cap. 3 - desabando

36 4 0
                                    

o que eu sou agora?

e se eu for uma pessoa que não quero por perto?

estou desabando de novo.

falling - harry styles


rey's pov


foi então que kylo ren me olhou com estranheza e me perguntei se tinha falado algo que não deveria, mas foi apenas um vislumbre e logo ele estava de volta com seu olhar frio e impenetrante. ele havia bloqueado nossa conexão e eu não conseguia mais ver o que ele pensava, e dessa vez quem olhou com estranheza fui eu.

"o que?" perguntei, cerrando o cenho. "foi para isso que eu vim, ou já se esqueceu?" na verdade, apesar das minhas palavras duras, eu estou com medo, mas não é dele, e sim dele não me querer mais que eu ficasse próxima, e o sentimento me assusta mais que o pensamento. era quase como um aperto no coração, um aperto que eu tenho certeza que não deveria estar lá. 

"não" respondeu ríspido e urgente, de novo, como se quisesse me assegurar que eu era bem-vinda, mas sem dar muita abertura dessa vez. "começaremos amanhã" ele disse e logo foi se virando para se afastar de mim e do hangar. porém, depois de alguns metros andados, se virou para trás e disse que me esperava para jantar às 20h, nenhum minuto a mais, nenhum a menos. depois disso ele desapareceu pelas portas, me deixando sozinha no hangar de uma nave que eu não conhecia.

"veja quem está aqui, a sucateira" disse um homem ruivo. ao ouvir essas palavras,em tom de desdém, soube logo de cara que ele era uma pessoa que ela não poderia confiar, mas que também, infelizmente, era a única pessoa que estava ali no hangar. por isso, antes de pensar mais a respeito do que estava fazendo, disse:

"mostre-me meus aposentos" as palavras saíram com tanta rispidez que eu até me assustei, então para tentar consertar o feito disse baixinho "por favor."

"é isso que estou aqui para fazer, sucateira" ele disse ironicamente, revirando levemente os olhos.

"meu nome é rey, caso não tenha sido informado" avisei, veneno pingando da minha língua. 

ele sorriu torto e pude sentir seu sarcasmo antes mesmo que abrisse a boca.

"rey, rey, rey. eu sei, mas, para mim, você não passa de uma sucateira de merda" e foi aí que eu perdi a paciência, mais do que permitido, mais do que deveria. eu podia sentir a escuridão crescendo no meu coração a cada momento que se passava, e eu escolhia não ter medo dela. eu escolhi abraçá-la.

quando dei por mim, o ruivo estava no ar e minha mão direita levantada enquanto eu observava aquele ser desprezível esvair do oxigênio em seus pulmões. 

"nunca. mais. me. chame. assim." disse pausadamente, com uma certa tranquilidade na voz, "estamos entendidos?" então eu o soltei e ele desabou no chão.

"certo, certo, rey" ele disse, entre tosses, puxando meu nome "agora eu vejo o que kylo ren viu e que a resistência se negou em prestar atenção, como de comu. ah, sei que não me perguntou, mas eu sou o general hux"

**

ao chegar no meu quarto, fico parada na porta, com a boca aberta: uma das paredes de fundo era de vidro e dava para ver a galáxia. nunca na vida tinha visto algo tão belo. depois de alguns minutos, lembro-me do compromisso que me aguardava e meu estômago revira sob o pensamento de encontrá-lo novamente, mas é isso, eu escolhi aceitar sua oferta, então a partir de hoje eu o encontraria constantemente.

desvio o olhar da janela e me concentro na cama, que ficava logo abaixo dela e vejo que está arrumada -óbvio-, mas que apesar do quarto ser em tons de cinza e preto, eu nunca tinha me deparado com tamanha majestividade na minha vida - claro, sou de jakku -, então começo a explorar o quarto que nunca imaginei que teria. vejo um closet e entro, me deparando com várias e várias roupas, desde para treinamento até para jantares. todas, no entanto, são escuras, e não estou nem um pouco acostumada a usar roupas assim, já que derreteria de dentro para fora no sol escaldante do planeta de onde venho. 

me direciono ao banheiro onde tomo um banho rápido, pois sei que meu tempo está acabando, e depois pego um vestido preto rendado que vai até os joelhos e as mangas vão até os cotovelos. esta é definitivamente a roupa mais bonita que já vi. a grandiosidade é perigosam mas eu não a temo mais. 

fico na dúvida se deveria deixar meu cabelo solto ou com os três coques que costumo usar, ou melhor, costumava, já que apenas os usava para caso meus pais voltassem por mim, e agora que sei que jamais voltarão, não há a necessidade de usá-los.

perdida em devaneios, escuto uma batida singela na porta e independente da minha conclusão acerca do cabelo, percebo que não dá mais tempo. então me viro para a porta e a abro, deparando-me com o líder da primeira ordem em vez de hux. não sei porque, mas estou surpresa. 

"rey?" ele me encara, como se não me reconhecesse e não o culpo, eu também não me reconheço, e não é só pela roupa. "eh, hux me contou o que você fez com ele" disse, com um olhar enigmático, enquanto eu desviava o meu para o chão, que parecia muito mais interessante agora, e sentia minhas bochechas ficarem vermelhas. droga, rey; um dia aqui e já estragou tudo?! "se alguém mexer contigo, pode fazer o que achar melhor, desde que não mate ninguém, não que eu ache que seja do seu feitio" ele disse, se embolando um pouco nas palavras, quando o olho novamente, percebo que agora quem encara o chão é ele. "de qualquer forma, vamos?" ele disse, se afastando.

parte de mim estava decepcionada por ele não ter comentado nada sobre como eu estava e a outra parte concordava com a primeira, mas o segui, encarando sua nuca enquanto nos afastávamos do quarto em direção à sala de jantar ou refeitório ou seja lá para onde ele me levaria.

enquanto andávamos pelos corredores, me pego pensando sobre mais cedo, quando levantei hux no ar, o enforcando com a força. aquilo agora parecia errado, mas na hora, tudo parecia tão certo. não sei o que me deu, eu nunca tinha feito algo do tipo antes. 

está tudo bem, rey, ouvi kylo em meus pensamentos.

cala a boca, respondi. e foi então que ele se virou e me olhou nos olhos e meu estômago revirou novamente. estou começando a achar que estou doente nesse ponto, pois foi então que eu desabei, foi então que eu percebi o que estava fazendo e tudo me acertou feito flechas no coração. sinto meus olhos marejarem e de repente está tudo embaçado e me sinto caindo, só que nunca alcanço o chão, e percebo que tem braços ao meu redor, me segurando.


DesconstruçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora