- O quê? Mas agora? - Mathew perguntou não desviando os olhos da estrada. O seu tom de voz num nível de "A sério Imogen agora?"
- Sim - mas porquê aflita?
- E não aguentas? - Agora encontrava-se de sobrancelhas levantadas - Quero dizer, estamos a tipo, dez minutos do ginásio.
Por isso mesmo.
- Encosta - sugeri.
- Onde?
- Ali - apontei.
Mathew seguiu o meu dedo indicador que apontava para a beira da estrada perto de uma floresta.
- Vais fazer chichi, numa floresta? - detestava que dissessem a palavra chichi, soava tão mal.
- Diz-se necessidades - corrigi-o.
- Quero dizer, não vais defecar ali certo? - Ele ampliou os olhos desviando desta vez o olhar da estrada cinzenta para os meus olhos mel.
- Não, credo!
Tentei parecer séria. Falhei.
O meu riso mostrou-se presente no pequeno espaço do carro.
Mathew que antes se encontrava em feições sérias, agora ria-se comigo.
Parando mesmo onde indiquei, abriu a janela do lado do passageiro.
- Porque diabos estás tu a descer a janela? - Perguntei confusa.
- Quero ouvir-te a fazer força - ele sorriu.
Num impulso atirei a minha cabeça para trás batendo com ela na cabecinha do banco do passageiro. Ele era tão, estúpido.
- Fecha mas é a janela, e deixa-me defecar à vontade - brinquei abrindo a porta do carro e saindo para o ar fresco que me atingira momentos antes devido à janela aberta.
Mathew ria-se no carro enquanto a janela subia.
Não tinha realmente vontade de fazer chichi. De fazer necessidades. O meu subconsciente corrige.
Certo; necessidades.
Levei o meu corpo para trás de uma arvore em forma de fingimento. Eu não ia realmente fazer qualquer coisa aqui.
Quer se dizer, é estranho. E desnecessário.
De volta ao carro, este encontrava-se trancado.
Mathew fingia estar a dormir.
Bati levemente na janela fechada do carro.
Mathew abriu os olhos olhando para mim. Fiz em gesto de mãos para que ele destrancasse o carro.
Mathew cumpriu o meu pedido.
Abrindo a porta do lado do passageiro para como objetivo, sentar-me neste. Mathew avançou o carro para a frente fazendo o meu corpo recuar de imediato.
Provavelmente eu ter-me-ia passado, mas conseguia ouvir o riso parvo dele de onde me encontrava.
- A sério? - Guinchei.
A minha voz mais aguda do que esperava que soasse.
A porta do lado do condutor abriu-se revelando um Mathew sorridente.
- Isso demorou - ele brincou.
Demorou mesmo? Só me tinha encostado a uma arvore e ficado ali. A pensar no que deveria pensar.
Acabei por pensar involuntariamente nele.
- Não se pode apressar a natureza - o quê?
Mathew fez um ar confuso. Até eu continha com certeza um ar confuso.
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Desperta-me || Pausa
Romance"Não podes permitir que as pessoas vivam num mundo onde tu não existes"