|19|: Eu não vou dizer

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(SunHee)

    Eis que eu lhes apresento a GRANDE desvantagem em gostar de alguém: você vira um doido neurótico-dependente da simples presença da pessoa. Depois da briga - pra variar - que tivemos, a minha relação com SeokJin se tornou algo estritamente profissional, digo isso num patamar à nível do que deveria ter sido ao menos no início. Acho que não só eu, mas ele também se prendeu dentro de uma bolha de orgulho, daquelas facílimas de estourar... como se um "desculpe, eu errei" fosse metaforicamente o dedo ossudo de uma criança de cinco anos, capaz de acabar com a junção de água, sabão e orgulho num simples toque irreverente. Contudo, algum de nós dois estava disposto a ser o dedo? Obviamente não. Até porque se fosse fácil assim, perderia a característica vital que nos unia. Então, um pouquinho de redundância era sim, bom... Mas também péssimo.

   Para começar, a constante frustração por conta do hábito criado, era irritante. Céus! Como de praxe, eu acordava e começava mais um dia, na expectativa de que quando eu fosse servir a primeira refeição do senhor Kim (me deixa), ele usaria uma de suas costumeiras piadas bosta. Então era aí que a realidade se metia onde não foi chamada. A inconveniente simplesmente batia na minha cara e eu pensava "Ah, olha só! Acabei de me lembrar! Nós brigamos!". E com isso, prosseguia mais um dia chato, entediante - eu NUNCA achei que diria isso - simplesmente porque Kim SeokJin fazia parte dele apenas superficialmente.

    Sim. Eu estava com saudade da presença insuportável - mas totalmente aceitável - de SeokJin na minha vida. Tudo porque... eu nutria sentimentos por ele (?).

Mas antes que você diga: então pare de se martirizar e peça desculpas você mesma.

Eu digo que sim, eu tentei. Bom, não falei um desculpa literalmente, mas achei que ele entenderia o recado. Vamos entender a situação.

Como eu disse antes, nosso relacionamento estava do tipo profissional-frio, portanto as únicas horas do dia que eu o via era nos horários das refeições e por isso, numa manhã, servi seu dejejum acompanhando de um pouco de educação.

- Bom dia! - ajeitei o prato de sopa sobre a mesa de vidro e até mesmo fui capaz de sorrir!

SeokJin me mediu da cabeça aos pés, com o olhar carregado de desprezo e simplesmente disse na maior falta de vontade.

- Bom. - e enfiou uma colher na boca, anunciando que não estava pra conversa.

Não sou de ferro, então bufei e sai pisando firme mas silenciosa. Qual era a dele? Eu falei com ele, demonstrei um claro sinal de que podíamos conversar e que ele poderia me pedir desculpa que tudo já estaria esquecido. Você não acha que fui beeeem óbvia?

- Definitivamente não, SunHee! Você vai precisar mais do que isso! - Yura exclamou. Era domingo e eu estava na casa dela, narrando os fatos.

- Quê? Mais!? - arregalei os olhos. Ao meu ver, ser eu a primeira a abrir a boca já era um passo gigantesco em direção à nossa rendição.

- Unnie, você definitivamente tem probleminhas, minha linda. Onde tu anda com a cabeça pra achar que Bom Dia resolve alguma coisa? - cruzou os braços, esticando as pernas sobre o sofá vinho.

- Aish... E o que eu faço então? - curvei os lábios, numa expressão triste.

- Acho que a resposta pra isso você tem.

- E se eu pedir desculpas e ele não aceitar? Posso não falar com ele nunca mais?

- Claro que não, né, idiota. Aí é só dar tempo ao tempo. Se bem que tenho quase certeza de que ele vai aceitar. Qual é, ele tá caidinho por você. - minha dongsaeng falou com tanta confiança que quase fui capaz de tomar aquela crença para mim.

Dialectic | ksjOnde histórias criam vida. Descubra agora