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No almoço todos falavam do suposto nariz quebrado de Severus. O que para mim não poderia ser verdade, mas o mesmo aparecera com o nariz muito hem enfaixado, o que só fez com que eu ficasse mais orgulhosa de mim. Agora, ao menos, todos saberiam que o estrago no rosto de Snape fora feito por mim, e não haveria mentira que ele pudesse inventar para ocultar isso. James falava com Sirius sobre algum plano para irmos para a detenção mais tarde, Marlene e Doe discutiam sobre algo aleatório e eu e Remus sobre um livro que a professora comentara na aula de Literatura. Foi no final do intervalo que Severus se aproximou da mesa. James me olhou e Remus e Marlene, que estavam um em cada lado meu, seguraram minha mão por baixo da mesa, enquanto eu tinha certeza que Sirius fazia o mesmo com Potter, provavelmente para que nenhum dos dois simplesmente socasse o garoto do nada. Eu apenas encarei Snape indiferente, esperando que ele começasse a falar.

— Sabe, Lily, se eu fiz algo que te magoou, você pode só falar, você sabe, não é? — Ele começou, me fazendo arquear as sobrancelhas. — Nossa amizade não pode acabar por falta de comunicação.

— Que tal se você deixar de ser um grande babaca? — Disse.

Vi que todos na mesa apenas trocaram olhares entre si e depois me encararam. Continuei olhando para Severus, que parecia um pouco surpreso.

— Isso é sério? Lily?

— Severus, de verdade, eu só quero distância de você agora — disse calma e nesse mesmo momento o sinal indicando o final do almoço tocou.

Eu me levantei e passei por Severus para ir em direção a minha próxima aula. Ele segurou meu braço me chamando e eu o encarei. No momento seguinte a mão dele fora arrancada do meu braço por James, que disse para o outro nunca mais tocar em mim e fazer o que eu havia falado para ele fazer: manter distância. Severus apenas riu.

— Você se acha muito melhor não é mesmo? — Snape disse e eu vi a raiva crepitar nos olhos de Potter.

— Melhor que você eu com certeza sou — ele disse e eu vi uma raiva crescendo em Severus.

O refeitório já estava praticamente vazio, as poucas pessoas que estavam ali haviam ficado para assistir o que aconteceria entre os dois. Eu decidira intervir, antes que aquilo tomasse maiores proporções. Agarrei gentilmente no braço de James que ainda segurava o pulso de Severus e me aproximei do mesmo, dando um leve beijo em sua bochecha e sussurrando em seu ouvido.

— Ele não vale a pena, lembra? — No mesmo momento ele voltou seu rosto para mim, me encarando.

Eu vi a cara de descrença de Severus pelo canto do olho, sem desviar do olhar de James. Ele assentiu e sentir ele soltando o braço de Snape. Logo comecei a puxá-lo para longe, sendo seguida de Remus, Sirius, Marlene e Doe.

— Sabe, eu estava prestes a usá-lo como meu bilhete para a detenção — Potter disse, me fazendo bufar.

— E ele iria junto — respondi. — Eu não estou a fim de mais um tempo com ele no mesmo lugar que eu.

Eu só percebi que estava andando de mãos dadas com Potter quando paramos em frente a minha sala e eu tive de solta-lo.

— Te vejo na última aula? — Ele questionou e ele assentiu. — Sirius e eu estamos pensando em colocar o plano em ação. Remus não vai para a detenção hoje — assenti novamente e entrei.

As duas aulas não demoraram muito a passar e quando o sinal tocou, logo segui para a sala, onde encontrei James e Sirius e me juntei a eles. Eles me explicaram o plano, não era nada muito complexo, mas que facilmente nos levava para a detenção. A professora chegou e começo a dar a aula normalmente, entretanto em um momento em que ela estava escrevendo algo no quadro e toda a turma estava em silêncio, eu coloquei meu celular para fazer barulho de animais. A professora se virou para a turma e viu Sirius e James fingindo imitá-los. Mesmo tendo pedido para pararem, os meninos continuaram por alguns segundos e então pararam. A professora disse-lhes que eles veriam a McGonagall depois da aula e só então notou que o barulho ainda continuava. Ela olhou em volta, andanso um pouco pela sala e parou ao meu lado.

— Evans — a mulher disse —, seu celular — a entreguei no mesmo momento.

Visto que o som saía do meu aparelho, também me mandou para a detenção. Só então ela voltou a aula normalmente, enquanto nós três comemorávamos com um high-five discreto. Quando a aula terminou, juntamos nosso material, e seguimos para a sala da McGonagall. Haviam apenas outras cinco pessoas na sala enquanto seguíamos para as carteiras no fundo. Quando eu já começava a ficar entediada — ótimo dia para se esquecer os livros em casa — Sirius tirou um baralho de dentro da mochila.

— Sr. Black, peço-lhe que guarde estas cartas antes que receba uma advertência que sei não será muito bem recebida por seus pais — a professora disse, fazendo o mesmo rapidamente guardar o baralho e James e eu rirmos.

Eu estava apenas rabiscando no mei caderno quando Sirius trocou de ligar com James, sentando-se na carteira atrás de mim, o que me fez virar.

— Remus conversou com você — Sirius disse e eu assenti, mesmo que aquilo não fosse uma pergunta. — E o que está acontecendo...?

— Ele tem que te contar, Sirius — respondi.

— Eu sei... Eu só estou preocupado... Ele parece estar tão distante...

— Ele só está com medo — coloquei a mão em seu braço, que estava cruzado em cima da mesa.

Sirius parecia realmente ser afetado pelo jeito que Remus estava agindo perto dele, pela a mudança de comportamento que deve ter havido de Lupin.

— Eu juro que ele deve conversar com você logo, não se preocupe. Por hora, tente mostrar o quanto você o quer por perto — aconselho dando de ombros.

Ele assentiu, sorrindo e volta para o seu lugar enquanto eu me virava para frente de novo. A detenção não demora a acabar e logo estamos do lado de fora da escola. James e eu nos despedimos de Sirius e Potter me oferece uma carona para casa, a qual eu aceito. Por um tempo, o único barulho dentro do automóvel é o do rádio.

— Sirius deve realmente seguir os seus conselhos — James disse. — Isso é incrível já que ele nunca segue os meus.

— Porque será, em, Potter — Eu digo sorrindo e ele ri.

Quase no mesmo momento, The Lady in Red começa a tocar e eu aumento o volume do som, cantando junto. Vejo que Potter me olha em alguns momentos e canta a música em tom baixo, quase inaudivelmente. Algumas outras músicas tocam e continuo cantando-as até que James estaciona em frente a minha casa.

— Você e o Sirius são estranhamente parecidos — ele comentou. — Às vezes eu tenho medo do que vocês podem fazer juntos.

Eu apenas pisco um olho e saio do carro. Assim como no dia anterior, ele espera eu entrar em casa antes de dar partida no carro. Mas diferente do dia anterior, eu o assisto sumir na janela, me perguntando que sentimentos eram aqueles que rodavam em meu peito.

TroublesOnde histórias criam vida. Descubra agora