Há sensações que crescem no peito de uma forma que não podemos ter percepção. Há sentimentos que nos passam pelas veias e quando aliados ao sangue venoso consomem-nos. Há momentos na vida que nos questionamos quando foi que nos perdemos, nos fomos e não voltamos. Perdidos entre noções, batidas, olhares, vidas e feridas.
Um pedacinho do coração de Jungkook pareceu morrer ali, sem que percebesse, quando se viu tomado por aquele momento, por aquele sentimento de dúvida e a sensação de que podia explodir se fosse ao fundo daquela questão.
O que seria deles se o futuro não os tivesse traído? Onde estariam agora?
Quando Jungkook não soube responder aquilo, sem um visão do futuro naquele momento, Jimin deixou as pernas deslizarem pelo banco e soltou o cinto de segurança.
- Você quer entrar? - convidou ele, sorrindo de lado e evitando o ambiente que se formaria ali se ele não dissesse mais nada. - Eu acho que tenho mais vinho.
Jungkook deslizou os dedos pela chave do carro, girando-a lentamente e desligando-o. Agora a chuva era o único som por ali, a luz era escassa, os postes da rua pareciam não estar funcionando e era tarde.
- Jura? - ele tentou um tom brincalhão, sabendo que não deveriam beber mais, mas achando de forma inegável aquela proposta tão tentadora.
Jimin deslizou os dedos pela porta até encontrar o que queria, abrindo a mesma e correndo depois de a bater até estar encolhido debaixo do alpendre, tentando segurar o seu casaco contra si. Jungkook se curvou no banco, sem acreditar, estreitando o olhar e tentando vê-lo por entre a chuva pesada. Logo a seguir saiu, trancou o carro e correu até achar o corpo de Jimin, indo contra ele por entre a escuridão, as risadas se misturando.
Jungkook estava esfregando os braços com as mãos, friorento, porque deixara o casaco molhado no carro e ao vê-lo assim Jimin parou, dali donde estava, o olhando por entre a escuridão, parecendo levemente chocado, quase como se estivesse assustado.
- O que foi...? - Jungkook perguntou-lhe, espreitando por cima do seu ombro, medroso que fosse algo acontecendo atrás de si e Jimin ajeitou os cabelos na testa, a memória assombrando-o de uma forma que ele não sabia lidar.
- Eu acabei de me lembrar que a minha casa está uma bagunça... - ele mentiu, virando-se para a porta e procurando nos bolsos a chave de casa. - Porque ainda estou me mudando. - explicou ele, inserindo a chave na fechadura e abrindo a porta. - Então me desculpe. - ele sussurrou de forma engraçada, entrando logo a seguir e procurando cegamente o interruptor na parede dali.
Jungkook realmente viu a bagunça, a qual ele não estranhava em Park Jimin. Não tivera a chance de viver com o garoto e ver aquilo de perto, embora fosse algo que tinham em mente fazer juntos muitos anos antes. No entanto, passara muito tempo em casa de Jimin, assim como o mais velho na sua, e só por aí ele podia perceber o quanto o loiro era alérgico a arrumação.
Pela sala haviam inúmeras caixas por desempacotar, algumas abertas, e a sala estava logo ali de frente, à direita da entrada, e pela esquerda tinha a entrada para a cozinha. Jungkook sorriu, percebendo que aquela era o ínicio de uma mudança, os móveis ainda eram poucos, nas paredes não havia nada pendurado e o sofá parecia pronto a estrear.
Jimin esfregou as mãos pelo rosto, rindo em desespero por toda a desarrumação, olhando o mais novo, o sorriso que não deixava os seus lábios ali dirigido a si.
- Está tudo bem. - assegurou o moreno, batendo as mãos nas coxas e dando um passo em frente, sem conseguir ficar quieto.
- Vinho! Vou buscar! - apontou a cozinha, dirigindo-se a ela e, curioso, Jungkook se moveu, espreitando as caixas de esguelha, sem querer ser intrusivo. - Jun... - Jimin voltou manhoso, segurando as duas taças com o líquido escuro e ao virar-se, ainda tocado pelo apelido, Jungkook o olhou bruscamente antes de o seu corpo dar um passo em falso e ele quase cair para trás, tropeçando em um dos caixotes, que girou uma vez, deitando algumas coisas no chão, e logo depois Jeon Jungkook. - Oh, você está bem? - Jimin se apressou, pousando as taças em cima da beira da lareira apagada, depois aproximando-se do maior e ficando de joelhos no chão. Jungkook acenava, mas Jimin não parecia convencido. - Me desculpe, mesmo! Isso realmente está uma confusão...
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Onde há uma casa amarela ]jikook[
Fanfiction[C O N C L U Í D A] Quando Seokjin planeou reunir os amigos que não estavam juntos há quase dez anos ele não esperava que tal ideia fosse ter tal resultado, afinal Jungkook sabia que ao ver Park Jimin ele voltaria a reviver velhas e boas memórias, f...