Bom e ruim

335 41 6
                                    

O baque da porta foi tão forte que era provável que até mesmo os vizinhos do loiro tivessem escutado. Não, ele não estava puto... Talvez um pouco. Certo, ele estava. Mas o motivo não poderia ser classificado como ruim. Mas, também pode-se dizer que é ruim. Na verdade era complicado pensar nisso. Enfim, eles tinham ido ao orfanato Sakido e tinham descoberto coisas... Interessantes.

Assim que ele e Uraraka chegaram lá, a primeira vista tudo parecia normal. Conversaram com algumas crianças, pelo menos Ochako, já que o loiro impaciente fazia de tudo para fugir dos pirralhos. Enquanto a garota conversava com as crianças e lhe entregava os brinquedos, ele decidiu procurar alguma monitora ou pessoa que tivesse uma informação útil, ele precisava dar um jeito de conseguir informações de forma discreta e logo depois iriam embora, mas uma coisa fora dos planos aconteceu...

*Flashback*

— É sério que eu vou ter que procurar informações com um ursinho azul na mão?

— Sim, é sério. Pode ter alguma criança no banheiro ou um pouco mais afastada, e eu quero garantir que todas ganhem um brinquedo. Estamos aqui atrás de informações, mas isso não significa que não podemos ajudar outras pessoas também. — Retrucou Ochako, com certeza em sua voz. Bakugou revirou os olhos, mas fez como foi dito, estava sem paciência para questionar e sinceramente, no fundo, bem no fundo, e mesmo que não admitisse, gostava de ajudar as pessoas. Talvez tenha adquirido isso de Izuku.

Quando eram mais novos, o esverdeado fazia questão de ajudar todos a sua volta, até mais do que a si mesmo. Alguma das vezes resultava em um Midoriya todo machucado, ou porque fez de tudo para ajudar mais alguém, ou por ser tão gentil e ingênuo, que muitos aproveitavam de sua personalidade doce. No caso esses eram sempre oque levavam uma surra de Katsuki depois. 

Tinha essa lógica quando eram mais novos, se alguém machucasse Izuku, machucaria essa pessoas três vezes mais. E bem, não pretendia fazer diferente agora.

Andando pelos corredores da enorme construção, observava os cômodos. Alguns com brinquedos, mas a maioria sem. Sabia que isso era mais um fato real, mesmo que doassem, muitos dos funcionários tiravam das crianças para levarem para seus próprios filhos.

Era mais uma realidade cruel que muitos fingiam não existir. Negligência com aqueles que mais precisavam era uma coisa que irritava em demasia o loiro de olhos rubis.

Suspirou irritados com esses pensamentos e por até agora não ter achado ninguém por aquela parte. Caralho, será que eles também não faziam seu trabalho direito?

Ia voltar ao primeiro andar, onde se concentrava a maioria das crianças, visto que não via nenhuma pelos corredores onde ficava os quartos e outras salas didáticas. Mas ouviu algo que chamou-lhe atenção.

Era um choro.

Não parecia ser de um adulto, mas sim de uma criança. Será que havia se machucado? E por que estava sozinha? As inúmeras possibilidades tomaram sua mente. Poderia ser tanto pela leve implicância de outra criança, como poderia ser o motivo de estar ali. Congelou estático por leves segundos. Embora quisessem provas, pensar que Nine havia destruído a vida de várias crianças lhe dava náuseas.

Aproximou-se do choro contido. Vinha de um dos quartos no final do corredor, deduziu pela porta encostada de cor clara, que era um dormitório feminino. O som mais audível, o deu certeza de que estava vindo de lá mesmo.

Abrindo a porta de forma lenta para não assustar a criança - que chegava até a ser irônico, já que não era nada delicado - entrou a passos leves, vendo a expressão encolhida da criança, confirmou que era mesmo uma menina.

Sorriso FalsoOnde histórias criam vida. Descubra agora