{2}

340 36 64
                                    

"Cara Anne,

fico feliz que tenha me respondido, sei o quão difícil é interagir com pessoas e também segurar uma caneta quando está se passando por algo do tipo.

Bom, respondendo a suas perguntas: eu tenho leucemia crônica, eu ainda tenho cabelos e são da cor castanho escuro(aposto que os seus são parecidos como mel ou loiros de um amarelo forte), e a respeito das questões climáticas minha opinião é irrelevante pois as ideias que eu tenho a respeito de um planeta melhor não vão poder ser levadas adiante por que provavelmente morrerei em breve.

Minhas perguntas para você são: Qual seu tipo se câncer(sim eu repeti a pergunta)? Está internada desde quando? Qual a cor dos seus olhos?

P.S: decidi não colocar o número do quarto pois já citei na carta anterior.

Respeitosamente, Gilbert Blythe ."

Um pouco mais tarde naquela mesma manhã juntamente com seu café da manhã Anne recebeu a carta e apressadamente pegou um papel e uma caneta e com dificuldade começou a escrever:

"Querido blythe,

obrigada por entender minha situação, então caso eu demore responder nas cartas seguintes a justificativa já está implantada.

E você está errado quanto a cor do meu cabelo, eles costumavam ser maiores do que estão agora é de um tom bem avermelhado. Pare de pensar na sua morte, sei que as probabilidades são baixas mas talvez você sobreviva, nunca se sabe ao certo o que se tem a frente, e também duvido que suas ideias sejam irrelevantes, elas podem mudar o mundo até após sua morte.

Em resposta a suas perguntas: eu tenho um tumor cerebral que eles identificaram como benigno, mas é necessário ficar na zona de risco por um tempo. Estou internada a 3 meses e você? Meus olhos são azuis e uma informação extra, eu tenho sardas em todo o meu rosto.

Qual foi sua reação ao saber do câncer? Por que considera a morte como opção primordial na sua vida? Você mora com seus pais?


calorosamente, Anne S. Cuthbert".

Anne colocou a carta no envelope endereçado, ela esperaria até a manhã seguinte para entregar sua carta para Stacy, sua enfermeira, que poucos minutos depois apareceu em seu quarto.

Stacy era de estatura mediana, tinha longos cabelos loiros, aparentava ter uns 32 anos e possuía algumas marcas de noites mal dormidas.

— Como está se sentindo? — Perguntou enquanto chegava a temperatura de sua paciente.

— Bem. — Respondeu ríspida.

— Você sabe que consegue falar, certo? Eu sei que você leu na internet a respeito das dificuldades na hora de manter um diálogo, mas você é apta a conversar, eu sei disso. — Stacy disse repetindo a mesma frase de todos os dias e Anne não a respondeu.

A garota não se forçava a falar, nem ao menos tentava, realmente não parecia a Anne de 3 meses atrás que falava pelos cotovelos e tinha um vocabulário extenso repleto das mais gostosas palavras. Ela tinha medo de falar muito e desencadear alguma reação em cadeia em si mesma, em sua mente se ela falasse o seu tumor poderia se alastrar e destruir cada parte ainda boa de seu corpo, apesar de sua teoria não fazer sentido algum.

Apesar de tudo ela não arriscaria, ainda não estava pronta para morrer.

𝐂𝐫𝐨𝐬𝐬𝐢𝐧𝐠 𝐭𝐡𝐞𝐬𝐞 𝐰𝐚𝐥𝐥𝐬 {𝐚 𝐬𝐡𝐢𝐫𝐛𝐞𝐫𝐭 𝐟𝐚𝐧𝐟𝐢𝐜}Onde histórias criam vida. Descubra agora