2.3 onde há coragem

2.3K 311 131
                                    

Jungkook podia jurar que um tipo de filtro preenchia o seu olhar quando Jimin lhe aparecia na frente. Era como um tipo de sépia celestial que o fazia ver as coisas com mais clareza, que o fazia ver a preciosidade de tudo. Jimin era uma preciosidade daquelas... 

Quando parou do lado da própria cama naquela manhã, com a visão da sua filha dormindo sobre o braço de Park Jimin, o mesmo a envolvendo em meio abraço, completamente adormecido também, o fez perceber que o filtro não caía sobre Jimin, mas sim sobre tudo o que ele envolvia. 

Na altura subiu o braço para coçar os cabelos, como se estivesse confuso, mas nem lá chegou. Houve um momento que perdeu a noção do espaço e do peso, como se não estivesse ali. Os olhos alargaram-se, surpreso pela forma como aquilo o fazia sentir... completo. 

Naquela manhã, quando Jimin saiu já a sua mãe tinha ido embora, no entanto, isso não se traduzia por "ela não o viu". Yang Mi ainda dormia na cama quando os dois se despediram de forma atrapalhada na porta, onde Jeon Jungkook não teve coragem de o beijar novamente. A pequena não fez pergunta nenhuma, mal parecia lembrada daquilo e por isso Jungkook achava que estava livre daquela parte. 

No entanto, dois dias depois, Jungkook foi provado do contrário logo pela manhã. 

Estava quase deixando a casa para deixar Yang Mi na escola e ir trabalhar quando bateram na sua porta. Estranhou, porque era cedo, porque não era normal receber visitas, ainda para mais por aquela hora. 

– Quem é?! – ouviu a mais nova gritar para o outro lado, em frente da porta, sem se atrever a abri-la depois de o pai a ensinar que não devia fazer isso. 

– É a 'vó, Yang! – respondeu a mais velha do outro lado, o que fez o Jeon mais novo apressar-se a ir até a porta e abrir a mesma. – Bom dia! – estufou as mãos na cintura, como se estivesse cansada de ir até ali. 

Chin-Sun não morava muito longe deles, apenas alguns quarteirões e, às vezes, pela manhã cedo gostava de caminhar e parava pela casa do filho, principalmente quando a neta estava por lá. 

–  Bom dia... – embora conformado, Jungkook nunca entendera porquê que a mãe fazia aquilo, o deixando sentir que era uma criança que precisava ser checado de tempos em tempos para não fazer asneiras. – Pegue as suas coisas, Yang. 

A pequena cumprimentou a avó com um abraço escasso e um beijo estalado na bochecha, depois caminhando de forma preguiçosa para o interior da casa. 

–  Café? –  o mais novo ofereceu, entrando para a cozinha e sendo seguido, a chávena meio cheia o esperando. 

A mulher negou, olhando em volta e sorrindo de forma subtil ao pousar o olhar no parapeito da janela. 

– Já colocou água no seu girassól hoje? 

Jungkook olhou a planta, acenando com a cabeça enquanto bebericava, encostado ali, esperando pela filha, quando olhou a mãe e percebeu um olhar muito mais simples do que alguém que estava falando de uma flor. 

Confuso, Jungkook se questionou se tinha mesmo colocado água. Tinha iniciado o hábito que regar a planta enquanto a água para o café fervia na cafeteira e preparava o pequeno almoço da mais nova. Não se podia ter esquecido mas... será que o seu girassól estava para morrer? 

–  E Jimin? 

Jungkook pousou a caneca antes que a mesma se despedaçasse no chão e escondeu as mãos dentro das mangas compridas da camisa folgada que vestia. 

–  Jimin o quê? –  acabou dando as costas à mãe, temendo aquele assunto dos pés à cabeça. 

– Vocês pareciam chegados naquele dia. 

Onde há uma casa amarela ]jikook[Onde histórias criam vida. Descubra agora