28 • Um dia chuvoso

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O dia amanheceu tão chuvoso e cheio de nuvens que facilmente poderia ser confundido por uma noite fria. Hoje em pleno sábado, o que significa ter duas crianças inquietas em casa, com uma chuva tórrida que caí lá e nos castiga me obrigando a permanecer dentro de casa. Acordo já sabendo que o dia ou até mesmo esse em específico final de semana não será nem um pouco fácil, e por ter exatamente essa certeza, que me pergunto: como gastar a energia de dois pequenos hiper agitados, dentro de uma casa sem a mínima possibilidade de se por os pés pra fora?

Brincar na chuva me parece divertido, mas as consequências depois disso seriam terríveis.

Me levanto contrariada da cama e tomo um longo e quentinho banho, me agasalhando logo em seguida para espantar o frio de congelar minha alma que aos poucos se infiltra dentro de casa. Até que esse frio me caiu muito bem, agora posso pelo menos, aproveitar meu delicioso pijama de frio e minhas adoráveis meias fofinhas e peludas que comprei a um tempo atrás em uma liquidação maravilhosa de 70% de desconto em todas as peças de inverno. Depois de devidamente pronta, vou atrás de Joaquim e Kauã os chispando para um banho quente e rápido. Após isso, faço o mesmo que fiz comigo e os deixo andando como dois pinguins, totalmente agasalhados.

Sempre ouvi dizer que é melhor prevenir do que remediar e eu me recuso a ter dois bebêzinhos gripados dentro de casa.

- Mamãe por que temos que ficar com meias? Eu não gosto, elas apertam meu pé. - Kauã me olha todo emburrado e eu suspiro sem saber bem o que fazer.

- É importante para que não fique doente. - Sem nem ligar para o que eu disse, o mesmo permanece com a cara emburrada e eu desisto logo de cara de tentar fazê-lo mudar de ideia sobre a questão das meias serem uma forma importante de agasalho.

- Eu gosto de meias, elas deixam meus pés quentinhos. - Joaquim se coloca ao meu lado apenas com o rostinho a mostra e o resto do pequeno corpinho completamente enrolado em um cobertor.

- Eu não! E você é chato, por isso que gosta delas, meias são para as pessoas chatas. - Kauã emburra ainda mais e seu irmão parecendo estar em um nível de indignação altíssimo pelo que escutou me olha de forma engraçada.

Ótimo, deixa eu ir logo pra cozinha, porque já até sei o que vai sair dessa coisa toda. Saio de entre os dois e vou a procura de ingredientes para um café gostoso, reforçado e próprio para uma manhã fria e chuvosa. E lá estava eu, toda concentrada tentando decorar de forma bonitinha as comidas a fim de agradar meus pequenos anjinhos, quando passo a escutar berros e gritarias.

Já imaginando o motivo de toda essa baderna, finjo não prestar atenção e contínuo com minha bela decoração.

• Chocolate quente

• Pães de mel

• Pães de batata

• Café quentinho e fresco

Já com tudo pronto e do jeitinho que sei que meus anjinhos gostam, vou levando de pouco em pouco as coisas até a mesa, onde as arrumo em bowls. Quando termino, paro de fingir que ainda não estou escutando as gritarias e vou até onde minhas bênçãos de Jesus estão. Mas quando chego, o que vejo me faz querer explodir.

- Quem você acha que vai ganhar Hope? - A garotinha mais linda desse universo balbucia coisas incompreensíveis.

Dominic mexe na carteira e retira de lá duas notas de vinte reais.

- Que tal a gente fazer uma aposta filha? Está na cara que Joaquim irá ganhar, mas vou deixar que fique com o Kauã. Se você ganhar, te compro um monte de chocolate, agora se eu ganhar, eu contínuo com o dinheiro e você sem aqueles doces esquisitos de que gosta. - Minha indignação sobe de forma descontrolada por ver Dominic apostar com um BEBÊ E PIOR QUE ISSO, APOSTAR NA BRIGA DOS MEUS FILHOS.

DOMINIC SANCHEZOnde histórias criam vida. Descubra agora