Cap. 4- Campo de Batalha

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Ei, tudo aconteceu tão de repente! Sem mais, o barulho cessou em segundos e agora eu estava sozinho no mausoléu assombrado. Me lembro que minha primeira reação aos gritos foi correr até a fonte, mas quando cheguei já era tarde demais. Very havia sumido e sua lanterna estava caída no chão. Eu não sabia o que fazer, comecei a me perguntar para onde eles poderiam tê-la levado, ou se ao menos ela estaria bem. Logo usei a empatia para me comunicar, foi uma sensação horrível. Eu sentia angústia e medo, isso era tudo. Compartilhar emoções às vezes pode quebrar você, nem sempre temos noção de como as pessoas se sentem com as situações, e quando temos acesso aos sentimentos alheios aprendemos que devemos tomar mais cuidado com a mente do ser humano, ao mesmo tempo que é complexa, é frágil e delicada. O lado bom de ter feito a ligação é que agora eu sabia que ela estava viva, em algum lugar do universo eu poderia encontrá-la. Dar a notícia sobre seu desaparecimento para a família foi um desafio, era muito doloroso, mas prometi a eles que ela ficaria bem, e eu sabia que faria de tudo para cumprir a promessa.

[...]

Na semana seguinte eu estava empenhado na busca por Verynice e ao mesmo tempo decidido a resolver tudo de uma vez, entre minhas ideias, pensei em rastreá-la por meio de suas emoções, mas não sei se eu seria capaz disso. Era algo novo para mim, eu podia senti-las a anos luz de distância, mas nunca me perguntei se eu poderia localizar exatamente a raiz das mesmas. Além do mais, ela poderia estar em qualquer lugar do universo. Bruna seria útil nesse momento, mas procurar através de todo o cosmos era algo que exigia uma quantidade de energia grande o suficiente para apagá-la por mais de uma semana; eu precisava de outra solução, afinal, nosso amigo ferido dependia da sua presença para se recuperar mais rápido. Eu tinha uma teoria, acreditava que nem Lício nem seus lacaios sabiam onde estávamos, mas sempre nos encontravam devido a um aspecto em comum a todos os encontros: energia psiônica! Essa poderosa energia mental que emanava de mim estava sendo usada todas as vezes que me perseguiram ou nos atacaram: No dia do bilhete, me lembro de brincar com as pipocas levando-as até a minha boca; na noite do atentado no laboratório, a máquina estava altamente carregada com meu poder mental; nas três vezes que me encontraram eu estava fazendo usos aparentemente insignificantes da mesma, como levitar objetos e treinar projeção e materialização de energia; quando Very sumiu, eu utilizava de pequenas quantidades para iluminar o local antes de adentrar o quarto com as fotografias de Lían; estava evidente que a energia psiônica era rastreável, e eu tinha fortes convicções de que esse era o meio utilizado por eles para nos encontrar.

Agora que tudo parecia mais claro, decidimos bolar uma armadilha, a intenção era que Lício mandasse seus lacaios atrás da gente, e com isso eu me deixaria ser capturado e, devido à minha experiência duradoura como espião de elite, me infiltraria com facilidade na base dele e coletaria informações suficientes para acabar com suas operações e resgatar Verynice, o plano era simples e tinha tudo para dar certo.

Assim fizemos tudo conforme planejado e devidamente arquitetado, nos reunimos eu, Lían e Emmano no dia 20 de outubro em um auditório abandonado próximo à escola, era meia noite. Colocamos alguns objetos no centro do palco e apagamos as luzes. Enquanto eu me divertia ao levitar os itens para lá e para cá, com movimentos suaves e malabares, os dois estavam escondidos a observar e monitorar, aguardando ansiosamente pela chegada do inimigo.

De lá longe, na parte alta da arquibancada, surgiu o tão aguardado portal, a primeira criatura saiu e veio desordenadamente ao meu encontro. Sequencialmente, de forma completamente inesperada surgiram mais dois portais, de cada um deles saiu mais uma daquelas criaturas, eles encontraram Lían, que estava com Emmano, e logo começaram um embate. Aquilo havia acabado de se tornar um selvagem campo de batalha, eu não ataquei, mas me defendia atentamente esperando que o monstro fosse me capturar. Em meio a socos e ponta pés, fomos parar todos no centro do palco; devo admitir que aqueles seres bizarros tinham noções de luta muito boas, e poderiam facilmente competir comigo ou Lían. Logo um deles projetou uma espada e a desferiu contra Lí, que se defendeu com excelência usando sua katana de confiança. Os outros dois estavam em cima de mim, e já estava ficando difícil manter-se na defensiva, até porque eu devia continuar atraindo-os para evitar que Emmano se ferisse. A batalha estava travada e, num súbito momento de descuido, a criatura espadachim fez uma projeção de papel celofane e avançou contra o rosto de Lían, asfixiando-a e a deixando inconsciente. Logo em seguida, virou se com notável domínio na arte do movimento, e realizou um golpe mestre com sua espada contra Emmano, que caiu no chão desacordado. Eu não deixei barato, liberei uma rajada tão forte de energia contra ele que o mesmo também foi parar no piso. Seus companheiros aproveitaram-se do meu desespero e me golpearam no rosto, nocauteando-me instantaneamente.

Pronto, estávamos todos inconscientes e tudo parecia servir para mostrar que o que está ruim sempre pode piorar, e que se um plano parece fácil, é porque vai dar errado...

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