|22|: Aos velhos tempos

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"A razão e o instinto não podem andar juntos. Pois mesmo que sua consciência te alerte a não errar, por autodefesa você se põe como prioridade, ignorando muitas das vezes aqueles que podem de fato sair machucados por sua inconsequência."
(Dialectic)

Todo o vestígio de sono que SeokJin sentia às plenas 5:00 da manhã de sexta-feira foi totalmente dissipado ao ter o mesmo empurrado as portas de sua cozinha, adentrando-a em seguida apenas para se assustar diante da visão que obteve ao acender a luz.

SunHee se encontrava sentada junto à mesa da cozinha, um capuz preto e aparentemente molhado cobriam seus cabelos que estavam no mesmo estado. A fumaça que emanava da xícara grande e marrom parecia aquecer sua face cuja refletia absorção do mundo ao redor.

- Misericórdia, SunHee! - o Kim exclamou assustado, pondo a mão sobre o peito - O que tá fazendo aqui? Você não ia dormir em casa? - como resposta a Lee apenas levou a xícara até seus lábios, bebericando em seguida do líquido.

- Oi. - saudou e observou o corpo do homem à sua frente - Tá indo correr? - indagou ao notar a roupa esportiva que trajava.

- Sim. E você? Por que está toda encharcada? Melhor, por que está aqui à essa hora? - Jin tentava entender o estado da cozinheira. De algum modo ele sentia que a mulher não estava em seu estado normal, algo nela fluía uma energia fúnebre.

- Não consegui dormir, então resolvi adiantar. - respondeu novamente, no mesmo tom sereno e cansado que usara desde a primeira vez que abrira a boca naquele momento.

- Não conseguiu dormir? - repetiu, confuso - Algo aconteceu? - e então Jin tomou para si uma postura preocupada, afinal, era inevitável não se incomodar com a cena por mais comum que pudesse parecer.

- Se algo aconteceu? - suspirou, encerrando ali sua presença psicológica no ambiente e tendo seus pensamentos levados agressivamente até a noite de quinta-feira, uma noite a qual deveria ter sido feliz e comum ao lado de sua mãe.

• Flashback •

Palavra nenhuma necessitou ser ecoada depois de "Ele é seu pai, Sun" para que fizesse SunHee estancar por uns instantes, tentando forçar seus sentidos a acreditarem nas locuções lançadas pelos lábios de Hyerai.

Então Hee vagueou com os olhos oscilando entre sua mãe e aquele homem, o qual jamais vira em toda a sua vida e agora simplesmente se apresentava como seu pai; a pessoa que sentiu falta em cada segundo, mesmo que jamais tivesse o tido ao seu lado em algum momento. Sun quis falar algo, sentir raiva, gritar, chorar, qualquer coisa, porém, sua única reação se resumiu em recuar alguns passos suficientes para que sentisse a parte de trás de suas coxas encostarem no braço do sofá - o que foi bom, caso contrário recuaria até a beira de um penhasco.

- Não... É.... Isso não é possível. - a jovem protestou com sua incredulidade intacta - Por quê? - esperou por uma resposta, mas a única coisa que os dois mais velhos faziam era derramar lágrimas, por parte de Hyerai e crispar os lábios por parte de WooHyun - Me digam porquê! Por que agora, huh?

O homem engoliu em seco, mas logo encarou a garota perdida ali - SunHee, eu... Cometi um erro.

- Acho que percebeu isso tarde demais, sabe? Não espere que eu te entenda por sequer ter cogitado ficar. - Hee sentia seu peito pesar e a garganta doer. Eram tantas as coisas que sentia naquele instante que duvidava da coerência de suas palavras.

Dialectic | ksjOnde histórias criam vida. Descubra agora