Capitulo 12

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Dizer que me sentia perdida era pouco. Cá estava ele outra vez. Senti o meu corpo numa disputa - corro ou sento-me? Da última vez que corri tropecei. Da última vez que me sentei algo frio tocou-me.

Estava a ficar sem opções. Sem porra de opções.

Sei que estava a entrar em pânico pelo meu ritmo cardíaco, a falta de ar e a dificuldade de raciocínio lógico. Quem tem raciocínio lógico neste sitio Mayen? Porra. Porra. Porra.

Quando comecei a correr senti aquela sensação fria a percorrer-me o corpo. Era aquele toque. O mesmo toque que senti da outra vez.

O toque de Mathew.

Senti a claridade a atingir-me como um raio. Olhei em frente e uma figura estava a destacar-se da luz. O que raio é aquilo? Arregalei os olhos com a figura estranha. Os meus olhos estavam a pregar-me partidas. Esfreguei os olhos com força e experimentei olhar novamente em frente. A mesma figura. Mas que raio? Isto não era humano. Quer se dizer, a sua figura era humana mas... o que era aquilo?

- Wow, o que é que foi isto? - Alguém perguntou abstraindo-me dos meus pensamentos.

- Isto o quê? - Perguntei quando os meus olhos encontraram os de Mathew.

Ele olhou-me com mais intensidade - tu não sentiste? 

- Sentir o quê? - Carranquei. Começava a passar-me.

- Isto! - Ele começou levantar a voz e a fazer gestos com as mãos enquanto falava - Foi tipo... sela! Não consigo explicar. Toquei-te e senti-me a ser puxado - puxado?

- Estás a imaginar coisas - disse virando costas e saindo pela porta. 

Senti um toque, mais um empurrão, no meu ombro direito obrigando o meu corpo a dar uma volta de noventa graus. Mathew colocou-se em frente a mim procurando o meu olhar. Safira em mel.

- Eu não imaginei nada Imogen - Imogen? Mas pode por favor alguém chamar-me Mayen por uma vez? Quer se dizer, os meus professores tratavam-me por Mayen mas por obrigação. Os meus pais chamavam-me May e Lyn tratava-me por Yen nos dias bons - por vezes por Mayen. Agora só me faltava este rapaz que por acaso era meu professor de piano - chamar-me de Imogen. Quer se dizer, va lá!

- Eu sei o que senti, e tu também sabes - ele continuou. 

Era impossível ele ter sentido aquilo. Aquele vazio horrendo onde fui obrigada a estar! Ele não sabia o que era estar ali, naquela escuridão total, e sentir-se sozinho. Estava a irritar-me tanto ele falar disto que comecei a levantar a voz - Vai-te fuder Mathew - ele olhou-me chocado. Quase a parecer ferido - Tu não sabes o que eu senti. Sentiste-te puxado, mas e depois? - Já me encontrava a gritar. Um nó a formar-se na minha garganta - tu não sentiste aquele vazio preencher-te, não te sentiste perdida como se te tivessem tirado tudo, tu só ficas aí a tentar ser simpático por seres meu professor. Depois dizes-me que irei estar vidrada em ti, e agora vens-me com esta? O que raio queres? - Ele sentiu-se puxado. Wow, que grave. Provavelmente tinha sido eu a puxá-lo sem querer.

Ele olhou-me nos olhos. Os seus olhos a ficarem escuros. Comecei a sentir-me mal.

Mas rapidamente ele se recompôs:

- Então ficas-te a pensar no que eu te disse hein? - Sorriu.

Deus. Da. Misericórdia. Me. Dê. Paciência.

Queria tanto arrancar-lhe aquele sorriso dos lábios. Deus!

Revirei os olhos cerrando o maxilar de seguida.

- Só podes estar a brincar comigo - disse tão baixo que eu própria tive dificuldade em ouvir-me.

- Já começas a estar vidrada em mim - ele disse. O seu sorriso a crescer na sua estúpida cara. Estúpida mas esculpida. Cala-te.

Desperta-me || PausaOnde histórias criam vida. Descubra agora