Alguns dias depois.
DOMINIC
— Não conseguimos pensar em nada. Esse velho, é irredutível! Nem mesmo eu... Já escapei de tantos casamentos e arranjos com moças feitos pela marquesa de Cashmere, e olhe que ela é a maior casamenteira da Inglaterra! Sinceramente, este homem poderia muito bem tomar o lugar dela... — Eu ouvia Harry tagarelar em meu ouvido.
Mas infelizmente, eu concordava com ele.
Georgie Wills vinha de maneira desesperada tentando casar a filha, como se fosse uma necessidade de vida ou morte. Eu entendia que pais de família desejavam casar bem suas filhas. Mas este homem e sua insistência... Nem mesmo marquesa de Cashmere saberia lidar.
O noivado já era hoje, Lady Wills e eu pudemos conversar muito brevemente nos últimos dias, e normalmente, as farpas trocadas se sobressaiam a qualquer outra coisa.
Não fiz questão de convidar ninguém em Londres para este noivado, e também não convidaria para o casamento, se não conseguisse me livrar dele.
Eu havia ido até o centro de Camberley fazer uma encomenda pessoalmente a um joalheiro, eu havia me esquecido deste detalhe e só me lembrei no último momento das alianças, ou poderia chama-las de cabresto?
Para ser sincero, usei isto como motivo para sair um pouco da fazenda, lugar que me parecia uma prisão.
Quando retornei a fazenda dos Wills, com Harry falando sobre as moças que viu na praça, da qual ele pensava em desvirtuar, eu presenciei mais uma das cenas mais absurdas possíveis no jardim da fazenda.
O rapaz da horta jogando água, em um balde de madeira, sobre Lady Wills e uma das criadas, a mais jovem, que não me recordo o nome. E então, as duas moças, sem modos, jogaram seus sapatos sobre a grama e saíram correndo atrás do rapaz, que começou a correr das duas, os três rindo como crianças.
Onde já se viu, correr atrás de um rapaz daquela forma? E quem ele pensava que era para ter tamanha intimidade com a senhoria?
Harry, ao meu lado tinha um sorriso divertido.
— Reparou em senhorita Madeleine, filha da cozinheira, quando a água bateu contra seu corpo, notou as curvas? — Perguntou ele, tomando minha atencão, como o cafajeste que era.
— Eu notei que a futura duquesa é uma selvagem. — Resmunguei, tentando me manter calmo, mas era difícil. E sim, eu havia notado como a roupa clara, se colou ao corpo esguio de curvas longilíneas... Da Lady Wills, e como ela saiu correndo atrás do criado.
Dei as costas a Harry para adentrar a fazenda, o ignorando, a paços rápidos, me guiei até o quarto onde haviam me designado, nada perto do que eu estava acostumado, mas era aceitável.
Sentei-me na cama, podendo ouvir, infelizmente embaixo da janela do quarto onde estava, as gargalhadas de Lady Wills e dos outros.
Bufei frustrado me livrando de minha gravata, amaldiçoando meu pai por ter jogado sobre minhas costas esse fardo, eu queria poder jogar tudo pelos ares e poder voltar para Londres. Para casa.
Mas eu sabia que isto seria uma falta grave. A palavra de um homem, é sempre a palavra de um homem.
Me mantive recluso durante todo o dia, preferindo ler ao ter que me misturar. Eu sempre fui assim, nunca gostei de movimento ou interação social, estar comigo mesmo sempre me foi mais convidativo.
Eu nunca fui um grande apreciador de bailes, os frequentava por mera necessidade social. Se eu quisesse sair com meus amigos, ou principalmente estar com uma mulher, não era na alta sociedade que as procuraria para saciar meus desejos carnais que não passariam de uma noite em clube qualquer. E tendo em vista que meu casamento será um fiasco. Continuará não sendo.
Eu precisava de herdeiros. E os teria. Lady Wills não me desagradava ao todo, eu não tinha verdadeira antipatia por ela, mas gostava de irrita-la. Verdade seja dita, ela não agia como uma dama, foi criada com a liberdade do campo, e isso seria um problema, não dentro da propriedade de Abbey Mount. Porém, a sociedade Londrina é cruel, e ela acabará sofrendo represalias, o que automaticamente, tera influência sobre mim. Um nobre.
