Largada às Traças

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ATENÇÃO: NESSE CAPÍTULO TEREMOS INSINUAÇÃO DE AUTOMUTILAÇÃO O OBJETIVO É MOSTRAR QUE A AJUDA PROFISSIONAL NESSES CASOS DEVA ESTAR PRESENTE. CASO SEJA SENSÍVEL AO TEMA NÃO LEIA.

Júnior

Já passava das quatro da manhã quando meu celular começou a tocar. Dormi feito uma pedra depois da cachaça que tomei com a Zefa e, mais tarde, com papai depois do jantar. Assim que olhei o visor achei estranho, o que a Maria Ruiva queria comigo àquela hora?

— Maria?

— Oi, Junin, tava dormindo?

— Acho que estava no décimo quinto sono. – Me sentei na cama acendi a luz. — Aconteceu alguma coisa? Tudo bem com as meninas?

— Tudo bem sim, Lindão. A Lorenza está aqui, mais bêbada que uma cabaça. Já tá indo para a segunda garrafa de whisky. E eu te juro que se ela colocar mais uma vez a música "Jogado às Traças", eu mesma vou quebrar a Jukebox – Disse brincando. — Ela não tá legal não, Júnior. Sabe se alguma coisa de ruim aconteceu?

— Oxi, que estranho... Sei não, Ruiva, mas já já chego aí! - Me vesti às pressas e em menos de 20 minutos já estava chegando na casa das primas. Antes de Paty entrar na vida da minha amiga, eu e Lorenza sempre íamos lá, para beber e ver as meninas dançando. Assim que entrei a dona veio me recepcionar.

— Cadê ela, Ruiva?

— Lá no canto do balcão... – Apontou — Tô realmente preocupada com ela... E nervosa porque ela comprou mais fichas e programou essa bendita música mais 10 vezes, os outros clientes já estão reclamando. – Ela disse sorrindo. — Vai lá porque eu não consegui arrancar nada dela.

Assim que me aproximei não sabia se ria ou se me preocupava mais. Minha irmã estava literalmente abraçada em uma garrafa e cantando para o copo. Nós já bebemos muito, mas jamais sozinhos. Nunca vi Lorenza desse jeito. Ouvi ela cantando:

(N/A: Ouça Zé Neto e Cristiano – Largado ás Traças )

♫Meu orgulho caiu
Quando subiu o álcool
Ai deu ruim pra mim
E pra piorar
Tá tocando um modão de arrastar
O chifre no asfalto

Tô tentando te esquecer
Mas meu coração não entende
De novo eu fechando esse bar
Afogando a saudade
Num querosene

Vou beijando esse copo
Abraçando as garrafas
Solidão é companheira
Nesse risca faca

Enquanto "cê" não volta
Eu tô largado as traças
Maldito sentimento
Que nunca se acaba ♫

— Canta comigo, brother!!!

Ela gritou quando me viu, tentou levantar, mas desequilibrou e só não caiu porque eu a segurei a tempo. Mas continuou cantando e rindo...



♫Vou beijando esse copo
Abraçando as garrafas
Solidão é companheira
Nesse risca faca

Enquanto "cê" não volta
Eu tô largado as traças
Maldito sentimento
Que nunca se acaba

Oooo oooo
A falta de você
Bebida não ameniza
Oooo oooo
Tô tentando apagar
Fogo com gasolina♫

A coisa estava muito mais séria do que eu imaginei. Peguei o celular e liguei para minha cunhadinha, ela atendeu ao segundo toque. Notei que a sua voz estava rouca como se estivesse chorando.

— Oi, Júnior.

— Oi, cunha. Desculpa a hora, mas você sabe o que tá acontecendo com Lorenza? Nunca a vi assim! Se ela beber mais, vai entrar em coma alcoólico! – O telefone ficou mudo e eu ouvi um suspiro profundo. "Caralho, o que aconteceu?".

— Eu não tenho mais nada a ver com a sua amiga, Júnior... melhor você procurar a chiranhuda que ela passou o dia comendo...

— Cunha, que conversa é essa? – Lorenza continuava cantando a plenos pulmões e tentava enfiar o copo na minha boca. — Tem algo errado nessa história, Paty. – Tentei me desvencilhar da minha amiga. — Para, Bro! Ponho minha mão no fogo! Tenho certeza que a Lorenza não fez nada.

Amor Animal (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora