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— Sirius está estranho — Remus disse, se jogando em minha cama.

— Estranho como? — Questionei.

Fazia uma semana desde que eu havia dado um conselho para Black. E ele estava seguindo esse conselho. Eu sabia disso tanto porque Sirius mostrava que queria passar mais tempo com Remus e porque James estava me contando as coisas que Black estava fazendo para mostrar para Remus que ele se importava com o amigo.

— Eu estou mais distante, eu sei — Remus disse. — Black está mais... próximo? Ele está fazendo de tudo para passarmos tempo juntos. Sábado ele foi lá para casa e ficamos assistindo filme. Só que, do nada, ele me abraçou e ficou assim até o final do filme.

Eu o encarei por alguns segundos, decidindo exatamente o que eu falaria. Eu imaginava o que Remus estava sentindo. Ele gostava de Black, só que o moreno não sabia desse fato, mas com as atitudes de Sirius, Remus estava surtando, afinal eu sabia que Lupin havia gostado de ter o melhor amigo agarrado a ele durante o filme, só que o problema era que aquilo não significava o que Remus queria que significasse, ele não esperava que ver filmes agarrado a Black se tornassem uma rotina.

— Ele não sabe, sabe? — Ele me questionou.

— Eu acho que não — respondi. — Eu não contei para ele nem para James, então eu duvido muito. Mas ele não está fazendo isso porque você gosta dele, Remus — o garoto me olhou, curioso e eu suspirei. — Sirius me perguntou o que estava acontecendo e eu falei que isso ele teria que ver com você, mas ele não estava gostando de vocês afastados, então eu disse para ele te mostrar que ele se importa com você. Ele não quer te perder, Remus, dá para ver nos olhos dele.

O garoto me encarou um pouco e então cobriu seu rosto com uma almofada. Me levantei de onde estava sentada para me sentar ao lado de Remus. Tirei a almofada de suas mãos e passei a mão por seus cabelos. Eu amava fazer isso e eu sabia que Remus também gostava.

— Fale ao menos com James, você precisa conversar com Sirius, Remus — disse e o garoto suspirou, eu sabia que ele estava cansado de me ouvir falando aquilo, assim como eu estava cansada de dizer, mas até que Remus fizesse, essa era a melhor escolha que eu poderia lhe dar. — Sirius não sabe dos seus sentimentos por ele e se bobear está achando que ele fez algo que te magoou. Ele vai agir dessa forma até você contar para ele ou começar a agir normalmente perto dele, sem receio de falar ou fazer algo. E eu sei que ter o Sirius dessa forma com você não vai te fazer bem, porque você vai estar desejando que aquilo significasse mais.

Remus assentiu com a cabeça e eu me deitei junto a ele, abraçando-o. Decidi colocar algo para vermos durante aquela tarde. Remus foi embora quando já era noite. Quando nos despedimos, Remus pediu para que eu estivesse com ele quando o mesmo contasse para James e pedisse a ajuda do garoto, claro que eu aceitei. O garoto me abraçou e então foi embora, enquanto eu subia de volta para o meu quarto.

※※※

Remus fora mais rápido do que eu prensara ao decidir falar com James. Na sexta-feira daquela mesma semana ele pediu para que eu o esperasse depois da aula, iríamos para a casa do Potter para que eles pudessem conversar. Dessa forma, depois do sinal do último horário tocar, encontrei os dois na saída da escola. Sirius havia ido para a detenção aquele dia e, segundo James, iria para casa depois que saísse, assim não havia problema em conversarem na casa do Potter. Entramos, então, no carro e o moreno nos levou até lá. Cumprimentamos Dona Euphemia quando chegamos e subimos para o quarto do garoto. Remus se sentou em uma cadeira e eu na outra, enquanto James se sentava ma cama, de frente para o amigo. Lupin me encarou e então voltou sua atenção para Potter, falando o que queria em um fôlego só, o que deixou James com uma cara surpresa e sem fala por alguns momentos.

— Certo — foi a primeira coisa que ele disse, respirando fundo. — Não é um problema tão grande — completou, Remus estava prestes a retrucar, mas James levantou a mão, pedindo para que ele se acalmasse. — Você gosta do Pads e não tem nada demais nisso — nesse momento eu já estava achando que algum parafuso havia se soltado em sua cabeça. — Você só tem que conversar com ele. Você sabe que o Sirius é tranquilo, conversa direitinho, explica para ele e tenho certeza que os dois vão arrumar um jeito melhor de lidar com isso do que se afastar. Você é importante para ele e estar longe dele agora não é o melhor momento, você sabe... — Remus e James trocavam um olhar significativo.

— Eu sei... — Remus respondeu, suspirando. — Acho que não dá para contrariar um conselho de dois — eu sorri, dando de ombros.

— Eu estou sempre certa, Reminho — disse, fazendo-os ri.

Nós três ficamos mais um pouco ali, jogando conversa fora. Remus foi embora pouco antes de Dona Euphemia ter feito o lanche e como eu havia ficado, me sentei a mesa da cozinha com ela e James e ficamos conversando. Dona Euphemia era uma mulher muito divertida e mente aberta. Ela me contou quando James ficara amigo dos meninos, sobre como foi quando Sirius contou para ela que ele é gay e de quando Remus contou que é bi e sobre as coisas que os três aprontavam juntos. Fiquei o resto da tarde ali, até que decidi que era hora de ir embora. James fez questão de me levar para casa. Me despedi da sra. Potter e segui meu caminho com James. Durante um tempo, o carro ficou em silêncio, apenas a música que tocava baixo fazia algum barulho no veículo. Foi James que quebrou o silêncio após parar em um sinal vermelho.

— Então era isso o tempo todo? — Ele me perguntou e eu assenti. De repente ele fez uma cara brava — Não acredito que ele te contou primeiro, eu sou amigo dele há mais tempo! — Eu ri.

— Mas eu claramente sou a amiga preferida dele — provoquei mostrando a língua e nós dois rimos. O sinal abriu e voltamos a andar. — Como você acha que o Sirius vai reagir?

— Eu não tenho certeza... — Ele passou uma das mãos pelo cabelo. — Eu só sei que Sirius vai tentar achar um jeito de tudo ser confortável para os dois. Ele se importa mesmo com o Moony e eu estou vendo como ele tem ficado com esse afastamento dele — eu apenas assenti.

Não demorou muito para James parar em frente a minha casa. Eu encarei a construção.

— Eu tenho quase certeza que a minha mãe já está desconfiando que eu estou namorando — disse revirando os olhos.

— Pode me apresentar para os sogros quando estiver pronta, Lírio — ele disse, se aproximando e eu ri, afastando-o um pouco. — Seria tão ruim assim namorar comigo, Evans? — Apesar do tom sério, seu olhar mostrava divertimento na pergunta e eu o encarei antes de responder.

— Antes, seria algo impensável — comecei —, mas agora eu vejo que não seria o fim do mundo.

Potter deu um sorrisinho e eu um beijo em sua bochecha, saindo do carro logo em seguida. Não foi preciso olhar para trás para saber que o garoto me acompanhou com o olhar até que eu sumisse pela porta de sua vista e que, só então, ele deu partida no carro. Eu estava com um sorrisinho no rosto que só notei quando a minha mãe me encarou e perguntou se eu esta a sorrindo daquele jeito por causa de homem. Eu apenas revirei os olhos e fui para meu quarto.

TroublesOnde histórias criam vida. Descubra agora