Beatrice
O dia raiou cedo, era assim nas manhãs de primavera, cada dia o tempo esquentava mais, e eu agradecia. Eu detestava o inverno. Errei ao calcular o período da minha gestação – sim imbecilidade da minha parte – meu bebê nasceria entre o final de Dezembro e início de Janeiro. Passei a mão na minha barriga, que começava a despontar e conversei com meu amor.
- Mamãe vai te proteger hoje e sempre. Já te amo de montão, mas agora preciso compartilhar desse amor com mais uma pessoinha, a Sofia. Ela vai precisar muito da gente.
A campainha da minha casa tocou, e só três pessoas tinham acesso direto ao meu andar: meus pais e Natalie. Atendi, e como presumi, eram meus pais.
- Oi pai, mãe. Entrem.
- Está pronta minha filha? – Minha mãe pergunta. Phil e Emily Scott eram a referência de casal. Amava ver esses dois juntos. Como um completava o outro, e mal sabem o quanto desejei para mim ter uma vida assim.
- Só vou calçar o sapato e já podemos ir.
- Está tudo bem com você? – Meu pai pergunta.
- Na medida do possível sim. Depois da cerimônia de cremação iremos ver a Sofia, tudo bem para vocês?
- Claro! Estamos à sua disposição, minha princesa. – Meu pai me abraça e naquele momento era tudo o que eu precisava.
Saímos de casa poucos minutos depois e seguimos para a despedida dos meus amigos. Eu não gosto de classificar com palavras pesadas. Estamos aqui de passagem, uns vão antes do tempo, mas sempre por conta de alguma missão divina. É o que acredito. Então é só uma despedida.
A cerimônia não foi longa, o que de certo modo não fez acentuar a dor que todos ali sentiam e logo seguimos para o hospital ver Sofia. Richard seguiu para casa. Disse que buscaria o filho para conhecer Sofia. Quanto antes ele tivesse contato com ela melhor. Richard parece ser um bom pai, o que me dá certo alívio em relação à Sofia. Durante a minha noite mal dormida, pensei bastante no que fazer dali pra frente. Primeiro passo, era conversar com Richard onde moraríamos. Sei que ele tem a vida dele toda aqui e eu tenho a minha em Manhattan. Mas entre os dois lugares, eu escolho Hoboken para criar Sofia e meu bebê, e por tabela o Richard criar o filho. Manhattan é terra de louco, e depois que descobri a gravidez já pensava em me mudar de lá. Sofia chegou para acelerar o processo.
- Bom dia! Eu sou Beatrice Scott, a responsável legal pela Sofia do apartamento 303 da pediatria. E estes são meus pais, estão me acompanhando. – informei à recepcionista
- Claro! A sua entrada não precisa mais ser anunciada, é a acompanhante legal. Use sempre esse crachá e informe esse código toda vez que precisar renová-lo até a alta da paciente. Seus pais já foram autorizados a entrar pela administração do hospital, mas solicito que sempre aguardem na sala de espera do andar da pediatria, ok?
- Sem problemas. – Agradeci e nós três subimos.
Ao chegarmos próximo a porta, notei que Sofia chorava, eu já reconhecia seu chorinho das vezes que fiquei com ela. Entrei no banheiro, tomei banho e me troquei rapidamente. Agradeci minha mãe por ter me lembrado de trazer algumas roupas para mim. Pois vou ficar aqui até Sofia ter alta.
- Oi meu amorzinho – Peguei ela no colo – Tia Bea está aqui... Shhhhh não chora, estou aqui e não vou mais me afastar. – Fiquei embalando a Sofia no meu colo, vê-la chorar cortou meu coração e no fundo eu sabia que ela estava estranhando o ambiente, sentindo dores em seu corpinho e sentindo a falta dos pais, principalmente. Aos poucos ela foi se acalmando.
Uma enfermeira muito simpática estava no quarto, e nos informou como foi a noite dela. Também relatou que a pediatra reduziu a sedação e que Sofia tinha despertado àquela hora, e que já podia se alimentar.
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Um ano mesmo novo
RomansaQuando uma mentira abala uma amizade que parecia ser inquebrantável, e uma traição atinge Beatrice ainda muito jovem, ela jura para si mesma que jamais sofreria por homem. E que somente quando encontrasse o verdadeiro amor ela seria capaz de amar no...