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"Quando queimar algumas pontes não for o bastante para criar certa distância, tranque as portas e jogue as chaves no rio, mas tenha sempre em mente que não há porta tão forte que não possa ser arrombada."
- Dialectic
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SunHee dormia solenemente, o semblante tranquilo facilmente descreveria seu sono profundo, não fosse pelo supetão em que seus olhos se abriram e a necessidade frenética com que o ar adentrou seus pulmões, deixando-a ofegante. Fitou o teto branco, em seguida esgueirou os olhos pelos cantos das paredes e qualquer lugar que sua vista pudesse alcançar, apenas para ter certeza de que estava em seu quarto; nada de ruas desertas, psicodélicas e carregadas de neblina.
Com dada precisão jogou seus pés para fora da cama, saindo porta a fora logo depois, em poucos passos abriu discretamente a porta em frente ao seu quarto e enfiou a cabeça na pequena brecha criada, visualizando em meio a breve escuridão, Hyerai dormindo tranquilamente enrolada nas cobertas. SunHee não pôde evitar escapar o suspiro aliviado. Soube então que a perseguição num cenário assustador em looping infinito em que WooHyun atacava sua mãe, era apenas mais um dos terríveis pesadelos que a assombrava esporadicamente.
Ao retornar ao seu quarto e fechar a porta atrás de si, a Lee fitou o relógio digital sobre o criado-mudo ao lado da cama, vendo em números vermelhos o horário de 04:21 da manhã. Suspirou, sabendo que assim como nas outras vezes, não conseguiria voltar a dormir, não quando acordou daquela forma. De qualquer modo, o despertador soaria dentro de uma hora e alguns minutos, portanto, SunHee arrumou sua cama e se despiu do seu pijama. Quando ergueu a camisa de botões para passar pela sua cabeça, por estar diante do espelho comprido ao lado do guarda-roupa, viu de relance a cicatriz em seu abdômen; induzida pelas circunstâncias, se demorou nela. Com as pontas dos dedos tocou superficialmente a linha horizontal em parco relevo, onde a pele era ligeiramente mais pálida, criando a mensagem não verbal que seus pensamentos precisaram para explodirem em perguntas infindas para as quais não possuía nem um terço das respostas. Sabia o que aquilo significava. Sentia a necessidade outrora amortecida costurar a sua sede de compreensão, mas a frustração no fato de que só existiam duas pessoas capazes de sanar aquele sentimento perturbador a incomodou, quase como um sabor amargo na língua. A ideia quase concreta de que não seria Hyerai a satisfazer todas as suas dúvidas, levou-a ao pensamento que as respostas tão necessárias para seu coração inquieto viriam da pior forma, oriundas da própria variável comum: Im WooHyun.
Até o momento em que SunHee adentrou a cozinha naquela manhã, já arrumada e encontrou Hyerai ainda de pijama preparando o café, sua mente era bombardeada pelos mesmos insistentes pensamentos, tão vivos que pareciam ecoar como ópera pelos ouvidos dela.
— Bom dia, Sun. — Notou que a filha já estava arrumada numa calça jeans claro, camisa lisa social magenta e um casaco branco de tecido pesado — Acordou mais cedo.
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Dialectic | ksj
FanfictionDialectic vem de dialética (s.f.) (di.a.lé.ti.ca) e significa: o mesmo que contrapor ideias e reconciliar contradições. "Enquanto uns confundem sinceridade com grosseria... Aí está você. Confundindo minha cabeça." Dona de uma personalidade inigualá...