Desconstrução

cap. 7 - o meio termo

me disseram que eu não era nada, me disseram que eu era pura.

me disseram que eu era suja, me disseram que eu era a cura.

então eu me pergunto: eu sou um deus ou uma merda?

eu sou o alto? o baixo? eu mereço isso?

eu sou o amor ou o ódio?

- in this moment // the in-between

rey's pov

eu me viro abruptamente na cama, rompendo o contato visual e quebrando seja lá que porra tenha acontecido há alguns instantes atrás. a verdade é que eu não faço a mínima ideia do que estou fazendo aqui de verdade. digo, o que eu esperava que fosse acontecer quando eu chegasse aqui? eu não sei, acho que não pensei sobre isso direito, mas certamente não era encontrar um imperador/ líder supremo/ seja lá como ele se chama agora de meia-tigela que quando não está emanando melancolia pela força está meloso ao vivo.

eu não vim dessa vez para tentar mudá-lo ou levá-lo para a Resistência. eu literalmente vim porque ele disse que ia me ensinar os caminhos da força, mas até agora tudo que eu vi foi ben solo em vez de kylo ren.

eu sei que o ódio é uma semente que cresce apenas se alimentada, mas eu também sei que eu preferia ter morrido junto dos meus pais naquela nave do que ter sido "protegida". olho ao meu redor mentalmente e vejo o tanto que isso me custou. minhas feridas emocionais estão longe de fecharem. eu sempre tentei me manter positiva porque havia dúvida, mas saber a verdade, mesmo que no fundo eu já soubesse, me destrui por dentro mais do que qualquer outro abandono poderia. 

eu fui deixada a mercé daquele nojento do unkar plutt e para quê? nada. eles podiam ter deixado uma mensagem com alguém de confiança para me encontrar e dali me retirar. mas não. agora eu me sinto duplamente abandonada; não que eu tenha feito algo diferente ao simplesmente abandonar a Resistência, mas eu não podia ficar mais lá sabendo de todo o caos que poderia causar. 

a Resistência, finn, rose, poe... queria saber como estão. não que me interesse mais, mas a curiosidade insiste em aparecer. será que estão me procurando? será que repararam que não retornei? de qualquer forma, é melhor eles me esquecerem; se tivesse um feitiço que apagasse memórias, eu o usaria neles e talvez em mim, quem sabe eu voltaria a ter luz dessa forma. 

mas meus pensamentos insistem em voltar para a batalha de exegol, quando eu matei palpatine com o sabre de kylo, que por piada da força tinha ido empurrado para trás (pela força de palpatine) e caído em um precipício e pude sentir a transferência de seu vazio que ele costumava chamar de alma do seu corpo para o meu; e assim eu não ouvi mais as vozes dos jedi's do passado. 

de repente apareceu um ben (?) muito confuso e sem armadura, e foi então que eu percebi minha sequência de maiores erros: dá-lo por morto, usar seu sabre & ainda matar palpatine mesmo depois dele ter me avisado do que ocorreria. foi quando eu desabei no chão e (dessa vez) kylo já tinha se reestabelecido e veio ao meu encontro. ele, com uma voz mais suave do que eu achei que um homem daquele tamanho poderia ter, me disse que assumiria isso, se eu quisesse.

a confusão estava explícita no meu rosto, ainda repleto de lágrimas, mas eu concordei, e quando ele extendeu sua mão, e, surpreendendo até a mim, eu a aceitei. foi então que ele disse para eu ir com ele para sua nave, e eu, novamente, aceitei, mas depois de fazer uma breve parada na base da resistência.

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acordo ainda no espaço, com calor no corpo, mesmo estando congelante quando me deitei, e então, quando tento levantar o braço, sinto um peso. abro os olhos e tem um braço sobre o meu. 

"que merda é essa?" explodo, enquanto vejo o kylo abrir os olhos com a mesma expressão assustada/confusa que eu estava há segundos atrás e num solavanco ele se afasta.

"desculpa", ele diz, "não percebi, estava dormindo, como pôde perceber".

"tanto faz", digo ao me afastar dele. levanto e faço uma breve análise do local para ver onde está o banheiro e me direciono à ele andando o mais apressadamente que conssigo com essa roupa de dormir.

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ao sair do banheiro, kylo ren já está pronto, a minha espera. 

"achei que já teria saído" digo.

"não vou te deixar andar sozinha por aqui, será que vou precisar falar isso quantas vezes?" ele diz, frustração clara em sua voz, "anda, vamos, o treinamento começa hoje e se eu não me engano você não comeu nada desde que chegou aqui".