17• Comemorações

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Passo buscar as crianças na escola toda contente, a reunião foi um sucesso, o cara adorou nossas propostas e de quebra fui convida a me tornar uma sócia da empresa. Mal posso me conter em mim de felicidade e é exatamente por isso que hoje vou comemorar junto com as crianças, boto os dois dentro de uma banheira com água morna e sabão, e enquanto corro até o quarto escolher a roupa que as crianças irão usar no jantar ligo pra Alaric.

Por um momento cogitei a ideia de ligar para Dominic, pra gente comemorar todos juntos, mas ele odeia crianças e por mais que eu queira que ele crie um vínculo de amizade ou ao menos de paz com meus filhos, preciso ser sensata. Dominic não me vê como uma provável namorada ou coisa do tipo e fazer os meus filhos se apegarem pra depois quebrar o elo que pode com muito custo e esforço vir se formar, não vale à pena, não quando nos tratamos apenas como amigos de foda. Sabe, pensando assim chego a Erak e preciso adiantar que não me arrependo de ter transado com ele na mesma cama em que transo com Dominic, mas também não repitiria, apesar de saber fazer muito bem, não é com ele que desejo me perder todas às manhãs, tardes, noites, horas, minutos, segundos, DIAS...

- O que foi?

- Fui convida para ser sócia de Esteven em sua empresa de arquitetura e design que ele vai abrir. Serei eu, ele e mais um sócio, pra falar a verdade estou muitíssimo animada.

- Eu consigo sentir o quanto. PARABÉNS irmãzinha você merece e que Deus abençoe nesse caso essa empresa e vocês, não é mesmo?

- Claro, está certíssimo!

- Comemoração?

- Jantar com as crianças naquele restaurante em que a gente sempre vai? Lá tem brinquedos e servee uma comida... deliciosa.

- Tudo bem então, passo pra te buscar?

- Não precisa, eu vou de carro com os meninos. Esteja lá as oito em? Você sabe que Joaquim odeia jantar tarde!

- Eu sei! E acho que aquele moleque deveria ser estudado. - Sorrindo me despeço do meu irmão e volto a tarefa ardua de separar as roupas e aprontar os meninos.

- Nada de porcarias antes do jantar, estão me ouvindo? Quem ousar comer qualquer tipo de doce, vai fazer com que os dois fiquem sem sobremesa por uma semana e eu espero ter sido muito bem clara com vocês!

Volto pro meu quarto me arrumar e ainda sim consigo ouvir os resmungos dos dois sobre como eu sou chata e blá blá blá.

Crianças!

Como é apenas um jantar em família me arrumo o mais básica possível, maquiagem fraquinha, sandália de saltos aberta e vestido preto que evidencie minhas curvas sem me deixar mais gorda, alguns acessórios para dar um pouco de brilho a monotonia do preto e perfeito, me sinto um mulherão pronta pra comemorar de forma tranquila uma bela oportunidade, indispensável.

[...]

O jantar foi maravilhoso, meus filhos se divertiram bastante e até fizeram amizades com algumas outras crianças que estavam ali, Alaric me contou sobre sua última transa e de como ficou puto por causa de uma atendente de caixa que segundo ele o tratou como um qualquer e ainda por cima o insultou. Estava mais que claro pra mim que sua irritação se devia pelo fato da garota não ter aceitado tão bem quanto o esperado a cantada idiota que meu irmão ofereceu a ela e por também ter picotado seu número escrito em um papel na sua frente, o deixando humilhado perante várias pessoas que ali estavam no supermercado.

No fim da noite ele me ajudou a dar outro banho nos meninos e os colocarem pra dormir, uma tarefa nem um pouco fácil, mas até que gostosa. O que importa mesmo é saber que eles gostaram do dia diferentes que tivemos e é isso, pelo menos pra mim que termino minha noite tomando um vinho tinto meio de quinta, sentada de frente pra minha tv tentando achar algum filme bom de comédia.

Eu fui perceber que havia pegado no sono quando a campainha começou a tocar instridentemente por toda a casa e eu por fim acabei acordando sobressaltalda. Quando atendi me deparei com uma cena extremamente estranha, parecia até surreal olhar Dominic com uma linda garotinha adormecida em um dos braços e no outro uma bolsa enorme e roxa.

- O que faz aqui a essas horas e por que diabos tem uma criança com você?

- Sou pai agora e preciso que me ajude nessa tarefa, tá legal? Você pode fazer isso?

- Entra!

Dominic invade minha casa com toda a sua pose confiante e eu esfrego meus olhos tentando espantar o sono.

- Eu só preciso que me ajude a dar um banho quente nela e a colocar essa maldita fralda. Esse caralho deveria vir com manual, de qualquer forma amanhã mesmo contratarei uma babá que possa me auxiliar no hospital. Verônica, essa é a Hope!

Meu Deus, quantas informações. Incapaz de processar tudo de uma vez devido a grande quantidade de álcool ingerida por mim e pelo sono que domina todo o meu corpo apenas finjo entender tudo e o ajudo no banho, o ensino a colocar uma fralda, por uma roupa, preparar um leite e por fim acabamos nós dois deitados em minha cama com uma bebê adormecida em nosso meio.

Ele não diz nada, se senta sobre a cama e retira da parte de trás da calça uma arma incrivelmente limpa, a deposita no canto mais alto do quarto sabendo que se um dos meninos entrar aqui e a ver, na certa vai sentir curiosidade de querer mexer. Ainda sem falar nada se deita em minha frente, agora sem camisa, sem sua calça ou seus sapatos, apenas se deita, mas em nenhum momento se dispõe a fechar os olhos e dormir.

Eu não faço perguntas, não quero abrir meus olhos e ver o monstro que está bem na minha frente, não quero perceber que o monstro que eu pensava morar embaixo da minha cama quando eu era pequena, não era nada comparado a Dominic Sanchez, o cara com uma alma apodrecida e talvez sem salvação que se deita quase todos os dias ao meu lado.

DOMINIC SANCHEZOnde histórias criam vida. Descubra agora