Distância

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Bakugou definitivamente odiava aquele esverdeado. Era incrível como o sorriso Midoriya era falso, incrivelmente falso e convincente as pessoas ao seu redor, bem, era a única explicação. Porque sério, porra! Estava claro que ele não era tão feliz assim, ninguém podia ser tão feliz assim. Katsuki achava que Izuku era otimista demais, porque sério, ele nunca o viu chorando; nunca, nunquinha mesmo.

Não que ele achasse que as pessoas deveriam viver chorando, mas com ele era diferente, porque a felicidade do Deku – Apelido dado a ele quando eram pequenos – era claramente falsa, podia sentir a dor nos lábios de força um sorriso um dia inteiro dali. Era estranho pensar que o Midoriya do jardim de infância, havia se transformado nisso que era hoje. As vezes queria ir tirar satisfação do porquê do sorriso do pequeno ter mudado tanto. Mas não queria, ou melhor, não tinha coragem.

Não se engane, Katsuki não era um covarde, mas sim complicado com os sentimentos. Queria se certificar de que o esverdeado estava bem, mas seu orgulho não deixava, e tudo por um simples motivo bobo e idiota de infância, na qual ele podia se recordar como se fosse ontem.

— Ou você não transa a muitos dias, ou você quer muito comer o Izuku. – Bakugou saiu de seus pensamentos ao ouvir a voz debochada do ruivo ao seu lado.

— O que? Mas que caralha Kirishima, claro que não! – Bakugou respondeu irritado e sem paciência com ruivo que ria na sua frente. – Posso saber qual é a graça? 

— Foi mal brô, mas é você que está olhando pro Midoriya como eu olho para uma pizza cheia de queijo. 

— Só sai merda dessa sua boca? 

— Claro que não, merda sai pelo cu, pela minha boca sai arrotos. – Falou rindo e se divertindo com a cara de nojo e irritação de Bakugou. Mas logo o encarou, ainda com um sorriso, porém falando um pouco mais sério. – Mas vai, me diga por que você não para de olhar para o Midoriya?

— É humanamente possível um ser humano ser feliz vinte e quatro horas por dia? – Encarava Kirishima, realmente querendo uma resposta.

— Tecnicamente... – Falou pegando uma das batatinhas. – Isso depende muito da situação, tipo família, amigos, dinheiro. Você entendeu, né? – Disse de boca cheia.

Bakugou revirou os olhos.

— Quando eu e o Deku éramos pequenos, no jardim de infância ainda. Ele vivia chorando, mas era por motivos banais, de crianças mesmo, porém, quando ele sorria, era... – Bakugou se recordou das vezes que brincaram juntos. – Sincero. – Deu um pequeno sorriso de lado, mas para sua sorte, Kirishima estava muito concentrado nas batatinhas que não o olhou, apenas ouviu. Logo deu uma bufada. – Mas hoje em dia, eu não o vejo chorar nenhuma vez, mas em contrapartida, aquele sorriso. Aquele sorriso é o mais falso que eu já vi.

Kirishima finalmente o encarou, atento as palavras do loiro.

— Olha cara, por que você não fala com ele? Ou melhor, por que você nunca fala com ele? – O ruivo perguntou, o olhando nos olhos.

 Era incrível como ambos conseguiam se decifrar facilmente, eles eram como irmãos de verdade. Ok, já transaram algumas vezes, mas ambos estavam bêbados e isso nunca interferiu no relacionamento de amizade deles.

— Falar com ele? – Perguntou irritado com aquela sugestão, o olhando incrédulo. – Esse merdinha entrou aqui a mais ou menos um ano, e durante todo esse tempo, ele não me dirigiu uma palavra, uma sequer! Você acha que eu já não tentei puxar assunto? Mas toda vez que eu fazia isso, ele inventava uma desculpa idiota para sair de uma situação imbecil.

É, isso pegou Kirishima de jeito. “Mas que situação complicada em”. Pensou o ruivo. Suspirou e voltou a encarar o loiro.

