12• Um dia de tradições

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As tradições de sábado são simples e  basicamente se consistem em ir para o parque com meus filhos e Alaric e depois almoçar na casa dos nossos pais. Todos os sábados fazemos isso e todos os sábados eu passo na casa do meu irmão com as crianças pra pegar ele. Mas hoje o queridinho sismou de sumir e por sorte eu me lembrei que ainda tinha anotado em minha agenda o endereço da oficina onde ele às vezes se esconde do mundo.

No carro uma música bem animada nos contagia e vamos cantando e brincando até chegar aonde eu suspeito estar meu irmão. A oficina é linda, uma decoração claramente máscula e até que pra um lugar criado apenas pra homens é bem organizado, eu sempre imaginei de um jeito bem diferente e talvez com um pouco de preconceito.

- Ei seus pestinhas, que saudade de vocês! - Alaric e Renato jogam meus filhos pra cima como se fossem bolas e não duas crianças.

- Assim vão matar meus bebês.

Renato é o primeiro a largar Joaquim no chão e vir me receber, seu abraço é gostoso demais, tanto é que não nos largamos nem mesmo quando meu irmão vem até mim.

- O que você tá fazendo aqui V.?

- Oras Alaric seu energúme, por um acaso se esqueceu que hoje é sábado?

Nem é preciso falar nada, sua cara de culpado o denúncia na hora e eu contenho minha vontade de rir, meu irmão é um panaca mesmo.

- Parque, almoço com a mamãe... fracamente Alaric, se ela descobre que você andou esquecendo das nossas tradições, o chinelo vai cantar emmm!?

Renato atrás de mim ri da cara de desgosto que meu irmão faz e eu acabo rindo junto. Seus braços fortes estão rodeados em minha cintura e minhas mãos pousadas nas suas, somos amigos desde a época que entrei pra faculdade e meu irmão pra um clube de motoqueiros, se não fosse esse gatão atrás de mim, hoje Alaric estaria morto.

- Tem lugar pra mais um nesse passeio?

- Sempre tem Re, você está falando sério, vai mesmo ir? - Não consigo me conter de alegria e viro pra ele com um sorriso gigante no rosto.

- Claro morena, estou morrendo de saudades da comida da minha sogrinha.

Estávamos todos brincando ali quando a voz grossa e carregada de raiva de Dominic entrou na conversa varrendo pra longe o clima de descontração e trazendo um ar carregado pro ambiente.

- Posso saber o que está acontecendo aqui?

- Só estamos tirando uma com a cara de Alaric, dom. - Renato foi o primeiro e o único a abrir a boca e pelo olhar cortante do Sanchez todos já sabiam que teria sido melhor se ele tivesse ficado calado.

Meu irmão parecendo já saber as merdas que iria acontecer ali, chamou às crianças e nos fez se despedir de todos, Renato me soltou relutante e ao lado do meu irmão e os meus anjinhos foram pro carro.

- Você e Renato em?

- Somos amigos, apenas isso Sanchez!

- Não era o que estava parecendo, eu até teria me aproximado antes, quando você chegou, mas parece que a companhia dele é muito melhor  que a minha.

- Dominic você está com ciúmes?

- Isso é um absurdo Verônica.

- É bem mais bonito assumir!

Pela cara que o desgraçado fez tenho certeza que está fingindo não me ouvir, em compensação ao silêncio gruda seu corpo ao meu e sua boca na minha me deixando mole em seus braços com um beijo lento e quente. Me seguro em seus braços ainda sem forças pra me manter em pé sozinha, mesmo quando me solta, certamente indicando que seja o que tenha acabado de rolar aqui, havia acabado.

- Vai lá, o Renato está te esperando. - Dessa vez quem não consegue falar nada sou eu, Dominic todo grosso saí de perto de mim como se eu tivesse alguma doença contagiosa e vai pra longe chutando tudo.

Acho que alguém está com raiva.

[...]

No parque nos divertimos horrores, Renato deu um toque especial em nossas tradições e fizemos tantas coisas legais que antes mesmo do  almoço às crianças desmaiaram. Dar banho e comida foi um sacrifício que valeu cada segundo. Papai quase esmurrou Renato por tirar conclusões precipitadas depois de ver através da janela a gente chegando abraçados, mamãe chorou muito, e tanto eu quanto os meninos tomamos muito xingo antes de sermos paparicados. Como sempre a comida estava perfeita e de se comer rezando, as sobremesas especialidade de papai, tão viciantes que não sobrou nem uma migalhazinha pra contar história, na verdade apenas uns cinco pedaços que antes de todos se derem conta eu já havia guardado pra Dominic. Hoje ele ficou bravo e caso apareça de surpresa na minha casa como é acostumado a fazer eu vou ter um docinho pra ver se tira o amargo ciúmes dele. Pensei em convidá-lo pra vir com a gente, mas o embuste saiu voado de mim, então achei melhor não o fazer. Saio da casa de meus pais e vou direto até minha sogra, praticamente dou a volta na cidade pra chegar até aonde mora e depois de muitos beijinhos e abraços me despeço dos meus filhos deixando eles lá com ela. Com sorte vou chegar em casa e descansar em frente à TV assistindo um filme e tomando uma boa safra de vinho tinto.

DOMINIC SANCHEZOnde histórias criam vida. Descubra agora