nada mais parece me atravessar.
na verdade, atravessam
e me atravessam bem.
e só.
só isso.
me atravessam
como um lápis rasgando uma folha de papel.
antes, agora, depois;
tudo compactado num infinito segundo
sem pausas, limites ou fronteiras.
como perguntas que já não possuem
aquele sinal de interrogação
e já seguem para a próxima linha,
para a própria resposta.
e tudo faz parte de um monólogo do universo;
somos o espaço imensamente curto entre duas vírgulas eternizadas
num rolo de papel
grande demais para caber na estante da sala.
isso deveria fazer com que não nos
importássemos com tanta coisa,
com a tendência de moda pro verão,
com o top10 da Billboard,
com os prêmios de Hollywood,
com as previsões semanais do horóscopo,
com as profecias.
ok, mas, e depois?
o que realmente deveria estar ocupando o espaço entre as sinapses nervosas do nosso cérebro
e queimando energia nos nossos neurônios?
eu não quero dar a resposta,
nem conseguiria,
nem preciso,
porque isso é só mais uma pressão daquele lápis perfurando a folha.
é só mais um agora, era um antes e será um depois.
mais um intervalo compactado
juntamente com o tudo e com o nada.
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Desabafos Desperdiçados
Poesia"A partir do momento que você tem que esconder o seu próprio rosto de si mesmo, tudo o que resta é nada; é uma figura estranha que você imagina estar estampada na sua cara e que todo mundo olha e ninguém entende, assim como você também não entende...