Cap.8- O Primeiro Passo

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Ao despertar, estamos suficientemente descansados e aparentemente prontos para partir e dar continuidade à nossa jornada até o centro de Drohtinn, o planeta é tão pequeno que podemos facilmente compará-lo com o estado do Missouri, nos Estados Unidos.

Estamos caminhando na mata há mais ou menos uma hora e só agora avistamos o primeiro sinal da civilização cerca de 1km a frente. O cenário é horrendo, tudo que vemos são nuvens de fumaça tóxica, destroços, poluição e drohtinnes usando máscaras que parecem ter a função de filtrar o ar. Não dá pra negar que o ambiente não é nada agradável. A visão de Lían acabara de se concretizar, e enquanto a floresta era rica em vegetação, o centro do planeta é completamente o oposto, parece uma zona industrial de lixo. Se lá não tinham muitos seres vivos, aqui não deve ter nenhum, além da população nativa, é claro.

Deaken apontou para uma torre bem alta de uma construção que se encontra estrategicamente no meio do local e disse que lá era nossa safehouse, onde ele nos apresentará seu plano e começaremos a trabalhar para colocá-lo em prática. São quase 10 minutos de caminhada, logo já estaremos na base do casarão.

No caminho quase não tocamos nenhuma palavra, era um silêncio ensurdecedor. Fora a paisagem que gerava uma sensação muito desconfortável aos nossos olhos. Tudo parecia um vazio, destruição e dor dominavam o ambiente. Ao chegar na fachada logo Lían fez um comentário:

-Esse lugar é enorme, parece importante. O que é exatamente Deaken?

-Um castelo. -Respondeu ele sem dizer mais nada, e logo adentrou o local.

O acompanhamos sem entender exatamente do que se tratava. Que surpresa! Ao contrário de todo o resto, o interior do ambiente era completamente requintado. Lustres, mobílias rústicas e uma decoração pra lá de autêntica mostravam que aquele lugar só podia pertencer a alguém de muita importância naquele planeta. Entramos em um pequeno quarto que parecia um escritório de trabalho. Tinha uma mesa e uma espécie de computador, um pouco ultrapassado em vista dos que conhecemos na Terra. Algumas pinturas nas paredes proporcionavam ao ambiente um clima leve e agradável. Deaken movimentou alguns objetos em cima da mesa e logo um quadro se moveu, deixando à mostra um tipo de combinação, como o segredo de um cofre. Ele se aproximou, teclou alguns números e o sensor de retina confirmou sua identidade, desbloqueando uma passagem secreta.

Descendo a escadinha que ali se encontrava, tivemos acesso ao que parecia ser um tipo de laboratório, com muitos livros em estantes que lembravam uma área secreta de pesquisas. Deaken se aproximou e retirou um grande caderno da estante, abrindo-o em cima da mesa que havia ali em frente. Logo, com o apoio visual dos desenhos do caderno, deu início à explicação de seu plano.

-Certo, como sabem, estudei bastante para formular a teoria dos celestiais espelhados, o que mostra que ela possui fundamentos. Falamos sobre a possibilidade de dois espelhos entrarem em confronto, mas o que aconteceria se ao invés disso, eles unissem forças? Acredito que exista uma possibilidade de criar vida inteligente, completa. Uma nova civilização, novos ideais. É disso que Dhrotinn precisa, os habitantes daqui tem uma sede insaciável por violência e guerras, embora não ache que isso seja errado, eu só quero que alcancemos algum progresso, mesmo que isso custe algumas vidas.

-Está falando sério Deaken? Não percebe que isso seria brincar de deus? -Retrucou Lían, desacreditada do que acabara de ouvir.

-Não sei como você trabalha, mas nós não negociamos vidas. Precisamos de outra alternativa... Parei e fiquei pensativo por alguns segundos. -Sugiro que primeiro entendamos a raiz desse pensamento coletivo que tende à violência...

Após mais alguns instantes em silêncio, veio a resposta em minha mente e logo externalizei:

-Olha, eu sou empata, talvez isso ajude!

-Prossiga! -Disse Deaken com a mão no queixo, curioso.

-As emoções tem um comportamento interessante, quando em evidência, elas afetam os outros presentes no meio. É como ver alguém de sua família chorar, sua mãe, por exemplo. Aquilo mexe com você, de certa forma. Sendo assim, eu posso acessar as dores dos dhrotinnes e entender sua fonte, ou quem sabe até apagá-las. Não seria necessário fazer isso com toda a população, apenas parte significativa dela, que por sua vez iria ajudar involuntariamente a "consertar" os outros.

-Isso não seria um pouco... invasivo? -Questionou Lían com receio de fazermos algo imoral.

-Depende do ponto de vista! Se começarmos pelo Deaken, por exemplo, ele estaria dando o exemplo para os outros.

-É claro que os dhrotinnes seguiriam meus passos, além do mais, eles não têm outra opção.

-Desculpe, não entendi o que quis dizer com "eles não tem outra opção", o que isso significa? -Lían perguntou perplexa.

-Isso mesmo, eles não têm outra opção, porque sou eu quem manda aqui, afinal, sou seu rei!

Não sabia o que dizer, logo, parti para a ação, ignorando o comentário:

-Então, vamos começar?

Pedi que Deaken fechasse os olhos e me aproximei. Preparado para entender o que se passava, estendi a minha mão em direção à lateral de sua testa e a toquei. Concentrado, logo em meus primeiros esforços para realizar a ligação, inesperadamente tive uma sensação horrível, que me atirou contra o chão sem mesmo saber o que estava acontecendo. Fiquei cerca de 8 segundos inconsciente e quando recobrei a sanidade percebi com o que realmente estávamos lidando.

Precisamos de mais do que empatia para resolver este problema.

Logo alertei a Deaken:

-Sinto muito, a solução está muito além do queconsigo fazer. Agora precisamos ir embora.

The HimmlischOnde histórias criam vida. Descubra agora