Capítulo 3

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Beatrice

Eu fui abrindo os olhos aos poucos, piscando para me acostumar com a luminosidade de onde eu estava. Queria que a informação dada meu pai fosse apenas um pesadelo ou um engano. Não! Meus amigos não. Meu Deus e Sofia? Como se algo me desse energia suficiente, levantei de imediato e tive que ser contida por meu pai.

- E Sofia? O que aconteceu? O senhor não falou dela.

- Calma. Respire, olhe seu bebê. Sofia está bem. Se machucou um pouco, mas está bem e precisamos dar força a ela certo?

- Quero vê-la, agora!

- Nós iremos, mas só se me prometer que irá se controlar. Caso contrário te levo para casa e nada feito. Entendeu?

- Ok, pai! Prometo me controlar. Onde ela está?

- No Saint Peace. – Em Hoboken, é o hospital que o Richard trabalha, como será que ele está reagindo? E Linda? Não posso pensar neles agora, tenho que ser mais egoísta e pensar na pequena Sofia.

Deixei o evento sob a coordenação de Natalie, eu não tinha cabeça e nem condições de continuar aqui. Pedi que ela explicasse a situação aos nossos clientes. De Manhattan até Hoboken foram exatos vinte e sete minutos. Os mais longos da minha vida. Entrei em desespero pela recepção da emergência e procurei por Sofia, a recepcionista não queria permitir minha entrada, mas a Sra. Foster (dona do hospital) interveio e autorizou minha entrada. A agradeci com um aperto de mãos. Chegamos no andar da pediatria, e vi Linda, minha mãe e o pai de Richard na sala de espera. Abracei minha mãe e chorei tudo o que eu tinha que chorar antes de ver a Sofia.

- Preciso vê-la, mãe.

- Vá minha filha! Quer que eu te acompanhe? – minha mãe pergunta.

- Não é preciso, eu a acompanho. Preciso falar com a Bea. Vamos amiga. Vamos ver a Sofia. – fala Linda. A abraço e deixo que o silencio fale por nós duas.

Entrei no local que Sofia estava e notei que havia alguém com ela, quando ele se virou, notei que era o Richard. Estava um caco. Assim como todos nós.

- Oi, posso tocá-la? – perguntei a ele enquanto eu olhava a Sofia.

- Claro! Ela precisa de calor humano. E ela sabe quem você é.

Peguei sua mãozinha, olhei os dedinhos, alisei seus cabelinhos e fiquei perdida em meus pensamentos. Um serzinho tão frágil, mas já tão marcada pelo destino. Que é isso? Olhei para o alto, na tentativa de encontrar respostas para meus questionamentos.

- Quanto tempo ela ficará aqui? – perguntei a Richard

- Mais um ou dois dias. É o tempo de avaliarem seu quadro. Ela não sofreu nenhum trauma sério, mas como é uma bebê os cuidados são mais intensos.

- Posso ficar aqui a acompanhando?

- Eu não sei ainda. Normalmente só pais e responsáveis pelo paciente é que ficam de acompanhante pelas normas do hospital. Como ela perdeu ambos, provavelmente o departamento de serviço social já alertou ao estado e alguma assistente social deve estar a caminho. É o procedimento.

- Mas em hipótese alguma vou deixá-la só. Quem quiser que me arranque daqui. – Um misto de raiva e desespero bateu, e ao proferir tais palavras soei um tanto ríspida com o Richard.

- Eu sei que o momento não é oportuno Bea, mas Richard tem razão e daqui a alguns minutos a assistente social estará aqui para coletar informações sobre a Sofia. Normalmente em caso da perda dos progenitores, e sem parentes de primeiro grau próximos, ou ainda sem que os pais em vida, tenham nomeado os tutores diante ausência destes, a criança é entregue sob a tutela do Estado. – Fala Linda.

- Mas eu sou parente, somos primos, de segundo grau, mas somos. Isso não pode ser levado em consideração?

- Pode, você teria que entrar com um pedido de guarda provisória.

- Porque você está falando no passado, Linda? Por um acaso não tenho chances?

- Sim. É por isso que preciso falar com você e a Bea, um instante a sós. Podemos nos sentar em algum lugar?

- Na minha sala. Vamos a Sofia está bem assistida. – Fala Richard ao abrir a porta do quarto.

Subimos três andares e andamos por um extenso corredor até chegarmos a uma sala, um consultório bem decorado e parecido com o novo Richard.

- Bom, vocês sabem que eu sou a advogada na empresa do Steve e da Susan, não é? – Assentimos – E eu acabei lidando com assuntos pessoais dos dois. E um desses assuntos é a guarda da Sofia.

- Como assim? – perguntei mais confusa do que nunca. E noto linda puxando um papel.

- Isso aqui é a declaração de Susan e Steve, onde informam que na ausência dos dois, você Beatrice e você Richard são os responsáveis pela guarda da Sofia.

Eu não sabia se ria ou se chorava. Era um misto de alegria e ao mesmo tempo de medo ao mesmo tempo. Em tão pouco tempo estava me tornando responsável por uma bebê de seis meses e um que estava a caminho.

- Como faremos isso? Eu e Bea não temos nem mais contato assim.

- Pela Sofia vão ter que ter. Um item importante que ainda não citei é que a condição da guarda é vocês ficarem juntos. Morarem juntos. Ou é isso ou a guarda vai para o Estado e vocês não querem a pequena em um orfanato, ou querem?

- NÃO! – respondemos juntos.

- Então conversem e cheguem a um acordo. Vou aguardar a assistente, vocês assinarão alguns documentos para poder ter a garantia da guarda e provavelmente será perante um juiz da infância.

Assim que linda saiu, comecei a soluçar e chorei mais uma vez. Era muita informação para processar. Como darei conta de duas crianças tão dependentes de mim? E ainda o Richard, como lidar com essa situação. A única coisa que tenho certeza é que a Sofia não sofreria, e todo amor que eu pudesse dar a ela, eu daria.

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