Me vejo tomando um banho quente em um banheiro que eu desconheço, e a força da água que sai do chuveiro faz eu fechar os olhos até esquecer completamente quem sou. Nos meus pensamentos não existe Sasuke, ou tudo relacionado a ele, bem como a tragédia que aconteceu. É como se ele nunca tivesse existido e me sinto em paz, pois, minha mente está limpa, eu estou livre de todo sentimento.
A força da água vai diminuindo gradativamente e isso faz eu abrir meus olhos, encarar a luz, e os azulejos igualmente brancos. Pressinto que algo não está certo, pois eu me sinto estranha. Percebo, ao vacilar o olhar pela primeira vez, um espelho na outra extremidade do banheiro, onde vejo meu reflexo nele. Vejo sangue descendo pelas minhas pernas. Muito sangue, todo sangue existente em mim, é como uma grande hemorragia que não estanca, escoando junto a água para o ralo e isso me apavora silenciosamente, entretanto, eu não consigo gritar.
Isso foi um pesadelo que vai se distanciando da minha mente a medida que vou despertando, e agora que estou consciente disso, eu não sei mais sobre o que era naquele sonho distorcido, ou qual deverá ser seu significado. Foi uma experiência ruim que, ao passo que eu acordo um pouco mais, ele se esvai da memoria sem deixar sequer um fragmento.
Pisco algumas vezes devagar antes de ter certeza de que eu acordei, sei que já é de manhã embora ainda esteja escuro aqui dentro. A primeira coisa que escuto é a chuva torrencial quebrando lá fora, com os galhos retorcidos da arvore batendo fortemente contra o vidro da minha janela. Respiro lentamente enquanto vou criando ânimo.
Como ele sempre faz, Sasuke foi embora antes que eu acordasse, por isso eu nunca vejo ele saindo. Dormir na companhia dele já virou um hábito difícil de largar, antes de ir para a cama, eu deixo a janela do quarto aberta para que ele entre, e fique aqui comigo. A gente conversa muito pela madrugada a fora, mas, eu sempre durmo antes dele terminar uma história, sempre.
Um mês se passou desde a morte da minha mãe, e eu não voltei mais no trabalho desde então, porque é perigoso. Sair de casa também tem sido muito difícil para mim pelo mesmo motivo, eu perdi minha liberdade para fazer as coisas que antes eu gostava de fazer. Estou tentando não me desesperar com isso embora eu eu tente convencer a mim mesma que está tudo bem, no entanto, é complicado ir contra tudo isso quando tem pessoas querendo me matar. O que me salva de mim mesma é a presença de Sasuke aqui, ele faz eu me sentir mais segura e protegida. Eu achava ser uma garota forte, mas não sou de ferro para aguentar tanta pressão, e não quero tentar esconder isso.
Dei um jeito prático, enrolo meu cabelo e prendo ele, depois puxei o lençol de cima de mim e joguei meus pés para fora da cama. Sentir o piso frio sob a sola dos meus pés me força a calçar qualquer coisa que vejo pela frente. Eu visto o seguinte: uma camisola simples de seda, e por causa do frio, peguei também o robe colocando-o por cima. Sem vontade de ir ao banheiro eu desço a escadaria e sigo direto para a cozinha.
— Bom dia pai, bom dia senhora Anko. — digo com a voz branda de quem acaba de acordar e me aproximo da mesa para ocupar um lugar perto deles.
— Bom dia querida. — disse ela olhando bem para o meu rosto, sei que queria perguntar algo mas eu não dei muito espaço.
— Dormiu bem Sakura? — perguntou papai rolando os olhos de seu jornal matinal com um aspecto meio úmido, o entregador nunca deixa de entregar as edições diárias, faça chuva, ou faça sol.
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Night angels (Concluída)
FanficEu sou apenas uma garota de 17 anos que não tem coisas legais para contar ou namorados para colecionar. Haruno Sakura, este é o meu nome. Moro nesta cidade pacata desde que nasci e o inverno por aqui é rigoroso e a neve severa muitas vezes impossibi...