Malleus Maleficarum II

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São de outros tempos essas acusações, a maldade e a injustiça. São de outros tempos a burrice hereditária que me se faz de mim o mártir. São de outros tempos o sangue impuro e as lágrimas que atingem as cinzas que elas deixaram para contar história porque da boca delas e da escrita nada sobrou para contar história.

Minha irmã, minhas milhares de irmãs. Queimadas vivas na celebração de purificação dito o mal necessário.

Minha irmã, que não pode prevalecer......

Minha irmã, considerada a própria noiva do Diabo

Nas entranhas da Inquisição ela nasceu e eu sei que eu morreria com ela.

Onde quero chegar é que esse momento nunca realmente acabou. Estamos todas aqui desviando de rua apenas para não ser olhada nos olhos de tal maneira que até a alma se encolhe de constrangimento e medo.

Então venha à mim, minha Querida das cinzas, nada mais me agrada do que um coração partido porque como espelho um coração partido é quebrado e assim se multiplica os pedaços. E uma vez que o juntamos os pedaços afiados e de vários tamanhos a imagem se forma.

Conversando com o meu reflexo sinto mil rostos porque delas herdei o pensamento. Ardem como o fogo na minha língua porque eu tenho tanto à dizer, e eu sei que eles irão me amordaçar novamente porque a Inquisição nunca acabou. A histeria nunca acabou. 

O Caminho Burai-haWhere stories live. Discover now