—Olha biribinha, tenta de novo poxa. As vezes ele só está nervoso, você me disse que são amigos de infância, não é? Tenta falar com ele. Ou tem mais algum motivo pra você não querer falar com ele?

Bakugou mordeu o lábio. Sim, ele tinha, mas era tão idiota que não sabia se deveria falar. “Aff, foda-se!

— Quando nós éramos crianças. – Bakugou começou, tendo total atenção de Kirishima. – Eu e ele fizemos uma promessa: Que iríamos continuar juntos para sempre, em qualquer circunstância. – Bakugou ignorou a carinha de “Ownti” que Kirishima fez. – E depois que eu descobri que ele iria se mudar, nós aumentamos isso, que não importaria onde estivéssemos, sempre iríamos nos falar. Mas... – Bakugou suspirou.

— Mas... – Kirishimao incentivou a continuar.

— Ele parou.

— Ele parou?

— Sim, ele não mandava mais mensagem, notícias, nem mesmo as cartas de desenhos que costumava mandar. Ele simplesmente, sumiu. Eu fiquei muito preocupado nos primeiros meses, mas decidi ignorar, pelo menos tentei. – Virou seus olhos para o esverdeado sentado na mesa mais próxima das janelas no refeitório. Estava rindo de algo contado pela sua amiga cara de bolacha, mas novamente, sabia que aquele sorriso era falso. – Mas aí, ele apareceu, do nada.

— Nossa... Isso é realmente complicado. E você disse que ele não quer falar com você, certo? – O ruivo estava pensativo.

— Certo.

— Já parou pra pensar que talvez, não é que ele não queira falar com você, talvez ele não possa. 

— Qual o sentido disso? Não faz sentido ele não poder falar comigo! – Bakugou elevou a voz, já perdendo a paciência novamente.

— Você disse que o sorriso dele é falso. Talvez seja por isso, talvez seja uma situação difícil, ou ele não tenha se dado bem com a separação de vocês dois. – Disse já voltando a comer as sua batatinhas, molhando uma delas no chocolate derretido dentro de um pote. Bakugou revirou os olhos.

— Como você consegue comer isso? Sério, batata frita com chocolate derretido? – Falou incrédulo, querendo ou não, já estava querendo sair daquele assunto.

— É muito bom ok! Além do mais, você não tem o direito de me julgar, senhor pimenta-até-no-refri! – Falou debochado.

— Cala essa sua boca! Isso que é uma combinação divina. – Rebateu explosivo.

Eles iam continuar a brigar se não fosse o sinal batendo, denunciando que deveriam voltar para a sala de aula. Se levantaram e foram em direção a sua sala. Porém, o loiro desviou sua atenção ao ouvir a voz de Midoriya.

— Podem indo, eu só vou ao banheiro. – Disse o esverdeado para seus amigos com um enorme sorriso. Falso, na visão de Bakugou.

Mas as palavras de Kirishima voltaram a sua mente. “Será que eu devia tentar falar com ele?”. Com esse pensamento em mente, ele decidiu tacar o foda-se novamente.

— Kirishima, eu vou ao banheiro, pode ir na frente.

O ruivo assentiu e foi em direção ao seu destino, enquanto Bakugou se dirigia ao banheiro. Entrou e não viu o esverdeado lá dentro, devia estar em uma das cabines.

— Midoriya? Eu vi que você está aqui dentro, e eu preciso falar com você. – Disse apoiado na porta, logo vendo uma das cabines de abrir e revelar o corpo pequeno de Izuku. Ele e encarava o chão, não tinha coragem de olhar os olhos carmesim de Katsuki.

— O-oi, Bakugou... – Disse baixinho, a voz quase inaudível.—

Vamos conversar, Deku...

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Oiê amores, esse foi o primeiro capítulo! Espero que tenham gostado.

Bjs de chocolate para todos -3-

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