Capítulo 5

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Tal como Susana previra, as duas semanas de férias que restavam passaram num piscar de olhos. Num dia estava deitada na relva junto à piscina a aproveitar o que restava das férias e no dia seguinte já estava de mochila às costas a transpor os portões do liceu.

-Boa sorte, maninha. – Desejou Pedro, dando-lhe um beijo na bochecha e seguindo para a sua aula.

- Para ti também. – Respondeu ela, com um sorriso nervoso nos lábios.

Ao contrário da nervosa Susana, Pedro estava entusiasmado - mesmo que não admitisse - por regressar às aulas. Agora que iria começar o 11.º ano sentia-se mais adulto, mais responsável, mas também mais assustado por saber que no final do ano letivo tinha exames para fazer. O lado positivo é que faltavam apenas dois anos para terminar o liceu, o que por si só o entusiasmava ainda mais.

Se os exames de final de ano já lhe andavam a roubar horas de sono, o mesmo se podia dizer acerca de Íris, que entrara na faculdade. Saber que não a iria ver pelos corredores diariamente deixava Pedro um pouco desanimado, mas talvez não fosse mesmo para ser. Tiveram um verão espetacular, divertiram-se imenso juntos e mesmo sem precisarem de traduzir em palavras a atração que os unia, sabiam que era mútuo. Foi um pequeno romance de verão que Pedro não se importava de prolongar pelas outras estações, mas decidiram que seria melhor assim. Não que não confiasse em Íris, apenas achou complicado estar com alguém que veria raras vezes e, verdade seja dita, não era nada rapaz de namoros à distância, não percebia como isso poderia resultar. A rapariga concordou.

Continuarem amigos não facilitou nada, mas dadas as circunstâncias, sabia que seria o máximo que teria de Íris naquele momento. Mesmo assim não conseguia deixar de se sentir triste cada vez que recordava como era bom vê-la furtivamente pelo canto do olho nos intervalos das aulas.

Enquanto isso, Susana caminhava pelo átrio tentando perceber onde teria a sua primeira aula da manhã.

- Desculpa... sabes onde fica o bloco E? – Susana assustou-se ao ouvir um rapaz atrás de si. Estava tão distraída a verificar o horário que quase teve um ataque cardíaco. – Não te queria assustar – rematou o rapaz.

- Hmm... não faz mal, estava distraída. – Ela sorriu, sentindo-se rapidamente a corar. Puxou uma madeixa de cabelo para trás da orelha. – Bloco E? Último à esquerda.

- Obrigada...– Agradeceu ele, baixando o olhar.

- És novo por aqui? – Quis ela saber.

- Nota-se muito? – Ele sorriu timidamente. – Sim. Mudanças forçadas.

Susana assentiu.

-Não fui expulso nem nada do género! – Apressou-se ele a esclarecer.

A rapariga soltou uma gargalhada genuína: – Nem sequer coloquei essa hipótese. Já agora... Susana – Apresentou-se, estendendo-lhe a mão, que ele apertou delicadamente.

- Lourenço. – Sorriu. Aquele sorriso envergonhado de cachorrinho perdido e o aperto de mão fizeram com que Susana fosse invadida por uma corrente elétrica que lhe percorreu o corpo todo.

Nunca tivera um namorado e achava que talvez ainda fosse demasiado cedo para começar, mas quem sabe se aquele choque elétrico no futuro não viria a significar algo.

Depois de alguns minutos a explicar a Lourenço onde se situava o quê, chegaram à conclusão que estavam ambos na mesma turma.

- Fixe. Pelo menos sei que não me vou perder. – Disse ele sorrindo, sentindo-se mais aliviado.

- Ajudo-te no que precisares. – Susana olhou para o horário mais uma vez. – Bom, para começar bem o dia vamos ter Físico-Química.

Lourenço torceu o nariz, revelando mais um ponto que tinham em comum; ambos se sentiam completamente à deriva nessa disciplina.

Quando o Coração Não PerdoaOnde histórias criam vida. Descubra agora