Apocalypsis

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O dia em que vamos pisar no solo úmido chegou e não está molhado de chuvas. Ao pisar sinto o que tenho por dentro, o vermelho do sangue emerge do solo, pois tudo que ele conheceu foi violência. Ajoelhada sob este solo maldito, eu penso que nasceu o futuro soturno da humanidade. É a verdade mais triste, a guerra e a depravação. Nossas ações vistas como normais, agora a morte mais visceral nos alcançou. É tudo que somos, dentro de nós uma ferida que pulsa a fúria de Marte

    Por mais que eu tente enxergar, ou tentar me enganar, os corpos daquelas crianças, de jovens e adultos se encontram em um amargo funeral. Sei que a morte é certa, mas causa-la entre nós é o mesmo que romper o ciclo natural da vida. Veja como o solo fica mais fundo e revela a pilha de corpos vermelhos....

    Mas os mortos não reviveram! E toda a mentira, corrupção, miséria e discórdia caíram na terra como um trovão. Ouvi o coro dos anjos lamentado pelo nosso destino e senti na pele a dor daqueles que foram, meu coração pesou tanto que poderia facilmente cair para fora de mim.

    O mundo conhece seu fim. O mundo que conheci e herdei está morrendo e talvez seja melhor assim. Mas me deixe pela última vez segurar esta terra em minhas mãos para que eu possa sentir toda a perda acumulada, levá-la ao meu peito e chorar, chorar até que a revelação se cumpra. E chorar, chorar por aqueles que foram tão cedo. E chorar......

    Em breve não estaremos mais aqui. O mundo entre na fase do pesadelo para que os céus se abram pela última vez


Agnus Dei, qui tollis peccata mundi

Miserére nobis


O mundo acaba enfim.

O Caminho Burai-haWhere stories live. Discover now