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Remus e eu nos encontramos no caminho para a minha casa. Eu mandara mensagem para a minha mãe avisando-a de que ele também almoçaria por lá. Então, quando chegamos, meus pais já estavam almoçando e a mesa estava posta para  quatro. Depois de comermos, Remus e eu subimos para o meu quarto com os chocolates. Ele apenas deitou na minha cama e coloquei nosso filme favorito, Os Miseráveis, para vermos enquanto comíamos. Não dissemos nada que não tivesse a ver com a história até o final desta, quando ele se sentou na cama e me encarou.

— Eu não tenho certeza se tenho coragem para contar para o James — ele disse, direto.

O encarei um pouco antes de decidir o que responder.

— Por quê? — Ele deu de ombros com o meu questionamento.

— Eu sei que ele não vai me julgar, talvez até tente me ajudar — começou um pouco apreensivo — mas ainda sim... Eu travo toda vez que eu lembro que vou contar que gosto do melhor amigo dele. Fico pensando sobre ele deixar escapar em uma conversa entre os dois ou fizer algo que deixe o clima entre a gente estranho...

— Eu já te disse sobre isso... — comecei, me lembrando do dia em que ele me contara sobre isso.

— Eu sei e eu estou tentando não deixar as coisas estranhas. Tento não pensar sobre o que eu sinto pelo Sirius quando estou com ele... mas, de alguma forma, me pego pensando em passar a mão pelos cabelos dele, sobre a textura do seus lábios ou como seria ter aquelas mãos ao meu redor, me fazendo cafuné ou passando pelo meu rosto — suspirou.

Encarei-o por alguns instantes. Eu podia ver seus olhos brilhando quando falavam do garoto, um leve sorriso brotar em seus lábios. E, de certa forma, eu conseguia ver o quanto doía não ter aqueles sentimentos correspondidos. Eu queria fazer mais do que dar meros conselhos para ele, aquilo não amenizava tudo o que ele estava sentindo.

— Lily? — Ele me tirou de meus pensamentos e eu suspirei.

— Desculpa, Remus, mas eu só posso pensar em te aconselhar a contar para ele — encolhi os ombros.

Remus me encarou por um determinado tempo. Eu tinha certeza de que ele achava aquela a ideia mais estúpida que ele já ouvira na vida. Tipo, ele com certeza já havia pensado nisso, mas não achava que deveria realmente fazê-lo. E quem poderia culpá-lo? Realmente havia a chance da amizade dele e de Sirius acabar depois disso, dependendo de como os dois lidassem com o sentimento do outro. E eu sabia muito bem dessa parte da história.

— Esquece — eu disse com um suspiro. — Foi uma ideia estúpida. Vamos voltar a ver filme e nos entupir de chocolate.

Remus me encarou por uns segundos, então me deu um sorriso compreensivo, me abraçando e escolhendo o próximo filme. Por alguma razão, Orgulho e Preconceito pareceu um ótimo filme para ver, na concepção de Remus. Então nós dois ficamos vendo a história romântica das irmãs Bennet. E aquele fora só o primeiro de vários filmes de romance que veríamos naquela tarde. Nós dois acabamos dormindo em algum momento e só acordamos na manhã seguinte. Descemos juntos para tomar café e encontramos Severus e sua mãe na sala com a minha mãe. Eu vi o olhar que Snape me mandara, mas decidi ignorar e continuar meu caminho. Severus não demorou a me seguir, e se sentou à mesa junto de nós dois. Ele me perguntou como estávamos e conversou comigo normalmente. Remus não demorou muito a ir embora, me deixando sozinha com Severus.

— O Lupin? Sério? — Ele me questionou e fiquei confusa se o olhar que ele me lançava era realmente de nojo. — O Potter eu até entendo. Ele vem de uma boa família e já ouvi algumas boas coisas sobre ele, claro, cada um tem seu gosto — deu de ombro. — Mas o Lupin? Não achei que você pegasse tão baixo, alguém como ele...

— Alguém como ele? — O questionei sem entender o que ele queria falar com isso.

— Você sabe que ele e o Sirius... bem... Preferem as mesmas coisas — ele deu de ombros. — Eu não surpreenderia se você acabasse sendo chifrada...

Não lhe dei a oportunidade de terminar. Meu punho foi em direção a sua boca. E logo ele estava cambaleando para trás com a surpresa do golpe. Vi-o levar uma mão à boca e a outra à mesa atrás dele. Com certeza em algum momento ouve um barulho auto o suficiente para fazer minha mãe e a senhora Snape irem correndo para a cozinha para saber se estava tudo bem.

— Escuta bem, eu não me importo se você espalhar boatos sobre mim, não me importo que, mesmo dizendo ser meu amigo, ria das piadas nojentas que o Malfoy faça sobre mim. Pode me chamar de vadia o quanto for e de coisas do tipo. Mas nunca mais me deixe saber que você chegou a esse nível de escrotisse com alguém, principalmente com um dos meus amigos, seja ele quem for, seja verdade ou não isso... Ranhoso — disse olhando-o com sangue nos olhos e vi o olhar de choque que ele me lançou quando o chamei pelo antigo apelido que os Marotos lhe deram.

Não fiquei para saber como sua boca ficara ou para as perguntas das mulheres que estavam lá. Nem mesmo olhei para a minha mãe para ter certeza do olhar confuso e de desgosto que ela provavelmente me lançava. Apenas subi para meu quarto e me tranquei ali. Ouvir aquelas palavras saindo da boca de Snape haviam me machucado. Pensar que a pessoa que eu considerara meu melhor amigo por tanto tempo fosse tão preconceituosa... Acho que ver esse lado dele foi a parte mais dolorosa de todo esse processo que desfez a nossa amizade. Não me importava que ele achava que sentinentos pudessem ser manipulados. Mas vê-lo falar daquela forma... Me fazia quationar sobre todas as coisas nas quais eu acreditava. Lembrar de nossos momentos era uma constante dúvida se ele sempre fora daquele jeito ou se ele se tornou uma pessoa tão podre. E quando se tornou.

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