Patrícia
— Olha tudo isso aí direitinho, doutor! – Vovó estava aflita enquanto o neurologista examinava os exames que eu tinha acabado de fazer.
Depois do jantar em que encontramos a médica Panicat eu fiquei com uma pulga atrás da orelha. Essa história de ficar sem sexo por causa da lesão na minha cabeça estava muito estranha. E depois de conhecer mais a fundo a Dra. Natália achei mais ainda.
Então, abri meu coração para a vovó, enumerando todas as minhas dúvidas e suspeitas. A sábia dona Carolina me disse para irmos até Campo Grande em uma Clínica de Neurologia renomada que ela conhecia. Coincidentemente, nossa ida coincidiu com a viagem da minha namorada para Goiás.
— Eu realmente não sei o que a minha colega viu de errado. Mas, pelos exames de hoje, você pode levar uma vida completamente normal, Patrícia. Logicamente o seu único impedimento é o braço. Mas pelo que eu estou vendo, já está com a órtese. – Ele aponta para o artefato que me dava mais mobilidade nos movimentos. — E para dormir você pode utilizar uma proteção de Neoprene. Então acredito que daqui para frente vida normal, desde que cuide do seu braço.
— Que maravilha, doutor! – Declarei feliz enquanto apertava a mão da minha avó.
Despedimo-nos do médico e fomos almoçar em um restaurante ali perto. Agora que eu estava liberada para o sexo, só pensava nisso. A raiva da loira siliconada me consumia.
— Vó, ela fez de propósito! Tenho certeza! Aquela boneca inflável ridícula! Panicat dos infernos. – Eu estava tão irritada que não media as palavras. Minha avó apenas ria do que eu dizia.
— Pelo que eu conheço da Dra. Natália, ela vai incomodar. Aquela lá quando coloca uma coisa na cabeça...
— A minha vontade é ir naquele hospital e tirar satisfações...
— Filha, você tem que ser inteligente, tem que usar as armas que você tem.
— Como assim, vó?
— Lorenza já ama você como nunca amou ninguém antes. Agora, filha... Usa o que Deus te deu! Ou melhor, o que Deus nos deu. – vovó insinuou arrumando os seios.
— Como assim, vó?
— Vem comigo, vou te mostrar um lugar onde eu compro umas coisinhas sempre que venho na cidade.
Entramos no carro e nos dirigimos a um bairro residencial. Paramos em frente a uma casa com grandes portões de ferro. Vovó apertou a campainha e acenou para a câmera como se fosse uma velha conhecida. Dentro do portão, dois labradores vieram ao nosso encontro e eu quase rolei com eles no chão. Só me contive, pois, tinha que cuidar do braço, mas mesmo assim fiz muito carinho naqueles lindos. Uma mulher de uns 60 anos, tatuada, trajada com um longo vestido indiano nos recepcionou, abraçou minha avó com força e deu um selinho na sua boca.
— Carol, por que você não me avisou que viria, gata? – Oi? Gata? Fui transportada para Woodstock e não tô sabendo? Daqui a pouco uma galera pelada ia sair dos arbustos correndo e cantando o tema de Hair! Olhei para vovó e ela estava completamente à vontade.
—– Baby, eu não sabia. – Baby? — Jana, essa é a minha neta Patrícia. Paty, essa é a Janaína, uma antiga amiga minha e de sua tia. – Amiga, é? Pelo jeito mais que amiga né, vovó?
— Carol, mas essa menina é a sua cópia quando jovem! Parece que eu voltei no tempo. – A velha hippie me abraçou e me deu um selinho. Fiquei parada, petrificada, sem saber como agir.
— Todo mundo fala isso. – Vovó concorda orgulhosa.
— Espera só a Gabi chegar... Ela vai ficar louca... – Já estava com medo dessa Gabi. A mulher me examinava ainda com um olhar quase nostálgico.
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Amor Animal (Concluído)
Romance+18 Conto Lésbico escrito em parceria com Sylvie de Paula (história registrada na Camara Nacional do Livro. Plágio é crime.) O que acontece quando dois mundos colidem? Faísca? Fogo? Explosão? Tudo isso acontece quando Patrícia, uma veterinária esnob...