24• Medos e intrigas

1.1K 138 14
                                    

Assim que Dominic saí pela porta, sinto uma imensa vontade de chorar e quebrar um vaso em sua cabeça oca. Mesmo sabendo que aquela bala nem se quer trinscou perto de mim, sinto meu coração na boca só de imaginar que poderia ter me acertado. Sei que ele nunca seria capaz disso, mas quando estamos falando da pessoa que gostamos ficamos meio cegos não é? De qualquer forma, sempre soube que ficar perto desse homem sempre me colocaria em estado de perigo, só não imaginava que ele fosse ser capaz de expor seu pior lado assim, bem na minha frente.

Ando até Erak tentando engolir minha vontade imensa de chorar e no automático tento ajudá-lo com sua orelha ferida e no fim acabo banhada de sangue. Essa é a primeira vez que vejo um ferimento de bala pessoalmente e confesso que estar cheia de sangue por causa disso não esteja deixando as coisas melhores, até diria que estou um pouco assustada, mas como preciso tentar ajudá-lo vou deixar de lado minha vontade de surtar por tudo isso.

- Você precisa ir a um hospital. - Constato preocupada quando vejo um de seus homens reunindo materias que julga ser necessário para o curativo.

- Odeio hospitais e sua forma intrometida de procedimento padrão. - Erak resmunga com um mau-humor ácido e eu me calo.

Tomar um tiro deve ser horrível, mas ele nem parece estar com dor e sim puto, muito puto... e nem preciso dizer com quem.

Vejo no canto Alaric e Renato conversando de forma que deixa em evidência suas preocupações e, sem fazer alarde me aproximo para tentar entender sobre o que estão falando.

- E se ele tentar se vingar?

- Aí estaremos condenados ao inferno!

- Dominic é um verdadeiro bastardo! Não podia apenas ter se segurado mais um pouco?

- Cego de ciúmes, quem se seguraria? E vamos combinar Alaric, que Erak não foi nenhum santo, todos aqui, até os próprios homens dele o viram provocando Dominic quase como se quisesse que tudo isso acontecesse, não digo nada se isso não foi uma tática dele para tentar fazer Verônica ver Sanchez de outra forma. Todos aqui sabem que ela está apaixonada por ele, mas a um tempo atrás se deitou com Erak, que apesar disso não desperta nem metade dos sentimentos que o esquentadinho do Dom causa nela.

- Pode ser! Mas espero que Verônica consiga dobrar Erak. Tudo o que menos precisamos é uma guerra travada entre ele e Sanchez por causa de uma buceta, ainda mais sendo ela a da minha irmã, inferno!

Me afasto com medo de que me percebam bisbilhotando suas conversas e volto para perto de Erak. Se isso que Renato disse for verdade, então terei uma conversa séria com esse grandalhão.

[...]

- Assustada? - Erak se aproxima perto de mim com um copo de whisky em uma mão e na outra uma xícara de café, cujo o qual eu pedi. Me estende e pego sem cerimônias, agradecendo logo em seguida.

- Obrigada! Mas não estou assustada, apenas confusa, ainda não consegui entender o que aconteceu naquela hora. Antes de chegar estava colocando os gêmeos para dormir, então só consegui pegar a conversa pelo final, se é que podemos chamar aquele episódio de conversa. - Suspiro chateada e bebo um gole da minha bebida fumegante.

- Não aconteceu nada demais, estávamos todos brincando e zoando quando Dominic do nada chegou todo estressadinho pro meu lado, me acusando de coisas que eu nem fiz. Afinal, o que eu ganho provocando ele? E como eu posso ter feito isso se desde que chegou você e ele não se desgrudaram um minuto?

- Desde que chegou não! Foi depois que ele me contou o motivo de ter ido embora e eu como havia te dito que poderia acontecer me deixei cair em tentação e o perdoei.

- Está arrependida?

- Não! Por que acha que eu estaria?

Erak solta uma risada sem humor e bebe de um grande gole de seu whisky, sussurando baixinho logo em seguida um "inacreditável", e me encarando de forma intensa, quase como se pudesse ler minha mente.

- O cara apontou uma arma pra minha cabeça, me ameaçou de morte e te desrespeitou na frente de todos. Se você não percebeu ele preferiu manter o status de fodão que não obedece regras apertando aquele gatilho sem se preocupar com sua segurança. E você ainda me pergunta o motivo de eu questionar se está arrependida? Me desculpa Verônica, mas a sua paixãozinha por esse cara não está a deixando ver o quão perigoso ele é e não só pra você, pra sua família e pior PARA OS SEUS FILHOS. Ele nem se quer ligou que Joaquim e Kauã poderiam aparecer ali diante de nós quando atirou, nem se quer pensou que aquela bala poderia ter te atingido, atingido Renato ou Alaric. Eu não me importo com minha orelha ou com a dor filha da puta que senti ao tomar aquele tiro, mas me importo com seu bem-estar, com o dos seus filhos e eu juro por tudo que é mais sagrado que só não vou atrás daquele monte de merda por não querer te ver sofrer, declarando guerra a um ser tão podre como aquele. Se quer saber, isso é o que eu penso e acho que deveria se afastar dele, deveria cortar relações e viver sua vida antes que seja tarde demais e alguém se machuque mais do que já se feriu.

- Eu entendo suas preocupações Erak, mas tenho certeza que Dominic jamais teria apertado aquele gatilho se não soubesse precisamente a trajetória da bala. Também respeito sua opinião sobre achar melhor eu manter distância dele. E fico grata que esteja pensando em mim em primeiro lugar antes de pensar com o tamanho da vontade que deve estar sentindo de se vingar. Sei que se travarem uma guerra, isso só irá acabar quando uma das partes ou ambas saírem MORTA e você não sabe o quanto eu irei sofrer caso algo desse tipo aconteça, então muito obrigada, eu te admiro muitíssimo pelo seu bom senso. Vou garantir que Sanchez jamais faça o que fez com você novamente, só por favor, não tente me por contra ele. Quando conheci Dominic foi em condições físicas assustadoras e eu sinceramente não tenho medo do perigo que ele possa me oferecer e sei bem que em relação aos meus filhos ele nunca seria capaz de fazer algo que pudesse machuca-los. Talvez eu esteja sendo cega e não esteja querendo enxergar o perigo que dorme a minha frente, mas por favor, na minha relação com ele deixe que só eu me meto e mais uma coisa, nunca mais o provoque. Tenho certeza que esse tiro na orelha não foi só uma forma de manter o status e sim um aviso pra você do que ele é capaz. Bom, sinto muito pelo transtorno. - Saio de perto de Erak com o corpo inteiro trêmulo e vou direto para o banheiro, onde me tranco e me ponho a chorar.

Apesar de tudo que disse o contrariando, não consigo negar a mim mesmo o medo que sinto de Dominic um dia perder o controle e fazer mal não só a mim, mas também a minha família, aos meus filhos, meu irmão ou meus amigos.

DOMINIC SANCHEZOnde histórias criam vida. Descubra agora