TRÊS - Reverências ao Duque.

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                                 EDITH

Duas semanas? Eu não me casaria em duas semanas!

— AH, MAS NEM POR UM DECRETO! — Exclamei eu, enfim, chamando atenção para a minha pessoa.

E perdi minha total linha de raciocínio, quando o olhar do duque, se encontrou com o meu.

Ouvi um alto e conhecido pigarro após minha exaltação. Notei papai no vão da porta do outro lado da sala de estar.

— Edith. — O ouvi dizer meu nome em repreensão, anui e dei de ombros.

Ergui o queixo na direção de papai para evitar contato visual com o duque, seu olhar estava me deixando completamente sem graça, era como se aquelas orbes azuis queimassem minha pele.

Eu sabia o que papai queria que eu fizesse.

Aproximei-me dos homens a minha frente.

— Milorde, sou Edith Wills. — Cumprimentei em um aceno de cabeça o amigo do duque, que repetiu o cumprimento, se apresentando como o lorde de Brixon, Harry Carlton, mas por algum motivo o paspalho estava com alguma dificuldade na fala.

Notei que papai queria muito me ver interagir com o duque. Eu enfim estava de frente a ele.

Era mais belo de perto e sua presença era atordoante. Mas a forma abrupta em que papai guiava as coisas estava me deixando assustada.

Papai nunca foi um homem controlador ou distante. Mas vem se tornando nas últimas semanas... Essa ideia de casamento parece ter impregnado sua mente, eu sei que pais de família querem ver suas filhas bem casadas, mas papai parecia realmente obcecado.

E eu não vou me casar pela obsessão de ninguém.

Olhei diretamente nos olhos azuis do nobre a minha frente.

— Milady, sou Dominic Hallward, duque de Abbey Mount. — Se apresentou como uma peça decorada, sem pegar em minha mão, apenas se curvando gentilmente, enquanto seu olhar me analisava, me media. Me prendia com imã.

Reverências ao duque! — Soltei eu fitando seus olhos, sorrindo largamente enquanto me curvava de maneira dramática e teatral, fazendo movimentos escandalosos com as mãos.

Ele parecia estupefato pela minha audácia, e isso fez meu sorriso se abrir.

Enquanto ouvia uma breve e contida risadinha do amigo duque. Paspalho!

— Edith, esses não são modos. O que sua mãe diria? — Ouvi papai ralhar vindo descontente para o centro da sala de estar. Envergonhado por minhas ações.

— Mamãe diria que antes de ter uma dama, que sou eu, ela teria uma mulher de fibra e uma alma livre para escolher com quem passará os melhores anos de sua vida. — Falei eu sem vacilar, essa era uma frase conhecida, mamãe a disse para Nana algumas vezes, quando estava grávida de mim.

O vi engolir em seco, enquanto o silêncio corante tomava o ambiente.

— Se me derem licença, irei para meus aposentos. — E lhes dei as costas.

— EDITH! — Ouvi papai ralhar, mas eu já havia saido de sua vista, podendo ouvir ele dando mil e uma desculpas ao duque.

Depois desta situação lastimável, me recusei a sair de meu quarto, principalmente ao saber que o duque por livre e espontânea pressão de papai, (coisa que Abigail não admitiria) ficaria hospedado em nossa casa até o casamento. Ou melhor, até que conseguisse uma forma de fazer este casamento não acontecer.

Reverências ao Duque (SÉRIE 'NOBRES DE MAYFAIR')Onde histórias criam vida. Descubra agora