Capítulo 6

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Richard

Quando conversei com Nicholas pela manhã, tentei explicar levemente como nossas vidas mudariam e que provavelmente não ficaríamos mais na mesma casa. Uma mudança e tanto para mim, imagine para uma criança de quatro anos? Eu disse a ele que iríamos visitar a Sofia, e que ela precisava de nosso amor de agora em diante. Não demorou muito e meu filho veio para a sala com uma sacola de papelão amassada e seu urso de pelúcia dentro. Me disse que era para proteger a Sofia, já que agora ela seria irmã dele. Meu filho tem um coração de ouro, graças a Deus não puxou à mãe e nem ao lado podre da minha família.

Chegar no hospital e ver que ele se comportou lindamente me encheu de orgulho, apesar dele ter entregado que eu mantenho uma foto da Bea no meu criado mudo. Depois eu vou conversar com ele a não contar as coisas de dentro de casa para as pessoas. O que mais aqueceu meu coração foi como ele e Bea se deram bem logo de cara. E olha que Nicholas não se abre assim quando conhece alguém, até hoje ele tem pavor da Melanie. Agora esposa do Josh. E eu não tiro a razão dele e prefiro que mantenha distância daquela mulher.

Entreguei um Nicholas saltitante à minha mãe e irmã e voltei para o encontro de Bea no quarto que estava a Sofia, ao chegar notei que os pais de Bea estavam presentes. Cumprimentei eles e beijei a cabecinha da Sofy. Ela estava entretida no berço com o Fred e outros brinquedos.

- Bea, se importa de falarmos um pouco? Pode ser na presença dos seus pais mesmo. – falei olhando para Beatrice, que pela primeira vez estava olhando exclusivamente para mim e eu amei isso.

- Claro. Temos muito o que acertar. Quanto antes melhor.

- Certo... Pensei muito essa noite, eu moro em um apartamento que mal cabe eu e Nicholas. Posso parecer sovina, mas a realidade é que eu estou em busca de uma casa maior para morarmos, e agora com a chegada da Sofia, e o fato de termos que morar juntos e a chegada eminente do seu bebê, vamos precisar de um lugar maior. Seja em Hoboken ou Manhattan. Vou deixar a seu critério de escolha.

- Que bom. Eu também pensei muito essa noite. Quando descobri a gravidez, eu estava determinada já sair de onde moro hoje em dia. E agora a Sofia acelerou um pouco. Então estou de acordo a me mudar para Hoboken. Meu trabalho não requisita minha presença cem porcento no escritório e posso fazer muita coisa home office.

- Isso tira um peso que eu estava carregando. Já que estamos nos entendendo, quero que, assim que a Sofia sair daqui a gente verifique uma casa que fica dois quarteirões da casa de seus pais. Uma de janelas azuis. Um amigo médico morava lá por aluguel, mas se mudou para Seattle mês passado e acho que ninguém ainda alugou. Eu posso fazer uma oferta por ela. Ou se quiser, fazemos uma oferta juntos. Não sei como será a leitura do testamento amanhã, mas não quero depender do que ficará para Sofia.

- Não precisa se preocupar com isso Richard. – Fala o pai de Bea

- Como não? Precisamos de um espaço grande.

- Essa casa que você mencionou, eu a adquiri há alguns anos e ela é da Bea. É da herança dela. O que posso e farei é transferi-la para o nome dela, assim vocês teriam uma preocupação a menos e você investe seu capital em outra coisa, outro bem até. O que acham? – Olhei para Bea, procurando resposta e ela concordou com a cabeça. De fato, não ter que me preocupar com moradia já era um passo importante e aquela casa era incrível.

- Perfeito pai! Já é um alívio e tanto. Ela está em condições de nos mudarmos de imediato?

- Sim. Está completamente reformada, só vou colocar tela nas janelas, proteção nas escadas e na piscina. Isso faço em quinze dias. Então Richard, tudo bem para você?

- Mais que bem. Se Bea concorda, estou dentro. O senhor não sabe o fardo que está tirando de mim, e acredito que de Bea também. – Olhei para ela e estava sorrindo.

