Era como se estivesse acordando de uma ressaca, a visão muito mais turva que o normal, a cabeça doía, sentiu o gosto de sangue na boca, levou a mão esquerda trêmula ao rosto, sangue escorrendo de sua testa, tentou levantar mas não conseguiu, não conseguiu por que estava com as pernas amarradas juntas e também porque sua mão direita estava espalmada e amarrada a uma mesa, tentou puxar, mas nas pernas tinham nós que uma mão não era suficiente, e a mão amarrada era quase impossível, não havia encontrado uma fivela ou no no seu tatear e estava complicado demais para se aproximar e olhar.
Respirou profundamente tentando lembrar de fatos claros, mas apenas relances após a surra na casa de Guto passavam em sua mente, a coisa mais presente era o barulho de carro, tinha sido levada até onde quer que fosse de carro. Foi então que escutou o primeiro barulho de movimentação, depois os sons de passos se tornaram mais claros e a figura vestida de preto começou a aparecer em sua frente e parar do seu lado. Era impossível distinguir um rosto, mesmo estando tão perto, era apenas um borrão, em um movimento a figura de preto levantou a mão balançando o que segurava, algo cinza.
Notando o esforço de Mariana para ver, a figura aproximou o que trazia na mão do rosto dela, então pode ver a lâmina da faca e com a mesma rapidez, levantou-a mirando na mão amarrada de Mariana e a descendo rapidamente e certeira.
Gritou, muito mais pelo susto do que pela dor, tentando puxar a mão de todos os modos possíveis, levou a outra mão e sentiu o sangue escorrendo, a pessoa de preto estava parada analisando alguma coisa, Mariana continuou apalpando em desespero, sentindo o sangue, foi então que tomou um susto e começou a sentir os dedos.
Faltava um. Faltava um.
Foi então que Mariana gritou mais ainda.
------------------------------------------------------------Índia, Carolina, Giovana, Sávio, Luan e Daniel estavam sentados em volta do computador, encarando suas fotos naquela tabela estranha. Giovana fingia estar bem, vestia uma roupa preta e os dreads estavam arrumados, mas o rosto dela entregava, destruída, era o único adjetivo. Índia também estava, a noite tinha sido repleta de pesadelos com o Unicórnio, cada vez que fechava os olhos se via sendo morta, via todos sendo mortos.
— Vamos começar analisando... — Giovana fingiu — As fotos elas....
— Não precisamos fazer isso, ok? — Carol falou segurando a mão de Giovana — Você já foi no....
— Eu não vou ir ver o meu David em um caixão! Não vou. Não vou. Não vou.
— As vezes é bom ir... — Daniel comentou sorrateiramente enquanto apertava as mãos — Pode parecer horrível agora mas...
— Eu não acho... — Gi encarou o celular tocando e atendeu — Guto, eu tô na casa da Índia... Não, a Mariana não tá aqui, espero que ela não venha... O que? Sumiu daí... — Ela olhou em volta — Eu não tô boa pras brincadeiras de mau gosto da sua namorada não, eu espero seriamente que você pare de passar pano para ela, a Mariana odiava o David! Ela deve tá só querendo atenção... — e desligou
— O que foi agora?
— A Mariana sumiu da casa do Guto, largou até o óculos lá... Ela e o David viviam em pé de guerra... uma vez ela disse que ele deveria morrer! — Giovana soltou um suspiro longo e trêmulo e encarou Luan — Você é o cara que tem um carro? Pode me levar no velório? — As lágrimas escaparam fortes, como uma chuva pesada — Eu não quero mais brincar de ser forte...
— Eu vou com você... — Carolina abraçou a amiga de longa data
As garotas se levantaram tão acabadas e Luan nem questionou, Índia o achou tão delicado e atencioso, mesmo em uma confusão que ele não estava metido, estava ali, ajudando. Quando saíram o clima ainda estava pesado, Daniel encarou Sávio e Índia, a garota estava com a cabeça no ombro do amigo.

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Laços da Discórdia
HorreurSequência de Laços da Morte O que acontece na universidade fica somente na universidade? Por dois anos a maré de calmaria reinou, agora existe um novo mundo para ser explorado, a universidade, onde tudo é tão tranquilo e as maiores preocupações se...