gente ter contribuído para estar assim. ― Soon sorriu sem graça.

― Mas não vai se acostumando ― salientou o mais baixo.

― Eu amo, odiando vocês, sinceramente. ― sorriu indo abraçar os amigos, que apenas retribuíram o gesto.

Before our SpringOnde histórias criam vida. Descubra agora