Não sei como devo agir diante de James Rowan usando uma roupa de domingo e sentado no sofá azul de almofadas irregulares de Jolene Dixie. Eu tenho uma imagem de James de terno e cabelos penteados com gel. Vê-lo com os cabelos castanhos secos e em uma roupa casual dentro de um ambiente ocupado pelos Wilder é tão estranho quanto estar em um sonho.
― Ainda não havia reencontrado você, James. ― A senhora Dixie se aproxima com uma xícara de chá inteira. ― Os anos foram generosos com você, garoto.
― Foram generosamente iguais para você também, Jo. ― Ele bebe um pouco do chá e então olha para mim. ― Julgo que seu pai não esteja em casa, Liv. Ou ele já estaria aqui com uma arma na minha cabeça.
― Vocês têm um jeito peculiar de resolver as coisas.
É Cherie quem fala por mim. Minha voz está retida em algum lugar nas profundezas do meu corpo. Desvio o olhar para mamãe, voltando da cozinha após recolher toda a sujeira da bandeja que ela deixou cair. Ela penteia a franja e esfrega as mãos na camiseta com a logo da nossa loja. Lanço a ela um olhar de dúvida e só recebo ansiedade de volta.
― Bem, você tem razão. ― James pousa a xícara no pires e sorri para Cherie de um jeito quase terno. ― É por isso que estou aqui. Para que comecemos a resolver algumas questões de uma maneira mais sensata. Certo, Maggie?
Meus olhos correm de James Rowan para o rosto pálido da minha mãe. Ela está fitando o chão ainda molhado e seus dedos tamborilam em seus lábios. O mesmo gesto que costumo fazer quando estou pensativa.
― Liv, eu sinto muito pelo seu rosto. ― Ele se levanta, entregando a xícara para a senhora Dixie e agradecendo silenciosamente. ― Isso não deveria ter acontecido. Em nome de Seth e da minha família peço desculpas.
Cruzo os braços na defensiva e apenas assinto. Meus olhos não desviam dos de James, como eu fazia quando era criança. Ainda sinto medo do modo como seu rosto tem os ossos bem definidos e de como ele me lembra uma caveira com os olhos fundos e anis. Mas não estou correndo dele dessa vez.
― Seth não tem culpa de nada. ― Digo.
― Não. Ninguém tem culpa. A não ser nós. ― Ele olha para mamãe rapidamente. ― É por isso que estou aqui, hoje.
― James, não...
O estalo na porta é suficiente para me impedir de questionar o porquê mamãe está tão ansiosa. As botas pesadas do meu pai esmagam o carpete de entrada e ele se surpreende de verdade com a figura de James Rowan.
― O que você está fazendo aqui?
― Por favor, não aponte a arma. ― James ergue as mãos em rendição, suspirando de forma exausta. ― Estou aqui porque chegou o momento, Jonathan.
Há uma grande tensão no silêncio que corre enquanto eles se encaram. Eu agradeço que a senhora Dixie esteja ali, porque eles a respeitam. Ela se interpõe entre James e Jonathan e abre os braços.
― Vocês dois não vão se matar no meu tapete. Se querem fazer isso, façam em praça pública.
― Não se preocupe, Jolene. ― Papai ainda está encarando James Rowan de um jeito tão impetuoso que seu pescoço fica vermelho. ― Tenho certeza de que o senhor Rowan já terminou o que veio fazer aqui.
― Não, Jonathan. Eu não terminei. Maggie ― ele busca o rosto da mamãe ― temos que contar a eles. Agora. Antes que seja tarde. Você sabe disso melhor do que eu, Jonathan.
Meu pai finalmente se vira para nós. Seus olhos estão marejados. Eu não consigo dizer se a raiva está saindo-lhe pelos olhos, mas seus punhos cerrados me dão uma pista de que sim. Ao meu lado, Cherie afaga o ombro da mamãe. Ela parece feita de cera de tão pálida.
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Regras Mais Selvagens |1| ✓
Teen Fiction¨ Vencedor do prêmio Wattys 2020 na categoria Young Adult ¨ © 2019 por pricilla caixeta | todos os direitos reservados. A família Rowan está de volta à pequena cidade de Seven Heavens depois de uma temporada na Europa, mas Olivia Wilder preferiria...