- Tá vendo princesa? Já temos nosso castelo para morar – falou Bea para Sofia e aquela cena me encantou. Bea podia não saber, mas ela era uma mãe nata. – A pediatra informou que Sofia pode ter alta amanhã. Após a leitura do testamento podemos buscar as coisas dela. O que acha?

- Perfeito. Vou começar a empacotar as minhas coisas e do Nico. Quanto antes saímos do apartamento melhor. Só temos que ver como faremos nos próximos quinze dias antes da mudança.

- Eu não vou me livrar do meu apartamento por enquanto. Podemos ficar lá. É espaçoso e cabe a todos nós. Só não é ideal para cuidar de crianças. Preciso deixar umas coisas alinhadas com a Natalie, minha assistente, então esse período em Manhattan servirá para isso. Tudo bem para você?

- Tudo perfeito. Agora preciso ir. Tenho uns pacientes para ver. – Me despedi dos pais dela e cheguei perto dela. Ela ainda mantinha o perfume floral que usava no passado e isso me trouxe boas lembranças da época que éramos amigos. – Apesar das circunstâncias, gostei de revê-la. Vamos fazer isso dar certo. Ok?

- Ok! Também espero por isso.

Saí do quarto e fui trocar pelo uniforme do hospital. Se precisassem de mim, já que eu estava ali, ficaria a postos. Faço a ronda, assino alta para alguns pacientes meus. Daqui a uns dias será o feriado de quatro de julho e meu trabalho estará redobrado. É assim todos os feriados. Não sei qual a graça em se alcoolizar com a desculpa de estar celebrando algo e por em risco sua vida e dos outros que não têm nada a ver com a estória. Já tinha mais de quatro horas que eu estava aqui, e apesar de ter dado plantão ontem, ainda não consigo sair daqui. Penso em Bea e Sofia, se precisam de alguma coisa. Sei que meu filho está bem assistido por minha mãe e irmã, então por essa razão me preocupo com as duas mulheres que eu terei responsabilidade daqui pra frente. Querendo ou não, Bea também será minha responsabilidade. Para que sua gestação transcorra da mais pura e tranquila maneira. E toda vez que a imagino de barrigão, sinto um aquecimento estranho no peito. Não é uma sensação ruim, pelo contrário. É muito boa.

- Perdido no espaço, Rich? – Nem tinha notado presença do Peter.

- Pensando na vida amigo. De como tudo mudou de ontem para hoje.

- Eu não posso dizer que imagino como você está, pois nunca passei por situação semelhante. Mas posso dizer que sabe que terá meu apoio em tudo.

- É bom contar com os amigos. Obrigado por isso.

- E a mulher? A que vai cuidar da garotinha com você. Já conheceu?

- Conheço até demais... Lembra da minha paixão de adolescência que te falei?

- Sim. A que te estragou para outros relacionamentos.

- É ela... a mulher quem cuidará de Sofia comigo. Beatrice Scott. Gostou?

- Puta merda Rich. Cara não sei nem o que dizer. E aí? Como ela reagiu?

- Nem sei... Notei um misto de sentimentos que nem sei decifrar para te falar a verdade. – falei com ar de cansado, eu estava ficando exausto.

- Complicado... Muito complicado. Mas sei que conseguirá isso de letra, só não cometa os mesmos erros, se comunique e se aproxime. Você tem um filho e uma bebê para cuidar. E não deixe o coração atrapalhar a razão ok?

- Fica tranquilo Pete... farei o meu melhor.

- Preciso ir. Vou me preparar para uma cirurgia. Se precisar de mim, sabe onde me encontrar.

Me despedi de Peter e decidi dar por fim meu dia no hospital. Ainda fui ver Bea e Sofia. As duas estavam num sono gostoso que não quis atrapalhar. Observei as duas, cobri a Bea e saí em direção ao estacionamento. Aquela cena que vi agora a pouco sei que será corriqueira em minha vida. E se eu não quiser perder o rumo, terei que controlar meu coração. Não posso perder a Bea mais uma vez, não agora que o destino me deu uma nova oportunidade de chegar até ela. Coragem e foco Richard!

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