todas as luzes não conseguiam apagar a escuridão
invadindo meu coração
as luzes se acendem e eles sabem quem você é
você sabe quem você é?- harry styles // lights up
rey's pov
inspiro e expiro lentamente para não acordar kylo, que está dormindo do outro lado da cama, com a respiração descompensada, como se estivesse tendo um sonho ruim. já se passou um tempo desde que nos deitamos e eu ainda estava tomando coragem para levantar, e foi então que eu percebi que o que me atormentava mais era que talvez eu não quisesse fazê-lo, então eu levantei cautelosamente e, um pé depois do outro, cheguei até a porta. meu erro? olhar para trás. seu rosto estava contorcido, como se lutando contra alguma coisa. encarei-o com curiosidade, querendo saber onde sua mente estava, mas eu não poderia, e mesmo se pudesse, eu não iria invadir a mente dele assim, quando ele não pode se defender, mas de novo, eu escolhi vir para esta base, eu escolhi esticar a mão quando ele me ofereceu e eu escolhi mentir para meus amigos, então não é como se eu soubesse exatamente quem eu sou agora.
olho para ele novamente, que aperta os lençóis contra o corpo, e quase, quase, sorrio de lado.
não penso no que estou fazendo, apenas foco na força e fecho os olhos, que ainda estavam grudados nele, e a primeira coisa que eu percebo são gritos. no começo não consigo distinguir vozes, mas elas vão ficando mais claras conforme eu entro mais na mente dele. não eram gritos das pessoas que ele matou, mas sim de seus pais. a imagem foi tomando foco e eu enxerguei leia gritando com han sobre mais uma viagem que ele faria, sobre sempre deixá-los sozinhos, e ele gritando de volta sobre como ela nunca tinha tempo para eles, sempre focada demais no trabalho. quando desviei o olhar dos dois, pude ver ben, não kylo ren, olhando assustado para os dois enquanto lágrimas silenciosas rolavam pelo seu rosto e ele apertava os ouvidos.
abro os olhos e me encontro novamente no quarto escuro da base de ren, respirando ofegante. eu não devia ter nos conectado. foco os olhos num movimento a minha frente e o vejo me analisar, ainda um pouco confuso, mas depois de alguns segundos ele entendeu o que aconteceu e seu rosto se fechou e eu simplesmente saio, dessa vez sem olhar para trás.
ao entrar no meu quarto, colapsei no chão, lembrando os sentimentos que o jovem ben transmitiu para mim através da força, sentimentos os quais eu conhecia muito bem, e, de repente, eu os odiei. os odiei por terem feito isso com ele quando tudo que ele queria era amor e compreensão, os odiei por terem mandado ele para luke, como se fosse um objeto descartável. eu podia sentir minha raiva consumindo minha luz enquanto pensava sobre isso, eu pude sentir essa luz escapando por entre meus dedos, saindo das minhas entranhas. ben. antes de e tornar kylo, tinha tudo que eu queria ter tido, uma família, mas os sentimentos dele eram iguais aos meus; ele não sentia que pertencia àquele lugar.
entre meus soluços, eu ouço uma leve batida na porta, tão sutil que quase passou despercebida, então eu me levantei e a abri, esperando que fosse algum stormtrooper, um servente ou droide, e estava pronta para mandar quem quer que fosse embora, mas minha voz entalou quando vi que era o próprio kylo ren que estava ali, com o rosto um pouco vermelho e o cabelo bagunçado, ainda com suas roupas de dormir, então não era de manhã e ele não deveria estar aqui.
quando eu ia fechar a porta, seu braço comprido e uma mão firme a segurou, mantendo-a aberta, então, sem forças e envergonhada demais para competir com ele, eu soltei a porta e fui em direção à cama. ele me seguiu para dentro do quarto e acendeu a luz, quase me cegando.
kylo se sentou na beirada da cama.
"não era para você ter visto aquilo." disse num tom baixo, quase que sussurrado, enquanto ele brincava com uns fios soltos do lençol.
"que porra está acontecendo?" pergunto, um tanto que irritada com o comportamento estranho de kylo desde que cheguei; primeiro me confortando, não perguntando onde a base da resistência está situada, me chamando para jantar, pedindo que eu ficasse com ele no quarto e agora ele vem falar comigo como se estivesse envergonhado, ou pior, como se ele tivesse sentimentos.
ele olhou para o chão antes de me responder com um balançar de ombros "eu realmente queria poder te responder isso, mas eu também não faço ideia." kylo disse "tinha anos que eu não sonhava com eles." então ele me olhou nos olhos pela primeira vez desde que chegou no meu quarto e eu pude ver que estava tão assustado com sua luz quanto eu com minha crescente escuridão.
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Desconstrução
Ciencia Ficciónaté que ponto rey é capaz de ir? será que as pessoas realmente a conhecem? será que ela mesma se conhece?