Capítulo 4

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Richard

A notícia da guarda da Sofia caiu como uma bomba na minha cabeça. Hoje acordei responsável por uma criança apenas e agora sou responsável por duas. Se me perguntarem como me sinto eu respondo: perdido. Mas aí lembro das palavras do Steve e tudo fez sentido. Ele me escolheu para ser o pai da Sofia, papel que infelizmente ele não poderá desempenhar. Notei Bea descontrolada emocionalmente e fui até ela para tentar controlá-la.

- Bea! Não fica assim. Shhhh não chora. – a abracei, e que saudade eu estava daquele abraço.

- O que faremos agora? Me responde Richard.

- Não sei. Mas vamos descobrir isso juntos ok? Eu tenho duas crianças agora – ela assente e limpa o rosto com as mãos.

- Como você irá contar isso a sua esposa? Vocês têm um filho.

- Eu me divorciei há mais de um ano Bea. Não tem esposa só meu filho, que mora comigo. A mãe, o abandonou.

- Eu sinto muito. Não sabia disso. Me desculpe.

- Não precisa se desculpar, aconteceu de não estarmos mais presentes um na vida do outro – Mentira, da minha parte, eu sempre sabia dela através do Steve. Foi a maneira que encontrei de tê-la próxima a mim.

- Ahhhh meu Deussss! – Ela deu um pulo da cadeira e colocou a mão na boca.

- O que foi? Sentiu alguma coisa? Senta um pouco, vou pegar água. – Corro até a jarra de água no aparador atrás da minha mesa e entrego para ela – Beba, vai te fazer bem.

- Estou bem... É só que – ela tenta falar – só que não são duas crianças que conviverão conosco. Serão três. Eu estou grávida de 12 semanas Richard.

Sabe quando cai uma bomba nuclear e ela forma um cogumelo? Era assim que estava a minha mente. Bea, grávida... Se ela está grávida significa que o bebê tem um pai e agora todo o cenário muda.

- Bea. Uau isso é...

- Ótimo? Assustador?

- Sim, claro que é ótimo. Mas e agora? O que seu noivo, namorado... enfim o pai do bebê vai achar.

- Ele não vai achar. Pois simplesmente não há pai nenhum. Quer dizer há..., mas eu não sei quem é.

- Como assim Beatrice? – O que era aquilo que ela estava me falando? Que ela fez da vida, até onde eu sabia dela, ela não tinha esse tipo de comportamento.

- Como assim o que? – Ela me encarou com raiva. Sim era raiva no seu olhar e de repente arregalou os olhos e fúria surgiu – Por um acaso Richard, está achando que sou uma qualquer?

- Não é isso Bea. É que bebês só se fazem de um jeito e geralmente sabemos com quem. Por um acaso é milagre do espírito santo? – Ao terminar de falar eu senti o rosto arder e um belo tapa ganhei e nossa como ardeu.

- Gênio! – Ela bate palmas – Já ouviu falar em produção independente? Que nojo de você. Não sou igual a essas mulheres que você conhece.

De novo... a bomba atômica cai na minha cabeça e me arrependo amargamente das merdas proferidas, e agora aquele tapa nem foi nada mediante o que merecia.

- Me desculpa. Eu realmente fui um idiota. Não medi as palavras.

- Foi idiota não, você é idiota. Olha só precisamos ver o que faremos daqui por diante. As crianças têm que vir em primeiro lugar. Agora, se me dá licença, quero ficar o mais próxima da Sofia. Nesse momento o foco é ela.

Beatrice sai da minha sala e eu fico perdido em meus pensamentos. Nossa, ela está grávida, e por produção independente. Que coragem. Eu não posso esperar menos dela. Sempre foi tão determinada, tinha todo um planejamento de vida montado aos 17 anos e hoje noto que ao menos alguns ela seguiu à risca. E ser mãe é um deles. Se antes eu já a admirava, agora é que eu a venero. E Sofia não poderá ter referência materna melhor do Bea. Caberá a mim estar do lado dela a apoiando, ainda mais com uma gestação em andamento. Em meio aos meus pensamentos, ouço batidas na porta da minha sala, e quando autorizo a entrada, vejo minha mãe abrindo a porta.

- Oi meu amor, vim ver como você estava. – Pelo olhar dela, já entendi que ela já estava a par de tudo.

- Já está sabendo não é, mãe?

- Já... Linda falou conosco. Seu pai e principalmente seu irmão não ficaram muito contentes..., o que importa é que eu sei de coração que mais ninguém além de você e Beatrice mereciam essa tarefa. Eram amigos leais, presentes e a Sofia vai precisar disso, de amor, presença, carinho.

- Obrigado mãe. Ainda não sabemos como vamos fazer. A condição da guarda da Sofia é que eu e Beatrice vivamos juntos. Sob o mesmo teto. E sinceramente não sei como isso será. Bea mal me olha nos olhos mãe.

- Ela ainda é ressentida com você? Por aquele episódio infortuno na formatura do colegial?

- Então... Parece que fui rebaixado ao mesmo nível ou mais baixo que o Josh.

- Não fala assim. Quem sabe agora as coisas mudam. A maternidade costuma mudar as mulheres. E querendo ou não, agora vocês são os pais que a Sofia. – Conversar com minha mãe é sempre um balsamo. Ela consegue acalmar meu turbilhão.

- Engraçado... Bea está grávida mãe, produção independente. E eu, só para variar um pouco, pequei com ela. Desta vez não pela omissão, mas pelo excesso.

- Como assim? E uau, nossa que notícia surpreendente meu filho. E agora como vocês farão?

- Respondendo a sua primeira pergunta... Eu a questionei como ela não sabia quem é o pai. E a sua segunda pergunta... eu ainda não sei.

- Richard Foster! Não foi essa educação que lhe dei. Você não tem o direito de supor nada. Beatrice tem a vida dela, e cabe somente a ela saber o que faz.

- Eu sei mãe. Pedi desculpas, mas acho que agora não é uma boa hora de nos vermos.

- Também pudera. E como farão? No seu "apertamento" é que não dá para viver. Falei várias vezes para você comprar uma casa, Nico já está crescido e merece um espaço maior. E pelo que a mãe da Beatrice falou, ela mora em uma cobertura. Mas em Nova York. Você ficará se deslocando de lá para cá? Além disso cobertura não é local para criar crianças. Vocês têm que chegar a um consenso. Pense nisso. Já estou indo para casa.

- Obrigado mãe. Só me responde uma coisa... Por que meu pai e Josh não ficaram satisfeito com a guarda ter sido concedida a mim e a Beatrice?

- Por dinheiro. O que mais seria? Nem o testamento foi lido e eles se acham no direito de receber a parte do Steve.

- Inacreditável esses dois. Vou dar uma passada para ver Sofia e irei para casa. Meu plantão acabou. Preciso estar amanhã cedo com Nico e encontrar um meio de contar para ele como nossa vida vai mudar. Nos falamos depois.

Me despedi da minha mãe. Fui visitar Sofia, Bea tinha ido para casa descansar e trocar de roupa para estar aqui cedo. Infelizmente amanhã será a despedida definitiva dos nossos amigos e precisamos um apoiar o outro.

Cheguei em casa com meu menino no colo, não quis deixá-lo na casa dos meus pais. Quero ele do meu lado. Preciso do seu amor.

- Meu garoto. Nossas vidas mudarão muito a partir de agora... – beijei sua cabecinha e voltei para meu quarto. Que dia! Que Deus me dê sabedoria para lidar com esse novo. 

Um ano mesmo novoOnde histórias criam vida. Descubra agora