Eu sou um andarilho.
Não aquele comum que você vê passando pela sua porta, todo dia.
Mas, eu sou um andarilho.
Daqueles que caminha em mundos.
Na terra.
No meu eu.
E dentro de alguns caminhos alheios.
Que, por sinal, deram permissão para passar e, até mesmo, perdurar.
Eu escolhi ser um andarilho.
E não daqueles que ficam à espreita esperando o momento certo de roubar seu relógio e fazer você perder o horário.
Eu sou astuto, mas não ajo de má fé.
Sou um andarilho caridoso que vive em tua cidade, se você permitir, para sempre te amparar. E, por isso, posso me considerar um anjo andarilho que tenta te proteger em toda esquina – antes, durante e depois de uma queda.
Mas, quando se trata de mim... eu sou um andarilho solitário.
Ando por minha cidade me escondendo de mim mesma.
Ando pela minha cidade escondendo-me da minha sombra. Mas, uma dúvida: por que ela insiste em me perseguir?
Eu sou um andarilho solitário que nunca está só, mas se sente só.
Ando pela minha cidade me questionando em qual esquina está o amor porque assim que encontrá-lo, correrei... como sempre fiz. Ou melhor, comecei a fazer.
Eu sou porque prefiro me esconder. Não sentir. Não perceber a presença de alguém que possa entrar no crime, que é me amar e depois me esfaquear.
Ser andarilho é fácil.
Você passeia em algumas bocas.
Transa com alguns corpos.
E sai.
Sem satisfação.
Eu preferi ser andarilho, não por ser fácil, mas é porque estou cansado...
A verdade?
Todos nós somos andarilhos querendo nos esconder do que sentimos.
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As várias versões de mim
AléatoireMesmo que você queira ser a mesma pessoa sempre, há algo que é inevitável, acaba mudando e não tem para onde correr. Por isso, esses poemas são designados aqueles que sabem que amanhã não será a mesma pessoa de minutos atrás. Haverá outro d...