Eu não queria me casar neste momento, com ela ou qualquer outra, mas antes mesmo eu já sabia dessa responsabilidade, e da necessidade de ter herdeiros, do qual eu prefiro ter enquanto ainda mais jovem... Mas meu coração queria ser abrasado, para que eu me sentisse tomado por essa vontade de me unir a alguém.
E eu tinha agora a certeza, que seria como mais um nobre qualquer, casando por motivos fúteis, criados por outros, e talvez com o tempo, aprendesse a gostar, ou remotamente, a amar, minha esposa.
_____
Eu teria que sair do quarto em algum momento, eu já havia me vestido e transitava pelo comodo de um lado para o outro, talvez me atirar pela janela não fosse assim uma ideia tão absurda.
Ouvi alguém bater na porta.
— Entre, Harry. — Soltei, afinal quem mais seria?
— Não é o Lord Carlton. — Ouvi então dizer, Lady Wills enquanto abria a porta do quarto, parecia muito nervosa e fechou a porta rápido. Pela primeira vez vi a timidez atingi-la por todos os lados, seu olhar estava baixo e ela apertava as mãos umas nas outras.
Eu deveria dizer o quão surpreso estava por ela estar ali, adentrando aos aposentos de um homem.
Mas ainda mais, por quão bela ela estava naquela noite, o penteado elaborado adornando seu belo rosto chamando atenção para seus grandes olhos, o vestido elegante em diferentes tons carmim, como sua boca, o corpete abraçando suas formas, e luvas cobria suas mãos dando lhe um ar de sensualidade que eu nunca tinha visto em outras damas... Ela estava magnífica.
— Sei que não é adequado que eu esteja aqui... Mas não vi outra forma de nos falarmos, temos que ser rápidos, logo Abigail estará procurando por mim. — Disse sem olhar em meus olhos.
— Suponho que sim. — Murmurei sentando em uma poltrona a uma distância segura dela... Sua presença havia feito o quarto ficar terrivelmente quente. O que esta havendo?
_________
EDITH
(...)
— Sabe que não conseguimos pensar em nada até então. E papai está cada vez mais apressado, coisa que eu não entendo. — Falei eu mas antes que eu proceguisse ouvi gritos de Abigail, o duque me olhou alarmado enquanto esta gritava por Thomas ou por qualquer outro.
O duque ficou de pé e passou por mim, se guiou até a porta, então ouvi mais claramente Abigail voltar gritar "O senhor Wills não acorda, ALGUEM POR FAVOR, ELE NÃO ACORDA" então foi minha vez de irromper pela porta empurrando o duque sem nenhum tipo de modo e correr por onde a voz de Abigail vinha, podendo ouvir barulho de pessoas subindo as escadas correndo.
Guiei-me até o quarto de papai, a porta estava aberta então pude ve-lo caido no chão, desacordado com Abigail chorando a seu lado, estava apenas com as roupas de baixo e sangue vertia por sua boca.
— Papai... — Saiu de meus lábios, enquanto meus olhos se enchiam de lágrimas. Meus pés se moveram em disparada em direção a ele, enquanto o quarto se abarrotava de pessoas.
— Papai? — Voltei a chamar, me ajoelhando ao seu lado tocando seu peito, inerte. Abigail chorava sem parar, me deixando completamente apavorada. Em combustão. — CHAMEM O DOUTOR GUSTAF! É O MÉDICO DELE, POR FAVOR, RÁPIDO! — Esbravejei vendo ali o duque, Lord Harry, Nana, Thomas, Madeleine estáticos na porta.
— ANDEM LOGO! MEU PAI NÃO ACORDA! TEM SANGUE!Minha garganta doeu. Mas existem dores maiores. Aquelas que nos pegam desprevinidos, inesperados, como um soco na boca do estômago.
— Menina Ed-dith... — Soltou Abigail, engasgada. E então, o golpe. O pior golpe veio até mim. Iminente. — Seu pai já não está mais entre nós.
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NOTA:
CARALHO HEIN, AGORA EU POSSO DIZER ALGO PRA VOCÊS
>>> a história começa apartir de agora <<<
Logo logo eu volto, então se preparem aaaaaaa ❤
Beijos.
- cris
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Reverências ao Duque (SÉRIE 'NOBRES DE MAYFAIR')
Любовные романыUm acordo entre pais, negociando o futuro de seus filhos. Em seu leito de morte, Charles Hallward, o duque de Abbey Mount, conta a seu único filho, Dominic, sobre um trato feito há muitos anos, com um rico fazendeiro do interior de Surrey, do qual o...