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Eram 7 da manhã quando fui acordada por socos e uma gritaria incessantes em minha porta. Quando a abri, deparei-me com três oficiais do exército com as caras mal encaradas.

— Aqui está a sua convocação. A senhorita tem 40 minutos pra juntar um pouco de roupa e materiais de higiene pessoal, não que isso seja necessário. No quartel receberá uniformes e tudo mais que necessitar – jogaram a bomba em cima de mim sem nem tempo para raciocinar direito. Meu Deus! Eu acabei de acordar, vocês não viram isso?

Demoro alguns segundos para compreender o que acabou de acontecer e vou até o quarto arrumar minhas coisas.

Juntar, eu juntei, agora quem disse que eu fiquei com alguma coisa minha depois que coloquei meu pé para fora de casa?

Era estranho, sempre achei que se algum dia fosse convocada, receberia uma carta e teria tempo de me despedir das pessoas. Mas não, fui acordada com batidas incessantes e em questão de horas já havia sido apresentada ao meu país, me encontrava fardada e estava a caminho de um avião que me levaria até meu destino.

O máximo que consegui fazer foi enviar uma mensagem de áudio para Krystian, dizendo que os oficiais haviam acabado de aparecer em minha porta e que estava indo para a guerra sem previsão de volta. Pedi-lhe que avisasse as meninas com cuidado e dissesse que as amo. Ele obviamente me respondeu com uma mensagem histérica, mas eu não tinha tempo para surtos naquele momento, então só o pedi que rezasse por mim e reforcei o quanto os amo.

Hoje parece até ser um dia especial, um dia de trégua. Pois desde que cheguei aqui, não escutei disparos, bombas, mísseis e nem nada. E a visão da ala da Cruz Vermelha parece ser um paraíso no meio ao inferno. De acordo com o que ouvi algumas pessoas comentarem, é um lugar sagrado. Você mata quem quiser, explode, fere, atinge, mas jamais faça algo ao barracão da Cruz Vermelha.

Existem dois barracões, separados apenas por um morro, digamos não muito grande e fácil de ser atravessado. Todavia, era evidente que ninguém se atreveria nem a sonhar em atravessar ou se aproximar desse morro, afinal, é ele quem nos separa do inimigo.

O paraíso, porém, transformou-se num inferno assim que coloco meus pés dentro do barracão. Em fração de segundos, avisto mais de 300 feridos em situações deploráveis, para apenas um único médico e cerca de 20 enfermeiras. Agora entendo porque minha chegada era tão aguardada.

Um ponto que me chamou atenção, é o quanto este local está bem preparado fisicamente e materialmente para receber os feridos. Claro que ao pensar nisso, não pude deixar de lembrar em quantas pessoas estaria necessitando desses remédios e leitos nos hospitais do mundo todo, enquanto os mesmos são usados em uma guerra estúpida.

Hey, vocês viram que fiz outra capa pra LL? Ninguém disse nada... Vocês gostaram?

Les Lignes de L'amourOnde histórias criam vida. Descubra agora