vinte e um.

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Capítulo Surpresa de Domingo!

A gasolina nos leva até o primeiro posto abandonado no meio da estrada, no entanto.

Estou com um dos braços apoiados no jipe dos Rowan enquanto seguro a mangueira de combustível no encaixe. O céu é um negrume liso, sem chuvas ou nuvens agressivas e o clima está frio e úmido na calada madrugada. O silêncio é tão excruciante que o barulho intenso da gasolina entrando no carro é quase um suspiro de vida no meio do nada.

― Quero deixar claro que a culpa não é minha.

A voz de Seth Rowan quebra a taciturnidade do ambiente. Ergo a cabeça, olhando-o por cima do ombro. Ele caminha com dois pacotes na mão, se misturando ao ar de serenidade que sempre vem depois de horas de chuva.

― Desculpa, o que? ― Puxo a mangueira, desconectando do carro e colocando-a de volta na bomba de gasolina.

― Sobre a gasolina. Carson fica rodando com esse carro o tempo todo. Então vou transferir a culpa para ele.

Seth se encosta no carro e me entrega um pacote. Me acomodo ao seu lado. Apesar do vento carregado de rocio, não quero voltar para dentro. O posto de gasolina parado no meio da rodovia é a coisa mais distante de Seven Heavens que já estive em meses.

A sensação de liberdade é como um caleidoscópio em minha mente. Cada movimento que faço, cada pedaço diferente que vejo se transformam nas combinações mais agradáveis e variadas, causando efeitos visuais únicos.

― Vocês não pensam em reabilitação?

Empurro o saco de papel e minhas narinas são atingidas pelo agradável cheiro de queijo. Me pergunto se Seth se lembra de que sanduíche de queijo quente com manteiga é o meu favorito. Pelo modo como ele sorri olhando do sanduíche para mim, acho que a resposta é sim.

― Meu pai não quer fazer disso um evento. ― Ele dá uma mordida em seu sanduíche. Pão e manteiga de amendoim. ― Na real... Em se tratando de Carson o meu pai é tão canalha quanto o seu é com a depressão da sua mãe.

Ficamos em silêncio por um tempo, mastigando. Às vezes Seth geme e balança a cabeça, muito contente com o que está comendo. Ele me confidencia que manteiga de amendoim americana foi o que ele mais sentiu falta na Inglaterra. Mas não voltamos a falar de Carson e seus problemas com as drogas. Não acho que seja algo do qual devemos compartilhar.

― Você quer trocar? ― Ele estende o final do seu sanduíche na minha direção. Dou de ombros, entregando o meu a ele. ― Se lembra quando fazíamos isso?

― Sim. ― Esfrego um dos olhos, arrastando o meu cabelo para trás da orelha. Ele ainda está úmido e secando de um jeito desconexo. Mas não me importo. ― Nós sempre trocávamos. Porque Carson nunca compartilhava o sanduíche dele. O de Georgia era sempre enjoativo de geleia de frutas e o de Henry era horrível.

― Sardinha! ― Seth joga a cabeça para trás, gargalhando. ― Meu Deus o bafo de peixe que ele tinha.

― Seth!

― O que? Você não sentia? ― Ele olha diretamente para mim. ― Essas sardinhas que eles vendem por aqui são uma porcaria. Era um cheiro de metal e verme do mar. Pense por esse lado, Olivia. Você não ia querer beijar uma boca assim.

― Henry Hastings não tem mais bafo de sardinha contaminada, ok? ― Protesto.

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