As várias versões de mim

Quem eu fui

E quando minha alma grita...
e meu corpo chora,
dá vontade de gritar para o mundo que chegou a minha hora.

não de forma egoísta,
mas só porque sei da minha conquista.
Vi gente perder e ganhar,
mas me vi cruzar algumas etapas da vida.

'Neguim' falou.
'Neguim' viu meu corpo ser exposto como capa de revista.
E deram risada como se eu tivesse na pista.
me chamem de puta.
me chamem de vadia.
mas geralmente não peço opinião para quem não tem empatia.

mas eu era nova...
confiei em quem não tinha decência
e perdi minha inocência.
Ouvi, até mesmo, que prostituta envergonha a família.

Eu via os olhares.
Eu via cada detalhe de quando passava na rua.
Eu via que não havia mais respeito para quem mostra seus peitos.

"mas não era a santinha da sala?", eles diziam.
Sequer sabiam...
que quando a gente joga pedra no telhado de vidro do vizinho
os cacos caem e numa tropeçada que se dá,
pode se cortar

eu ouvia e consentia.
enquanto eles viam
só eu sabia o que acontecia.
só eu sentia...

cada julgamento foi como se eu fosse Soraya.
sentia cada batida.
cada pedra com muita investida.
sentia as feridas.
sentia meu corpo abrindo.

eu não sou flor,
eu sou raiz.
e se me jogasse um 'triz'
de água.
eu resistiria!
Porque quando nosso corpo está morrendo ficamos sedentos:

para ter uma chance
para ter reconhecimento
para ter, de novo, uma vida.

ninguém.
absolutamente, ninguém apareceu.
Só eu, Deus e minha vontade de persistir em mais uma tentativa.

me chamem de metida.
por expor minha vida em uma poesia de quinta.

Vou ali pegar uma cerveja, sentar e refletir para te dizer
que se esconder em você não é a melhor decisão da sua vida.
sinta.
seja.
ouça.
Mas faça o que quiser
na hora que quiser
sabendo que tudo tem consequência
sem perder a tua essencial:
você é dona da sua vida!