Não seria tão empolgante se eu contar que depois das horas de viagem para chegar lá, eu teria aula e seria só mais um desses dias que eu voltaria para casa, com sono, ouvindo música. Por sorte, minha amiga estava de férias de sua faculdade e iria comigo pra casa (ela não tem defeitos, acredite). Pegamos o mesmo ônibus e ela me ofereceu seu fone para ouvirmos música. Ela escolheu o artista: Silva. Empolgada para o fim de semana que iria ao show dele.
E escrevendo isso, duas semanas depois, vejo como tudo é totalmente imprevisível.
Ao entrarmos eu observei um rapaz e por azar, nós iriamos sentar nas cadeiras a frente dele. As únicas que estavam vagas. Mas não ia fazer diferença. Era apenas um garoto que eu nunca mais veria na minha vida.
A viagem foi tranquila e acabei gostando do artista e havia prometido a minha amiga que irai ouvi-lo melhor e sair indicando para minha prima que também gostava do estilo da música.
Ainda eram 13hrs45min e após me despedir de minha amiga, dei o dia como finalizado, pois, chegaria em casa e só passaria a tarde ouvindo músicas e o artista novo que minha amiga havia me mostrado ou até mesmo jogando. Comum a minha rotina.
Após minha amiga descer, o rapaz sentado atrás, levantou-se e caminhou para frente. Eu já tinha até esquecido que ele estava ali. Lá na frente, encostado numa das barras do ônibus, ele olhou para trás. Infelizmente, não me contive em observa-lo novamente, como na hora que entrei naquele ônibus, que por ventura havia pego atrasado. Observei seus olhos e por um momento esqueci que era um desconhecido e um medo repentino correu pelo meu corpo. Além de ser um desconhecido, estava encarando um rapaz que simplesmente me encarou de volta. Ao mesmo tempo que torcia para ele descer antes de mim e não me obrigar a encara-lo novamente ao descer do ônibus, torcia para que aquilo fosse algo diferente.
Em uma dessas conversa com minha prima, desejávamos conhecer alguém assim. De forma inesperada, alguém que nos encarasse de volta numa dessas meras olhadas e que achamos um crush do ônibus.
Aquilo durou menos de cinco minutos e logo seria minha vez que levantar para descer na minha parada. Num momento de nervoso, andei em sua direção e ele andou para frente. Quando o ônibus parou, ele desceu e eu logo atrás encarei seus olhos escuros e pude observar o formato de seu rosto sobre a luz do sol quente.
Sim, estou tentando amenizar o calor da cena e deixar tudo mais romântico, típica cena clichê de algum romance. Mas qual a probabilidade disso acontecer comigo?
Resolvi ignorar os pensamentos e passar em sua frente. Atravessei a rua com pressa, quase não vendo se vinha algum carro ou não e corri para entrar no condomínio.
No caminho até meu apartamento, são uns cem metros, que andei, literalmente, queimando meus neurônios naquele calor, pensando onde ele poderia morar e me perguntei porque eu estava pensando nisso. Era apenas um garoto, um crush do ônibus que eu nunca mais veria na minha vida.

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The Greatest (O Maior)
Короткий рассказNuma tarde de domingo quis contar isto e o resultado...