cap. 4 - vulnerável

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coloque seus braços ao redor das minhas fraquezas

e se a única saída for te deixar ir, eu permanecerei vulnerável

selena gomez - vulnerable

rey's pov

eu estava aos prantos, não conseguia enxergar nem ouvir nada, a única sensação que percorria meu corpo era de mãos me segurando, impedindo que eu devidamente caísse no chão, mãos aquelas que acariciavam meus braços numa tentativa desesperada de me acalmar.

de repente, após algum tempo assim, meus sentidos foram voltando e percebo uma singela voz na minha cabeça falando para eu me acalmar, que estava tudo bem e um shhh depois, então eu abri meus olhos, os quais até então não tinha notado que estavam fechados com tanta força e a imagem a minha frente começou a desembaçar e vi que estávamos abraçados no chão, eu sentada sobre minhas pernas e ele atrás, comigo em seu abraço.

foi então que caiu a ficha: estava tudo tão errado, eu não deveria estar aqui, ele não deveria estar aqui, nós não deveríamos estar assim. em um lapso de segundo eu já estava de pé, gritando "fica longe de mim!" enquanto aquele monstro ainda estava no chão me olhando em choque, como se não esperasse tal atitude advinda de mim, como se também estivesse caindo a ficha dele e ele não esperasse a mesma advinda dele.

kylo ren se levantou, embaraçado, olhando para os lados para ver se alguém tinha visto a cena e, ao detectar que ninguém o havia feito, respirou aliviado e disse:

"wow" com um pouco de decepção em sua voz "só estava tentando ajudar" e foi aí que eu percebi o quão estranho aquilo tudo era: kylo ren, o monstro,  estava tentando me ajudar? que tipo de universo paralelo era aquele? até este momento eu estava olhando para baixo, mas a partir daquela inesperada resposta, não pude evitar encará-lo, e tudo que eu vi foi confusão, antes dele voltar com aquele olhar frígido de sempre "ainda quer jantar ou prefere retornar aos seus aposentos?" ele disse, como se fosse um servente meu.

"estou sem fome", menti enquanto virava para retornar ao meu quarto apenas para perceber que não lembrava do caminho. olhei para trás, encarando aqueles olhos escuros novamente "eu não lembro como chego lá" afirmei, mas com um pedido silencioso de por favor, me leva até lá. pensei, mas esqueci de bloquear minha mente.

claro.

novamente, senti minhas bochechas esquentarem e quando vi estava totalmente corada, não era para ele ter ouvido. de vez em sempre essa conexão da força me deixa nervosa, então simplesmente acenei com a cabeça e o segui. para minha surpresa, novamente, ele me levou até a porta do meu quarto e ficou simplesmente parado lá.

"o meu quarto fica ao lado do seu, qualquer coisa só chamar" e havia um ligeiro tom de preocupação na voz dele, não muito, mas estava lá.  

assim que ele saiu, fechando a porta, eu desabei na cama, e pela força, como ela era confortável. nunca tinha descansado em algo assim antes, o problema era que eu não conseguia dormir. já havia se passado horas, eu já tinha trocado de posição várias e várias vezes, e ainda assim, nada do sono. atormentada pelo que estava a minha frente, mal conseguia fechá-los. 

eu o entendia agora. diante toda a dor e sofrimento, o lado sombrio oferecia uma mão a qual ninguém jamais havia oferecido. e apesar de tudo, apesar de toda a raiva, de toda a destruição, havia acolhimento aqui, havia amor. e esses sentimentos me assustavam mais do que qualquer outra coisa. 

depois de séculos, desisti de ficar deitada naquela cama paradisíaca e resolvi dar uma volta pela nave, quem sabe ir a sala de controle ver as estrelas de uma maneira mais ampla do que pela 'janela' do meu quarto. 

**

estava parada lá, olhando para a infinitude do universo quando escuto alguém pigarrear atrás de mim. ao me virar, me deparo com a pessoa que ocupou grande parte dos meus pensamentos nas últimas horas, só que kylo não estava com suas roupas de batalha. sim, ainda eram pretas, mas eram bem mais leves, então percebo que ele estava vestido com suas vestes de dormir. e só então eu lembrei que eu mesma estava de camisola.

instintivamente, coloco uma mão sobre meus seios e a outra vai abaixar a saia para ficar mais comportada, por mais que não tenha como alcançar tal objetivo vestida desse jeito. então, pela terceira vez no dia, corei, e quando subi os olhos, ren estava da mesma forma: vermelho.

"o que está fazendo aqui?" ele pergunta.

"olhando as estrelas" respondo "não consegui dormir."

"quer conversar?" antes que eu pudesse me controlar, já tinha concordado e seguíamos em direção aos quartos. paramos em frente a uma porta antes (ou seria depois? sou péssima com direções, nem sei como consigo pilotar) da minha e prendi a respiração ao perceber que era o quarto dele, do novo líder supremo: kylo ren, no entando, minha maior surpresa foi ver que o aposento era exatamente igual ao meu.

"vai ficar parada aí?" ele já estava sentado na cama e eu ainda pqarada no vão da porta. fui me aproximando vagarosamente enquanto meu coração pulava umas batidas e meu estômago revirava. vai entender. a força realmente tem um jeito único de, simplesmente, ser. 

depois de ter entrado no quarto e fechado a porta com a força, fiquei parada em frente a kylo, me perguntando o que estava fazendo ali quando tudo que eu ueria era a) correr para a porta e b) correr para ele. 

sente-se, o ouvi dizer na minha mente, com uma voz suave. bem, já que já estava lá, não tinha muito o que fazer, então me sentei e entrelacei meus dedos, entretida no chão. 

"sabe, rey, eu queria muito mesmo que você viesse para cá, mas não desse jeito" ele disse, com cautela "eu entendo suas motivações, mais do ninguém, mas eu gostaria que soubesse logo que o caminho que você vai percorrer não vai ser fácil, e eu vou lutar para que você enxergue que ainda há luz aí dentro, leve o tempo que for, mas enquanto isso, te ensinarei o que você precisa saber sobre o lado sombrio e como ter cuidado para ele não tirar sua essência. não quero que você fique igual a mim." foi aí que eu percebi que ainda havia conflito dentro dele, que era por isso que ele usava a máscara; para esconder o ben solo que ele ainda era no fundo. 

então eu percebi que eu ainda precisaria de uma máscara, não para esconder a rey da luz, e sim para esconder a rey do lado sombrio, afinal, ninguém poderia saber que o que eu tinha virado ou o que eu tinha feito. kylo me ajudaria a me encontrar, e isso, de alguma maneira, era tudo que eu precisava.

quando olhei para cima, encontrei seus olhos escuros já me encarando e foi naquele momento que eu soube o que eu realmente queria, mas entendi que não era a hora, então só concordei e me virei, pronta para sair de seu quarto e para não dormir o resto da noite, mas fui paralisada por uma mão em meu braço:

"não, fique." disse, quase que de forma desesperada, então eu simplesmente virei de volta e ele gentilmente me colocou na cama e logo em seguida se deitou ao meu lado.

DesconstruçãoOnde histórias criam vida. Descubra agora