dois

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Uma criatura estranha rondava o barco. Todos — pensando que era um peixe — pegaram suas redes e alguns anzóis.

Ao falharem na tentativa de pegar, veio algo preso na rede. Uma cabeça humana. E pior, era a de um dos homens que tinha desaparecido.

Eles imediatamente soltaram ela ao mar.

[...]

Dias se passaram e a comida tinha acabado. A pesca não estava dando certo. Eles estavam famintos e cansados. A ilha não chegava, sem contar o medo da morte que alguns tinham.

E cada vez que se chegava mais perto do destino, mais a sensação era estranha. Alguns sentiam calafrios, e outros, até mesmo vontade de se suicidar. Amor a vida era o que eles menos tinham com aquela sensação. E foi o que o garoto mais novo fez. Não aguentava mais aquilo. A noite, ele era atormentado por pesadelos que não deixava-o dormir. Ele via vultos e tinha até mesmo alucinações. Ele nunca tinha se sentido assim. E sem que os outros percebecem, ele, com uma força do além, se empurrou para o mar. Todos tentam lhe ajudar, mas o mesmo não facilitava. Junto com ele, havia um facão, que, com o mesmo, ele cortava sua garganta morrendo ali mesmo.

Seu pai não parava de chorar, e ficava se perguntando o que era aquilo? O porquê daquilo ter acontecido? E ficava pensando que primeiramente, não era nem para eles terem começado a viagem. Mas nada convencia o capitão, que além de duro, parecia que não tinha sentimentos. Nada lhe abalava.

Quatro tripulantes restantes. Um comandante, um que servia para guiar o barco, um que olhava com seu binóculo para ver se tinha terra a vista, e o outro tentava pescar para ver se conseguia algo.

Cada vez eles ficavam mais aflitos. Mais agoniados. Mais ansiosos.

Até que um deles grita terra avista.

Imediatamente, todos olharam para lá, ansiosos. O comandante ficou orgulhoso de ser o seu barco, o único a ter chegado lá ainda com gente viva.

Chegando perto, o comandante se assombrou quando olhou para trás, e viu que foi o único a chegar por lá. Todos tinham desaparecido de seu barco.

Sozinho ele se via na ilha. Sem rumo, não tinha como voltar. Ele teria que ir até o fim agora.

Ele amarrou seu barco com uma corda, em um pedaço de madeira.

Ele decidiu explorar um pouco do lugar coberto por árvores frutíferas, que, aparentemente não tinha ninguém.

Andando um pouco, ele viu uma enorme cachoeira. Mas tinha algo estranho nela. Sua água era da cor preta, e sua textura era como de fosse tinta.

Ele achava isso tudo muito estranho, então decidiu voltar. Mas o ruim é que ele não sabia o caminho de volta. Ele foi andando pela ilha, com o objetivo de encontrar o mar com seu barco.

Até que ele ouviu barulhos na mata. Puxou seu facão e ficou atento.

Quando ele viu que era uma senhora, ficou mais tranquilo. Mas ele reparou direito e não era qualquer senhora, era a mesma mulher de antes!

Ele perguntou que lugar era esse, e ela voltou a repetir a frase.

"Um pequeno barco nunca sobrevive no mar. Há segredos nessa vida que não se devem desvendar."

Ele não entendeu direito o que ela queria dizer com aquilo, e perguntou o que significava.

Sem responder a sua pergunta, ela assumiu a sua forma verdadeira, que mostrou algo além da imaginação de qualquer pessoa. Um ser terrível. Algo das trevas.

Não se sabe ao certo o que aconteceu, mas dizem que ela era o próprio diabo.

E mais um que se perdeu na ilha. Ele nunca mais foi visto na praia. Dizem que essa velha que apareceu, só queria a sua alma buscar.

A lenda ainda roda a pequena praia até os dias de hoje, e seus habitantes alertam os pescadores para terem cuidado.

Fim.





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