cap. 1 - consequências

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rey's pov


não sei se consigo. eles gritam na minha cabeça palavras que não quero ouvir, dizem coisas que não quero pensar, mas eles são eu. eu sou eles. somos um só agora, e ninguém poderá saber o que aconteceu na batalha contra palpatine, jamais. ninguém poderá nem suspeitar. 

eu vou conseguir me controlar, não posso e não irei deixar esse ódio que me inundou tomar conta do meu ser. mas será que eu quero isso? eu não sei mais. vivi a espera deles me buscarem, de retornarem a jakku. sobrevivi na esperança de alguém, qualquer pessoa que fosse, voltasse por mim. mas ela estava certa, maz kanata disse que eu sabia que eles não retornariam. sinceramente? eu sempre soube disso, mas esperança é a coisa mais tosca que existe. uma trêmula chama de esperança pode causar um incêndio inter-galáctico gigantesco. ter esperança te torna fraca, e eu não posso ter fraquezas, não mais.

eu fiz uma escolha. para salvar meus amigos, eu abri mão de mim. para salvar aqueles que não me conhecem de verdade, eu me tornei minha pior versão. eu escolhi isso, mas ao mesmo tempo eu não tive escolha. tentei buscar a sabedoria dos mestres, mas ninguém me respondeu. eles devem ter visto esta escuridão podre que sempre tomou conta do meu ser, afinal, nem eles mesmo acreditaram em mim. 

sempre estive sozinha, porém, agora pelo menos eu tenho a companhia do meu segredo.

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a base da resistência nunca pareceu tão perto, parece que cheguei aqui num piscar de olhos. respiro fundo e desço da nave. meus olhos encontram o de finn, mas me sinto paralisada. faço de tudo para esconder o que estou pensando dele, o que torna minha exoressão frígida e, talvesz, mas só talvez, eu tenha piorado as coisas.

"rey!" ele exclama, alegre ao me ver novamente, mas o sorriso logo some de seu rosto quando eu simplesmente passo direto por ele "rey, rey, o que aconteceu?"

não respondo, de repente parece que tem o universo inteiro caindo sobre meus ombros e eu me sinto... exausta. só quero descansar. me encaminho para meu quarto, felizmente finn se tocou que não estou com vontade de conversar e me deixou em paz. 

chegando nos meus aposentos, eu o sinto. não é como sentir cansaço ou tristeza, é mais como uma sensação, sinto uma nuance de estar sendo observada. fecho a porta e antes mesmo de me virar, já sei quem está ali.

"kylo ren" digo, com a voz trêmula "o que você quer?"

"você sabe" meu estômago revira "você me deu sua mão"

"amanhã. estou muito cansada"

"eu sei, catadora" foi então que eu vi em seus olhos que ele também estava.

e num lapso de segundo ele não estava mais aqui.

deito-me na cama e pela primeira vez no dia não escuto meu avô, mas sei que amanhã tudo voltará pior.

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