0.7 onde há futuro

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Jeon Jungkook era um pessoa que raramente pensava sobre o futuro ou sobre o que podia estar literalmente reservado para si. Não gostava de pensar no que lhe reservava, porque tinha medo de se perder aí, passar a viver com medos e receios, mas não conseguia evitar.

Haviam dois grandes momentos em que Jungkook repensara o seu futuro ao longo da sua vida. Unicamente dois e claro que nada estavam relacionados com escolhas profissionais.

A primeira acertara-lhe em cheio, logo em Seul, que nem era a sua cidade, quando ele e Park Jimin romperam. Na volta para casa, depois de terem tomado aquela decisão, viu-se inundado, pela primeira vez, por questões estranhas que nunca lhe tinham atingido.

O que faria agora? Qual seria o seu futuro? Ficaria sozinho para sempre? E todos os planos que tinham? Não iam mais viver juntos em Busan? Deveria sair da casa dos pais? Arranjar um trabalho sério? O que seria dele?

Na altura, quando Jungkook deixou o comboio na estação de Busan, voltou para casa andando, sem saber que pensamentos incertos eram aqueles, o consumindo por o completo, sem o deixar prestar atenção em outra coisa qualquer, a percepção estragada, tanto que não conseguiu abrir o guarda-chuva e chegou encharcado a casa. Encharcado e triste, Jungkook achou que no dia seguinte tudo mudaria. Acordaria pela manhã, talvez mais cedo, e saberia exatamente o que fazer.

Na manhã seguinte Jungkook não deixou a cama. Passou o dia deitado nela, a barriga para cima e o olhar perdido. Não passara o dia dormindo, quem lhe dera. Escrevera tantas mensagens para Jimin que dias depois ainda pensava se as devia ter enviado. Devia?

A vez seguinte teve lugar anos antes, quando conhecera Yang. As questões eram tão semelhantes às de antes, mas as respostas demoraram menos a vir. Soube no entanto, de forma tão simples, que aquilo lhe faria bem, que Yang lhe faria bem.

Por apenas um instante naquela noite, ainda, Jungkook se viu questionando o que devia fazer nos dias seguintes, se as decisões que estava tomando eram as mais acertadas ou se estava, mais uma vez, cometendo erros.

- Hyung... - ele acabou gargalhando, parado do lado do bengaleiro na entrada do restaurante, rindo-se da forma como Jimin mexia os braços dentro do casaco que trouxera, friorento e bêbado.

Acabou vestindo o próprio sobretudo, com medo do tempo lá fora. Chovia tanto, mas felizmente os trovões tinham diminuído, era o que julgava.

- Achei! - exclamou ele, puxando a chave do carro do bolso e mostrando-a ao maior, sorridente.

Depois de tantas garrafas de vinho e fraco como era para o álcool, Park Jimin estava agora, de uma forma irreversível... bêbado. Não costumava ser chato, era normalmente bastante engraçado, para Jungkook, que tinha paciência.

- Eu posso conduzir, hyung? - pediu ele, não porque tinha medo da condução do outro, mas sabia sobre as consequências. Não é que Jungkook estivesse livre de qualquer gota de álcool no sangue, mas entre os dois...

- E como te levo em casa se você conduzir?

Era uma boa pergunta, mas, astuto, Jungkook tinha um plano para isso.

- Deixe eu te levar e eu chamarei um táxi para mim depois.

Era uma boa oferta, mas Jimin não pareceu convencido, enfiando as mãos nos bolsos do casaco fino e negando levemente com a cabeça, de um lado para o outro, tonto e bobo.

- Não quero. - insistiu então. - Quero te levar em casa.

- Hyung, está chovendo tanto... Pode ser perigoso para você conduzir depois.

Jimin tentou se imaginar, conduzindo sozinho no meio da tempestade, mas como poderia ele deixar Jungkook nas mãos de um taxista vulgar conduzindo naquela mesma tempestade?

Onde há uma casa amarela ]jikook[Onde histórias criam vida. Descubra agora