eu cresci acreditando
e idealizando
aquela paixão adolescente,
de almas gêmeas que se completam
por obra puramente do destino.
aquele amor que se forma
através do encaixe das formas,
das semelhanças que se espelham
e espalham risos e beijos pelo mundo.
mas - dou risada ao escrever isso - tu me mostrou que não.
tu me mostrou nada mais nada além de mim mesmo.
me espelhou, me espantou.
percebi que não sou eu quem eu quero,
não é você quem eu espero.
as minhas faltas e erros
eu lido lidando com você.
com os meus medos e desejos
eu me decepciono,
através de você.
se eu minto para mim, imagina pra você meu bem.
se eu finjo para mim, imagina você para mim.
você me lembra eu mesmo,
me lembra os meus tropeços,
meus poucos acertos,
meus faz de conta e contos de fadas
que eu contava a mim
para não ter que viver alguns pesadelos.
se a gente conseguir dar um passo juntos
pode ter certeza
que esse passo será o último,
e será em falso.
tocar você
e beijar você
é um negócio estranho.
um tipo de processo narcísico que sabe lá se Freud explica.
mas eu não quero explicações;
e se eu não quero
sei que você também não quer.
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Desabafos Desperdiçados
Puisi"A partir do momento que você tem que esconder o seu próprio rosto de si mesmo, tudo o que resta é nada; é uma figura estranha que você imagina estar estampada na sua cara e que todo mundo olha e ninguém entende, assim como você também não entende...