0.8 onde há polaroids

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Há sensações que crescem no peito de uma forma que não podemos ter percepção. Há sentimentos que nos passam pelas veias e quando aliados ao sangue venoso consomem-nos. Há momentos na vida que nos questionamos quando foi que nos perdemos, nos fomos e não voltamos. Perdidos entre noções, batidas, olhares, vidas e feridas.

Um pedacinho do coração de Jungkook pareceu morrer ali, sem que percebesse, quando se viu tomado por aquele momento, por aquele sentimento de dúvida e a sensação de que podia explodir se fosse ao fundo daquela questão.

O que seria deles se o futuro não os tivesse traído? Onde estariam agora?

Quando Jungkook não soube responder aquilo, sem um visão do futuro naquele momento, Jimin deixou as pernas deslizarem pelo banco e soltou o cinto de segurança.

- Você quer entrar? - convidou ele, sorrindo de lado e evitando o ambiente que se formaria ali se ele não dissesse mais nada. - Eu acho que tenho mais vinho.

Jungkook deslizou os dedos pela chave do carro, girando-a lentamente e desligando-o. Agora a chuva era o único som por ali, a luz era escassa, os postes da rua pareciam não estar funcionando e era tarde.

- Jura? - ele tentou um tom brincalhão, sabendo que não deveriam beber mais, mas achando de forma inegável aquela proposta tão tentadora.

Jimin deslizou os dedos pela porta até encontrar o que queria, abrindo a mesma e correndo depois de a bater até estar encolhido debaixo do alpendre, tentando segurar o seu casaco contra si. Jungkook se curvou no banco, sem acreditar, estreitando o olhar e tentando vê-lo por entre a chuva pesada. Logo a seguir saiu, trancou o carro e correu até achar o corpo de Jimin, indo contra ele por entre a escuridão, as risadas se misturando.

Jungkook estava esfregando os braços com as mãos, friorento, porque deixara o casaco molhado no carro e ao vê-lo assim Jimin parou, dali donde estava, o olhando por entre a escuridão, parecendo levemente chocado, quase como se estivesse assustado.

- O que foi...? - Jungkook perguntou-lhe, espreitando por cima do seu ombro, medroso que fosse algo acontecendo atrás de si e Jimin ajeitou os cabelos na testa, a memória assombrando-o de uma forma que ele não sabia lidar.

- Eu acabei de me lembrar que a minha casa está uma bagunça... - ele mentiu, virando-se para a porta e procurando nos bolsos a chave de casa. - Porque ainda estou me mudando. - explicou ele, inserindo a chave na fechadura e abrindo a porta. - Então me desculpe. - ele sussurrou de forma engraçada, entrando logo a seguir e procurando cegamente o interruptor na parede dali.

Jungkook realmente viu a bagunça, a qual ele não estranhava em Park Jimin. Não tivera a chance de viver com o garoto e ver aquilo de perto, embora fosse algo que tinham em mente fazer juntos muitos anos antes. No entanto, passara muito tempo em casa de Jimin, assim como o mais velho na sua, e só por aí ele podia perceber o quanto o loiro era alérgico a arrumação.

Pela sala haviam inúmeras caixas por desempacotar, algumas abertas, e a sala estava logo ali de frente, à direita da entrada, e pela esquerda tinha a entrada para a cozinha. Jungkook sorriu, percebendo que aquela era o ínicio de uma mudança, os móveis ainda eram poucos, nas paredes não havia nada pendurado e o sofá parecia pronto a estrear.

Jimin esfregou as mãos pelo rosto, rindo em desespero por toda a desarrumação, olhando o mais novo, o sorriso que não deixava os seus lábios ali dirigido a si.

- Está tudo bem. - assegurou o moreno, batendo as mãos nas coxas e dando um passo em frente, sem conseguir ficar quieto.

- Vinho! Vou buscar! - apontou a cozinha, dirigindo-se a ela e, curioso, Jungkook se moveu, espreitando as caixas de esguelha, sem querer ser intrusivo. - Jun... - Jimin voltou manhoso, segurando as duas taças com o líquido escuro e ao virar-se, ainda tocado pelo apelido, Jungkook o olhou bruscamente antes de o seu corpo dar um passo em falso e ele quase cair para trás, tropeçando em um dos caixotes, que girou uma vez, deitando algumas coisas no chão, e logo depois Jeon Jungkook. - Oh, você está bem? - Jimin se apressou, pousando as taças em cima da beira da lareira apagada, depois aproximando-se do maior e ficando de joelhos no chão. Jungkook acenava, mas Jimin não parecia convencido. - Me desculpe, mesmo! Isso realmente está uma confusão...

Onde há uma casa amarela ]jikook[Onde histórias criam vida. Descubra agora