6

252 39 30
                                    

Mara estava no chão sangrando, suas pernas ainda estavam na escada e o resto do seu corpo no chão, sem vida, os olhos dela pareciam querer contar alguma coisa, mas a cada momento se tornava mais indecifrável.

Morta. Morta. Morta.

O grito preso na garganta se tornou em ódio, olhou em volta dando de cara com a figura com a máscara de Unicórnio. Se levantou apontando para aquele monstro, ninguém ouvia, foi apunhalada, encarou os olhos de Joana, demoníaca, caiu segurando o corte, vendo o sangue sair do seu corpo e então conseguiu soltar o grito preso na garganta.

O grito quase fez o rapaz cair da cama e Helena se sentou tão bruscamente que seu cabelos voaram para frente, estava suada e levou as mãos ao rosto, apenas um pesadelo. 

- Amor? - Ele vasculhou a cama tentando encontrá-la seguindo sua respiração pesada - Um pesadelo de novo? 

Helena encontrou as mãos dele e o puxou para perto em um abraço desajeitado, ela sentiu que a respiração de Otávio também estava acelerada, tinha o assustado realmente dessa vez, passou a mão por ele, segurando-o o rosto e o acariciando.

- Desculpa.

- Você sabe que não precisa. - Otávio a abraçou mais apertado - Quer alguma coisa? 

- Eu tô bem... só preciso tomar um ar... - ela se soltou do abraço, ficando de pé por um tempo encarando o chão - Eu deveria voltar para as consultas com a psicóloga.

- Sim amor, vai fazer bem para você e para o bebê. 

Helena passou a mão na barriga sentindo a pequena elevação que começava a aparecer, três meses, e a cada dia parecia ficar mais sensível, o Unicórnio voltava a mente com uma certa frequência. Andou em direção a janela, não via nada de interessante, e então se voltou para olhar a cama, Otávio se ajeitava entre as cobertas, apalpando o travesseiro dela para que ficasse confortável, Helena não podia negar que tinha encontrado o homem perfeito, educado, gentil, bonito, o futuro que ela tinha traçado não era nada do que ela esperava, sabia que teria que pausar o curso de direito quando o bebê nascesse, teria outras responsabilidades, mas conseguia ver o futuro como positivo. Ela, Otávio e o bebê, ninguém mais, ninguém a menos. 

Voltou a cama, se deitando e buscando o calor do corpo de Otávio, enquanto o Unicórnio continuasse somente na cabeça dela, tudo estaria ótimo para Helena.
------------------------------------------------------------

Já eram quatro e meia da tarde e a lanchonete continuava movimentada, Giovana e David estavam sentados em uma das mesas, o movimento começava a aumentar, a universidade tinha um espaço grande mas apenas uma lanchonete, todos passavam por ali quando a aula acabava, Gi esperava encontrar com Índia do jeito mais casual possível, afinal ela estava planejando tudo a uma semana.

— Com quem você tanto conversa? — David quase arrancou o celular da mão de Giovana 

— Estou firmando uma oportunidade única... com um pouco de mentira.. Mas os fins justificam os meios, não? 

— Não entendi? 

— Ai amor... — Ela esperou que ele sorrisse mas apenas continuou a olhando sério 

— Me conta agora! 

— Talvez eu tenha criado uma falsa Giovana... E tenha conversado com o Daniel... O suficiente pra conquistar a amizade dele... 

— Essa história de novo? Achei que tínhamos prometido deixar a Índia e ele em paz! 

— Você prometeu, eu não.

Laços da DiscórdiaOnde histórias criam vida. Descubra agora