Confiança

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Finalmente a aula havia acabado. Katsuki já não conseguia, e nem queria ouvir a voz irritante do professor de artes a sua frente. O senhor de idade estava testando os limites da paciência de Bakugou, essa era a única explicação para a sua decisão de liberar a turma somente depois de 10 minutos após o sinal. Justo naquele dia? Era sério? Sinceramente, não estava com paciência para essas coisas, por isso arrumou a mochila rápido, sendo seguido por Kirishima.

— Eu sei que você quer vê-lo, mas acho que isso é exagero. — Disse o ruivo dando de ombros. Bakugou revirou os olhos. 

— Se você calasse a boca, iria ajudar. — Retrucou irritado. 

— Se você pelo menos me contasse oque ouve. Ok, eu sei que você me falou que a mãe dele morreu, mas o jeito como você está, sei lá... Parece até que ele está em perigo. — O ruivo falou num tom pensativo. Bakugou nada respondeu, apenas continuaram a andar.

Kirishima sabia que o loiro gostava de Midoriya, era algo bem óbvio na verdade. Mas ele demonstrava uma preocupação surreal, como se algo fosse acontecer com ele a qualquer momento, e isso o intrigava, não só pelo fato de querer saber de fato oque estava acontecendo, como também via que ambos estavam de fato próximos. Oque era no mínimo caricato, visto que eles passaram um ano inteiro sem se falar, e do nada: Boom, estamos namorando! Ok, não tinha uma afirmação de que estavam de fato namorando, mas... Não tinha como negar. Certo, eram amigos de infância, um sentimento que continuou mesmo após anos... É, talvez nunca tivesse alguma chance mesmo. Odiava ter aqueles pensamentos, mas era inevitável. Tipo, Kirishima não podia simplesmente esquecê-elos... Podia? Talvez sim, mas ele fosse idiota demais para isso. 

Continuou a andar, o passo deu uma diminuíd.a, fazendo que com o loiro ficasse a frente dele. Suspirou, as palavras de Bakugou voltaram a sua cabeça. Aquele momento"reflexivo" do loiro realmente o havia pego de surpresa, não esperava isso dele, nem um pouco. Mas agora, elas dançavam por seus pensamentos. Talvez fosse muito egoísta por pensar apenas nele, se irritava consigo mesmo quando tinha o pensamento e desejo que Bakugou abandonasse Izuku e ficasse com ele, fazendo oque sempre faz, "Os problemas de alguém, são delas e eu não me importo". Mas novamente aquilo havia sido diferente com ele. Tsc... Era tão imbecil. Talvez Midoriya realmente precisasse de ajuda. Ou não, talvez estivesse fazendo aquilo para chamar atenção e- 

Sacudiu a cabeça com força, não queria aqueles tipos de pensamentos. Suspirou mais um a vez, precisava de ar. Falou a Bakugou que iria no banheiro, o loiro assentiu e disse para se encontrarem no refeitório. Assim que o loiro se afastou mais, foi em direção ao pátio, sentando em um dos bancos vazios. Pegou o celular para checar coisas fúteis e distrair a cabeça, mas algo o chamou atenção assim que destravou a dela. Ou melhor, alguém.

"Que tal tomarmos outro café hoje? Dessa vez, eu pago. :)"

mensagem pegou o ruivo de surpresa, que nem percebeu quando se formou um leve sorriso em seu rosto. Ainda sorrindo, respondeu.

"Eu adoraria."

A resposta veio em menos de um minuto.

"Perfeito, que tal hoje? Às 16:00?"

É talvez afastar aqueles pensamentos não fosse tão difícil assim.

* * * 

— Por favor, Zuzu. Olha, eu sei que algo aconteceu. Você está muito... Quieto. — Já era a quinta vez que Uraraka fazia aquela pergunta. Ok, ela estava preocupada e sabia disso. Mas é que de fato, não queria falar sobre isso. Na verdade, não queria falar com ninguém.

Aquela sensação de um nojo repugnante sempre o tomava depois de uma noite com Nine. E se sentia ainda pior por causa de Bakugou. O esverdeado de fato o amava. Durante anos ficaram sem se falar, durante um ano, estavam perto mas não trocaram uma palavra sequer. Midoriya pensava que não havia como recuperar aquilo. Que havia perdido de vez a amizade do loiro. Mas de repente, ele foi falar consigo. Ele foi até ele... Ele não havia desistido.

Sorriso FalsoOnde histórias criam vida. Descubra agora